No dia seguinte, Ellen finalmente despertou. "Belen, por que Lanny agiu daquela forma? Eu o vi crescer. Como ele foi capaz de..."
"Mãe, me perdoe." Belen sentia-se consumida pela culpa. "A responsabilidade é inteiramente minha. Eu menti para você naquela época. Nós nunca tivemos, de fato, um relacionamento... Lanny e eu..."
Ela fitou os olhos de Ellen, mas não conseguiu concluir a confissão.
Ellen parecia surpresa, e uma suspeita vaga passou por sua expressão. "Sua menina tola..."
Belen não tinha coragem de sustentar o olhar de Ellen, e lágrimas começavam a embaçar seus olhos.
"Não chore. Lanny não é digno de você." Ellen acariciou com ternura o rosto da filha. "Está tudo bem. Ainda temos quatro dias antes da nossa partida. Depois disso, encerraremos qualquer vínculo com esse infeliz."
"Está bem", assentiu Belen entre soluços.
Nesse instante, a porta do quarto se abriu.
Lanny entrou apressadamente, com semblante carregado. "Belen, para onde você pretende ir?"
"Saia imediatamente!", exclamou Belen, empurrando-o com firmeza. "Você já não causou sofrimento suficiente à minha mãe? Como tem coragem de aparecer aqui?"
Lanny não rebateu, apenas voltou o olhar para Ellen. "Senhora Gilbert, venho pedir sinceras desculpas. Jamais desejei prejudicá-la. No entanto, Belen contratou pessoas para sequestrar minha namorada, e isso me deixou sem alternativas."
Após dizer isso, ele se virou e deixou o quarto.
Na manhã seguinte, Belen desceu para comprar o café da manhã. Próxima à fonte, ela se deparou com Jayde empurrando uma cadeira de rodas, onde estava sentada uma senhora idosa de cabelos brancos.
"Jayde, seu namorado se prontificou a pagar minhas despesas médicas, mas eu recusei, conforme você me orientou..."
"Você fez o certo, vovó", respondeu Jayde com um leve sorriso. "Ele respeita minha firmeza e autoconfiança. Trata-se de uma estratégia de longo prazo para fisgar um peixe grande. O que estamos perdendo agora em dinheiro não é nada. Lanny não está cumprindo com o que lhe cabe neste momento. Mas, eventualmente, ele deixará o mundo das lutas para assumir os negócios da família. Depois que eu me casar com ele, não precisaremos mais levar uma vida difícil."
Quando terminou de falar, ela percebeu que Belen a observava, então, se virou e murmurou: "Belen..."
Belen, no entanto, continuou caminhando, sem deter os passos, mas Jayde segurou seu pulso e começou a fazer as apresentações. "Vovó, esta é Belen. Nós estudamos juntas. Ela sempre foi a melhor da turma. Belen, esta é minha avó."
"Se pretende conquistar Lanny, faça como quiser, mas me exclua de seus planos", declarou Belen, livrando-se da mão de Jayde com um gesto firme.
"Perdoe-me", Jayde desculpou-se de forma súbita. "Eu apenas queria saber o quanto significava para Lanny. Nunca imaginei que causaria tamanha dor a você. Como está sua mãe?"
Ao ouvir isso, Belen apertou os dentes com força. "Como se atreve a me fazer esse tipo de pergunta?"
"Perdão", disse Jayde, arregalando os olhos com uma expressão de aparente inocência. "Eu realmente não fazia ideia de que ele se importava tanto comigo a ponto de colocar a vida da sua mãe em risco..."
"Cale a boca!" Belen cerrou os punhos, lutando desesperadamente para conter a ira que crescia dentro de si.
De repente, Jayde segurou firmemente a mão de Belen e a pressionou contra a cadeira de rodas.
Antes que Belen tivesse qualquer reação, a cadeira tombou diretamente dentro da fonte, fazendo com que a avó de Jayde fosse lançada na água.
"Ah...", Jayde gritou em desespero. "Vovó, vovó!"
O som do grito estridente logo atraiu a atenção de várias pessoas ao redor.
Lanny correu assim que avistou a cena, rapidamente se apressando para resgatar a senhora da água.
Ao ver o sangue escorrendo da testa da avó, Jayde começou a chorar compulsivamente. "Belen ficou ressentida com o que aconteceu ontem e, por vingança, empurrou minha avó de propósito..."
Enquanto dizia isso, ela se ajoelhou na frente de Belen.
"Me desculpe." Jayde soluçou, dizendo: "Descarregue sua raiva em mim, mas não em uma idosa de oitenta anos. Ela é tudo o que me resta. Eu prometo me afastar de Lanny..."
O semblante de Lanny se alterou imediatamente. "Belen, isso foi longe demais!"
Slap!
Ele desferiu um forte tapa contra a bochecha direita de Belen.
A multidão ao redor reagiu com espanto.
Belen sentiu a ardência do golpe, mas, antes que pudesse se recuperar, outro tapa atingiu o outro lado de seu rosto.
"Nós nos conhecemos há tantos anos, e ainda assim, eu jamais imaginei que você pudesse agir com tamanha crueldade." Lanny parecia tomado pela indignação e frustração. "Se desculpe com Jayde e sua avó agora mesmo!"
"Eu não machuquei ninguém. Então por que deveria pedir desculpas?" O olhar de Belen, carregado de frustração, encontrou o dele. "Por que você está tão certo de que fui eu quem empurrou? Por que aceita a versão dela sem sequer questionar? Lanny, um dia você vai perceber o quão patético é."
Seu coração doía, como se estivesse entorpecido.
Como pôde ter sido tão tola a ponto de amar um homem como esse?
"Eu mandei você pedir desculpas. Não me ouviu?" O olhar de Lanny se tornou ainda mais frio.
Belen ergueu a mão, com a intenção de revidar com um tapa, mas Lanny segurou seu pulso com firmeza.
"Por favor, senhor Lewis... leve minha avó para ser atendida...", Jayde murmurou, em um tom fraco.
Com uma carranca, Lanny afastou Belen de forma brusca, depois, acomodou a idosa de volta na cadeira de rodas com cuidado.
Belen perdeu o equilíbrio e quase caiu ao chão.
Nesse instante, uma jovem com um boné de beisebol se aproximou, segurando o celular. "Com licença, eu estava gravando um vídeo mais cedo e acabei registrando o momento em que aquela mulher puxou intencionalmente a sua mão, forçando o contato com a cadeira de rodas. Gostaria de ver a gravação?"