- Certo. Mas como garantir que essa fusão de estilos não fique conflitante? Precisamos de unidade, algo que conecte todas as peças sem parecer forçado.
Marcus trocou um olhar com sua equipe e respondeu:
- Podemos trabalhar com uma paleta de tons neutros quentes e incluir texturas que façam essa ligação. Talvez um padrão que se repita em detalhes sutis, como entalhes ou revestimentos.
Octávio inclinou a cabeça, considerando.
- Bom. Mas quero um diferencial. Algo que faça os clientes olharem e saberem que é um design da Sterling & Co.
Outra designer, Isabel, levantou a mão para falar.
- E se trouxermos elementos inspirados na arquitetura clássica? Molduras elegantes, curvas bem trabalhadas, mas em um design funcional e moderno?
Ele deu um meio sorriso, quase imperceptível.
- Interessante. Mas como evitar que pareça algo ultrapassado?
Ela não hesitou.
- Podemos aplicar isso em formatos minimalistas. Molduras elegantes, mas sem exageros, combinadas com tecnologia de materiais sustentáveis. Isso pode dar um toque de inovação sem perder a sofisticação.
Eu observava tudo, absorvendo as ideias. Mesmo exausta, meu cérebro começava a formular possibilidades.
Então, sem pensar muito, me ouvi falando:
- E se incluíssemos um conceito de peças modulares?
O silêncio se instalou.
Os olhos de Octávio vieram direto para mim, atentos.
- Explique - ele disse, sem pressa.
Engoli em seco.
- O outono é uma estação de transição. Tudo muda: a temperatura, a paisagem, as sensações. Podemos criar móveis que acompanhem essas mudanças, peças que se adaptem de acordo com a necessidade do cliente. Por exemplo, um sofá que pode ser expandido ou compactado facilmente, mesas com tampos ajustáveis, cadeiras que mudam de altura. Algo funcional, mas elegante.
Octávio não tirou os olhos de mim por um longo momento.
Então, assentiu.
- Trabalhe nisso. Quero uma apresentação detalhada na próxima semana.
Eu prendi a respiração, o olhando com espanto.
Ele havia acabado de me dar um desafio direto.
E, pela maneira como seus olhos analisavam cada detalhe do meu rosto, algo me dizia que ele estava ansioso para ver como eu lidaria com ele.
Eu assenti ainda o encarando.
-Sim senhor! - Falei o vendo apontar a caneta para Isabel e Marcus.
-Quero o projeto dos dois também. Podemos criar uma junção de estampas e materiais, com a nova ideia de inovação de modelos, sem perder a sofisticação. O quanto antes começarmos, melhor resultado teremos. Acabamos por aqui!
Todos assentiram e se levantaram em silêncio, mas não pude deixar de perceber alguns olhares desgostosos para mim. - Eu já estava até me acostumando.
Voltei para a minha mesa ajeitando algumas pastas que estavam sobre ela, quando de repente, Octávio passou por mim e sua voz soou autoritária, ecoando por todo lugar.
- Katherine, venha até minha sala. Ágora. - Disse ele caminhando em passos pesados até a sua sala.
Respirei fundo e me levantei, caminhando até a porta da sala dele. Bati de leve e ao ouvir um "entre", empurrei a porta e me deparei com sua figura imponente atrás da mesa de carvalho escuro.
Octávio me olhou por um instante, então apontou para a cadeira à sua frente.
- Sente-se.
Fiz o que ele mandou, sentindo uma tensão estranha no ar. Ele deslizou um papel em minha direção.
- Quero que leia isso com atenção. São minhas exigências caso o teste dê positivo.
Peguei o documento e comecei a percorrer as linhas com os olhos. Conforme absorvia cada cláusula, senti meu peito apertar.
"Todos os exames médicos serão realizados exclusivamente com a profissional que eu designar."
"Você terá um acompanhamento nutricional para garantir uma gestação saudável."
"Fará aulas de ioga para manter o equilíbrio e evitar estresse desnecessário."
Mas foi a última cláusula que me fez travar.
"Você está terminantemente proibida de se envolver ou dormir com qualquer pessoa durante a gravidez."
Minha cabeça se ergueu num instante, e eu o encarei.
- Você só pode estar brincando comigo! - Falei soltando um riso pelo nervosismo.
Octávio arqueou uma sobrancelha, seu olhar desafiador e inabalável.
- Eu estou falando sério. Sexo é proibido, para que nenhum tipo de infecção contamine minha criança.
Soltei uma risada incrédula e recostei na cadeira.
- Isso vai ser mais fácil do que você imagina - Murmurei, cruzando os braços.
- Ótimo. Então não teremos problemas. - Disse ele me olhando fixamente. -E a sua mãe? Como ela está?
-Recuperando. Muito obrigada! - Falei fraca o vendo me olhar.
-Pelo quê? Eu não fiz nada de mais. Você quem fez! - Disse ele, mantendo um silêncio em seguida.
Peguei a caneta e assinei o documento, sentindo algo se revirar dentro de mim. Esse contrato estava começando a se parecer mais com uma jaula do que com um simples acordo.
De repente, alguém bateu na porta.
Octávio desviou o olhar para a entrada e gritou não muito forte.
- Pode entrar.
Assim que a porta se abriu, minhas sobrancelhas se franziram.
Fiquei imóvel ao ver Ana parada ali, segurando uma pasta de exames.
- O quê você está fazendo aqui? - Perguntei olhando de Ana para Octávio e depois de volta para ela, que logo sorriu sem graça.
E então, Octávio se explicou.
-Ana acompanhará tudo durante a sua gestação. Ela cuidará dos exames, medicações e garantirá que você e o bebê esteja bem.
-Mas você disse que era um médico da família! - Falei fraca o olhando confusa e então, Ana sorriu e o interrompeu.
-Desculpa não ter te contado antes. Nós somos primos.