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A noite estava fascinante, e o brilho suave do luar que entrava pelas extensas janelas banhava os dois corpos entrelaçados na cama. Seus beijos eram intensos e ávidos, carregados por um profundo e palpável desejo que preenchia o ambiente, criando um clima de pura paixão.
Por um breve momento, os movimentos do homem vacilaram e ele recuou ligeiramente, seus olhos se arregalando de surpresa ao perceber que a mulher sob ele era virgem.
Antes que ele processasse a revelação, braços esguios envolveram-lhe o pescoço e o puxaram para si.
O olhar enevoado da jovem prendeu-o como canto de sereia, carregado de lascívia e de necessidade carnal.
Sob o efeito do afrodisíaco e do desejo bruto, era impossível resistir. Com um gemido gutural, ele se rendeu ao feitiço inebriante da noite.
Algumas horas depois, a luz da manhã se infiltrou nos lençóis amarrotados, despertando Eleanor Marsh do seu sono profundo.
Ela se virou para a figura adormecida ao seu lado, observando a luz do sol dourar seus traços esculpidos com uma perfeição quase sobrenatural.
As lembranças da paixão impulsiva retornaram com uma clareza perturbadora, fazendo-a curvar seus lábios numa amarga diversão.
Ela passara anos resguardando sua virgindade, apenas para entregá-la de forma tão impensada - e para um acompanhante, ainda por cima.
Quando sua melhor amiga comentou sobre arranjar um acompanhante, Eleanor achou que era só piada e nem levou a sério, sem jamais imaginar que isso aconteceria. No entanto, em meio ao efeito do álcool e à dor de ter sido expulsa de casa, ela acabou agindo por impulso e se entregou sem qualquer conversa ou trato.
"Dada a sua beleza, acho que me diverti bastante", sussurrou Eleanor, as pontas dos dedos traçando o maxilar esculpido do homem com uma apreciação prolongada.
Após encará-lo por um momento, ela se afastou e se levantou da cama, o olhar caindo sobre os rastros vermelhos que marcavam a pele de ambos, provas do momento fervoroso.
Não querendo atrapalhar o sono do rapaz, Eleanor se vestiu com uma eficiência silenciosa antes de colocar um elegante cartão de crédito black sobre a mesa de cabeceira.
Por fim, a porta se fechou com um clique.
Só então que os olhos do homem se abriram, com um brilho intenso os cintilando.
Num movimento vagaroso, ele se recostou na cama, os raios solares atingindo seu peitoral e abdômen esculpidos.
"Ela saiu sem dizer uma palavra? Pelo visto, é uma pegadora e tanto."
Seu olhar pousou sobre o cartão deixado sobre a mesa, refletindo com um sorriso. "Então ela pensou que eu estava com ela por dinheiro... que interessante."
O homem pegou o celular e levantou-se com uma graciosidade felina - uma imagem retratada da perfeição, como se ele tivesse sido esculpido por mãos divinas.
Recostado na moldura da janela, ele discou um número com seus dedos ágeis e determinados. Assim que a chamada foi conectada, ele exigiu, sua voz firme e autoritária: "Sou eu. Preciso de informações sobre uma mulher."
...
Enquanto isso, Eleanor já havia entrado em seu conversível elegante. Com óculos escuros no rosto e os longos cabelos esvoaçando sob a brisa, ela exalava uma aura tranquila e despreocupada. Era como se a ousadia da noite anterior a tivesse libertado de algum fardo invisível, concedendo-lhe uma rara sensação de liberdade.
Conforme Eleanor dirigia, uma pergunta pairava em sua mente. ela se arrependia de suas ações?
A resposta era clara - não. Em nenhum momento se arrependeu de nenhuma escolha que fez, embora o peso do passado persistisse.
Seu único arrependimento eram os anos que passou tentando atender às expectativas de seus pais, suportando suas exigências rígidas sem qualquer questionamento.
Eles exigiam nada menos que a perfeição, e ela sempre cumpria com maestria - seu desempenho acadêmico era impecável e ela liderava em todos os exames.
Para que nada a distraísse dos estudos, proibiam-na de namorar. Ela obedecia, repelia pretendentes e não se permitia um instante de intimidade - até a noite anterior.
Eleanor se empenhava incansavelmente para ter a aprovação dos pais, esperando até o menor sinal de elogio, mas tudo o que recebia em troca era uma fria indiferença e um tratamento cada vez mais severo.
Apesar de ter passado anos acreditando que a severidade deles era só uma questão de cuidado e preocupação, essa frágil ilusão foi por água abaixo dias atrás, quando a filha biológica perdida há muito tempo foi encontrada.
O afeto que ela tanto desejava era depositado na filha biológica, que bastava um estalo de dedos para ganhar o que anos de perfeição não conseguiram.
Contudo, o fato mais irritante ocorreu na noite anterior, quando a filha biológica colocara a culpa nela por ter quebrado um vaso, o que a fez ser expulsa de casa sem qualquer chance para se defender.
Perdida nesses pensamentos infelizes, Eleanor não percebera que instintivamente pegara o trajeto para a propriedade Marsh, até que os pneus rangeram contra os paralelepípedos.
Ao sair do veículo, seus olhos pousaram sobre sua mala, jogada próximo à porta.
Camila Marsh, a verdadeira herdeira da família, estava de pé, braços cruzados e queixo erguido numa rebeldia arrogante, olhando para Eleanor com mistura de desdém e satisfação.
"Você foi expulsa da família Marsh, Eleanor Harris", ela disse com uma voz carregada de soberba, como se estivesse se deleitando de cada instante do desconforto de sua rival.
A expressão de Eleanor permanecia fria e impassível enquanto ela apontava para os seus pertences. "Está tão ansiosa assim para me ver fora desta casa?"
Camila rebateu, seu tom marcado pelo desprezo: "Claro, só a sua presença já me enoja. Ver uma impostora como você vivendo a vida de uma herdeira rica no meu lugar me dá nojo. Que direito você tem a qualquer coisa que esta família possui?"
O rosto da garota se contorcia em fúria, suas palavras impregnadas de rancor. "Agora que voltei, é melhor você cair fora. Uma usurpadora não tem lugar aqui."