Franzindo o cenho em uma carranca, Ruben voltou rapidamente para o quarto onde Lesly estava e agarrou a sua cintura, advertindo em um tom frio: "Da próxima vez que vier me ver, trate de não usar nenhum perfume, maquiagem e nem mesmo batom. Colby acabou de dar à luz e está muito sensível. Ela vai ficar chateada se notar."
Feita a advertência, Ruben saiu apressadamente e foi buscar uma travessa de frutas, que trouxe para o quarto de Colby. No centro havia um prato menor contendo uma vibrante fruta exótica vermelha.
Ele então deu uma resposta para a pergunta feita por ela momentos antes: "Como você tem um paladar exigente, provei antes a fruta que a empregada trouxe. É uma fruta exótica e a cor deve ter manchado os meus lábios, por isso ficaram vermelhos."
Colby observou o esforço dele em parecer sincero e sentiu um misto de diversão e melancolia. Ela então lançou um olhar para o bebê acomodado no berço e perguntou lentamente: "Você acha que ela se parece mais com você ou comigo, Ruben?"
Beliscando suavemente as pequenas mãos e pés do bebê, Ruben sorriu ternamente e disse: "Ela é tão linda. Claro que é com você que a nossa filha se parece. Vamos fazer com que ela se torne a princesinha mais feliz deste mundo, não vamos? E você será a mãe da princesa mais feliz."
Como sempre, Ruben tinha a capacidade de proferir palavras doces sem o menor esforço. Em outros tempos, Colby ficaria ruborizada e enlaçaria o pescoço dele com os braços, beijando o seu queixo.
Desta vez, no entanto, ela permaneceu fria enquanto respondia distraidamente sem desviar o olhar da pequena no berço: "É mesmo?"
Era evidente que Ruben não havia notado que o bebê diante dele não era a sua filha biológica.
Quando Colby recebeu alta do hospital e voltou para casa, a primeira coisa que viu ao abrir a porta foi Lesly, vestindo uma camisola de renda e ajoelhada esfregando o chão.
Sobressaltada ao notar a sua presença, Lesly corou e soltou um gritinho enquanto cobria o peito e saía correndo para desaparecer de vista. Porém, na pressa, foi traída pelo chão molhado e escorregadio, que a fez cair com um baque surdo, erguendo a camisola e mostrando mais do que devia.
Colby observou a cena friamente, vendo também quando Ruben seguiu apressado atrás de Lesly e forçou a porta do quarto para entrar. Momentos depois, o cômodo ecoou os soluços reprimidos dela e os gemidos de Ruben.
Lançando um olhar indiferente para a porta fechada, Colby se dirigiu ao quarto que era seu e de Ruben para fazer um inventário de todos os presentes que ele tinha lhe dado ao longo dos anos.
A parede estava repleta de presentes, cada um marcado com a sua ocasião. O presente da maioridade, o presente que recebeu depois de tirar a carteira de motorista, o presente por terem assado o primeiro bolo juntos, o presente recebido depois de verem juntos o primeiro nascer do sol. Cada item reafirmava o amor de Ruben por ela.
Colby beliscou a própria mão, usando a dor para lembrar a si mesma de que agora esses objetos não eram mais presentes, mas fundos para garantir o futuro dela e da sua filha.
Pegando o celular, ela tirou fotos dos objetos e os enviou, dizendo ao destinatário: "Avalie cada item individualmente. Vamos ver por quanto eles poderão ser vendidos."
Quando Ruben entrou, viu Colby olhando fixamente para a parede de presentes, o que fez com que se sentisse ainda mais culpado. Como não ter certeza do seu amor por ela? Cada presente ali representava algo que ele havia procurado no mundo todo até encontrar.
Ele então se aproximou e a abraçou, dizendo suavemente: "Lesly é bastante habilidosa em cuidar das pessoas. Foi por isso que a chamei para vir cuidar de você. Não se sinta mal com a presença dela, apenas mande-a fazer o que você quiser."
Colby riu sarcasticamente por dentro. Ela duvidava que pudesse de fato dar ordens para Lesly.
Como era de se esperar, logo no primeiro dia, Lesly preparou para Colby uma sopa de peixe que nem mesmo estava suficientemente cozida.
No segundo dia, ela serviu uma comida supostamente nutritiva que havia passado dois dias na fervura.
Evidentemente, Colby não pôde suportar a afronta da amante do seu marido. No primeiro dia, deu um tapa sonoro nela, e no segundo dia, deu dois, ainda mais fortes.
Humilhada, Lesly seguiu fingindo submissão, apenas suportando, mas quando Ruben retornou para casa à noite, ela mostrou as marcas dos tapas no seu rosto, olhando de soslaio para Colby.
Ruben lançou um olhar frio para ela, então pegou a mão de Colby e a acariciou suavemente. "Me dói ver a sua mão assim. Se ela te irritar de novo, deixe comigo."
Lesly corou violentamente ao ouvir isso.
Colby, apesar de se sentir enojada, conseguiu pronunciar as palavras que vinha ensaiando há muito tempo: "É melhor ela cuidar só do bebê. Acho a presença dela incômoda demais."
Com essas palavras, Colby se virou para sair, mas ainda pôde ouvir atrás de si a severa repreensão de Ruben. "Já falei que Colby é a minha esposa, Lesly. Tem muita gente querendo cuidar dela. Então, se você não é capaz de fazer isso direito, pode ir embora a qualquer momento."
Lesly mordeu o lábio, envergonhada. "Os empregados estão olhando, Ruben. Podemos conversar sobre isso no quarto? Você pode me punir do jeito que quiser."
Ruben bufou desdenhosamente e caminhou em direção ao quarto dela.
Quando a porta se fechou atrás deles, Colby saiu do seu quarto.
Ao passar pela porta fechada, ela pôde ouvir os gemidos lamuriosos de Lesly e as palavras duras de repreensão que Ruben lhe lançava: "Então, vai se atrever a irritar a Colby de novo? Ah..."
Nesse momento, Colby acelerou o passo e deixou a casa furtivamente.