Leiloada Para o CEO
img img Leiloada Para o CEO img Capítulo 4 Benjamin
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Capítulo 4 Benjamin

O carro parou diante de uma mansão escondida no fim de uma estrada sinuosa, cercada por árvores escuras que engoliam a luz da cidade. As janelas brilhavam com uma iluminação suave, mas não havia placas ou qualquer indício do que acontecia lá dentro, exceto pelos seguranças na entrada, com seus ternos pretos e olhares que pareciam capazes de atravessar paredes.

Ajustei a gravata, o cartão preto que Jack me deu pesando no bolso do paletó como uma sentença. Eu não queria estar aqui. A boate ontem foi um fiasco, uma garota tentando me vender uma ideia idiota de startup, outra tropeçando bêbada no meu pé. Nenhuma que minha mãe, com seu olho crítico de ex-modelo, aprovaria como a esposa perfeita para acalmar meu pai.

- Para de fazer essa cara, Ben - disse Jack, batendo no meu ombro enquanto saíamos do carro, o ar frio da noite cortando o rosto. Ele exibia aquele sorriso convencido, como se isso fosse só mais uma noite de diversão. - Você disse que não queria perder tempo com encontros e conversas fiadas. Aqui é o lugar perfeito. Essas garotas querem o dinheiro, você quer uma esposa. É só escolher, pagar e assinar um contrato. Simples.

- Simples? - resmunguei, ajustando o paletó enquanto seguíamos para a entrada. - Parece que estou comprando um quadro, não uma esposa. Minha mãe vai sacar na hora se for uma farsa.

- Relaxa, cara - disse Tom, nosso amigo do clube de golfe, que veio só pelo espetáculo. Ele acendeu um charuto, soprando fumaça enquanto o segurança checava nossos nomes numa lista digital. - Essas mulheres sabem o que estão fazendo. Precisam de grana, tão aqui por vontade própria. Você faz um acordo, elas jogam o jogo. Todo mundo sai ganhando.

Eu revirei os olhos, mas deixei os seguranças me revistarem, confiscando meu celular antes de nos levarem por um corredor longo, com quadros abstratos caros nas paredes e tapetes que deviam custar uma fortuna. O lugar cheirava a whisky caro, perfume importado e algo que eu não identificava, talvez o peso de segredos bem guardados. Jack me deu um empurrãozinho, o sorriso ainda no rosto.

- Você vai achar a mulher perfeita, Ben. Alguém que sua mãe vai olhar e pensar 'essa é a nora ideal'. Confia.

- Se eu não achar, você vai se ver comigo - murmurei, mas a verdade era que eu não tinha escolha. A imagem do meu pai na cama do hospital, pálido, a voz fraca pedindo netos, não saía da minha cabeça. Eu faria qualquer coisa para dar a ele paz, mesmo que fosse entrar nesse jogo estranho.

O salão principal era puro luxo, como algo saído de um filme de máfia. Um lustre imenso pendia do teto, jogando luzes douradas sobre mesas redondas cobertas com toalhas brancas. Homens de terno, alguns velhos, outros com rostos que eu já vi em capas de revista ou noticiários, conversavam em voz baixa, copos de whisky nas mãos. O palco no centro era iluminado por holofotes, e uma música suave, quase hipnótica, pairava no ar. Sentei com Jack e Tom em uma mesa não muito perto do palco, o estômago revirando de desconforto. Isso não parecia certo, mas se essas mulheres estavam aqui por vontade própria, como Jack disse, quem era eu para questionar?

O leiloeiro, um homem magro com um smoking impecável, subiu ao palco, batendo o martelo para silenciar o salão.

- Senhores, bem-vindos ao evento mais exclusivo da noite - anunciou, a voz suave, mas com um tom que exigia atenção. - Nossas convidadas são escolhidas a dedo, perfeitas para atender aos seus desejos. Todas aqui por escolha, em busca de uma vida melhor. Vamos começar.

A primeira mulher subiu, uma morena alta com um vestido verde que brilhava sob as luzes. Ela sorria, mas o sorriso parecia ensaiado, como se tivesse treinado na frente de um espelho. Os lances começaram em cem mil, subindo rápido, e ela foi arrematada por um cara de meia-idade com cara de político. Jack me cutucou, apontando para o palco.

- Olha, não é má. Mas espera, as melhores vêm depois.

Eu o ignorei, mantendo o olhar fixo no copo de whisky que o garçom deixou na minha frente. Não toquei na bebida. Meu coração batia rápido, a mistura de culpa e pressão me sufocando.

Mas então, ela subiu ao palco e meu mundo parou. O cabelo castanho caindo em ondas suaves sobre os ombros, o vestido prateado colado ao corpo, destacando cada curva de uma forma que era ao mesmo tempo elegante e provocante. Mas foram os olhos dela que me pegaram: grandes, castanhos, com uma doçura que parecia fora de lugar ali, misturada com algo que quase parecia... medo.

Não, não medo. Talvez nervosismo, pensei. Ela estava aqui por escolha, certo? Querendo o dinheiro, como Jack disse. Mas meu corpo entrou em um frenesi, o coração disparando, as mãos suando. Ela era perfeita. Não só para minha mãe, com aquele corpo que parecia saído de uma passarela, mas para mim. Havia algo naquela garota, uma presença que me fazia querer protegê-la, tirá-la daquele palco e levá-la para longe dos olhares famintos daqueles homens.

O vestido prateado não cobria muito, deixando as pernas longas à mostra, o decote revelando o suficiente para fazer qualquer um no salão desejá-la. Ela era sensual, mas não de um jeito forçado, parecia natural, como se não soubesse o impacto que causava. Minha mãe a aprovaria na hora, com certeza. Mas mais do que isso, eu a queria fora daquele palco, longe daqueles olhares. Ela não pertencia a esse lugar.

O leiloeiro bateu o martelo me trazendo de volta ao momento antes que a voz dele cortasse o ar.

- Vamos começar com cem mil! Uma joia rara, senhores, jovem e virgem, perfeita para quem busca exclusividade e classe.

- Cem mil! - um homem gritou e meu estômago se revirou ao ver os olhos dela se desviarem dos meus, e parecerem tristes ao ver o homem que tinha feito a oferta.

- Cento e cinquenta mil. - levantei a mão gritando com a voz firme.

Os olhos dela encontraram os meus por um segundo, e juro que vi um brilho de alívio, como se estivesse aliviada por eu estar aqui, e não um dos outros. Mas então, um homem gordo, com o rosto vermelho e cabelo grisalho ralo, se levantou, batendo na mesa com raiva.

- Duzentos mil! - gritou, a voz grossa, o olhar fixo nela como se fosse algo que ele estava louco para degustar.

Eu semicerrei os olhos, sentindo a raiva subir. Não. Ela não ia acabar com aquele velho nojento. Eu não sabia nem mesmo o nome dela, mas sabia que ela não merecia isso.

- Trezentos mil - disse, a voz cortante, meu coração batendo tão alto que mal ouvi o suspiro de Jack ao meu lado.

- Quatrocentos! - retrucou o velho, os olhos brilhando com ganância, o rosto vermelho de raiva enquanto me encarava.

Ela estava tensa no palco, os ombros rígidos, os olhos focados em mim com algo que parecia ser uma súplica com aquelas delicadas sobrancelhas retorcidas. Eu podia sentir o desconforto dela, mesmo estando tão longe.

- Quinhentos mil - disparei, levantando-me, a voz ecoando no salão. Os outros homens murmuraram em volta, alguns rindo, outros balançando a cabeça em negação.

- Seiscentos! - berrou o velho, batendo na mesa novamente, fazendo o copo de whisky quase cair.

- Seiscentos senhoras e senhores. - o leiloeiro comemorou empolgado com o embate que fazíamos.

Eu não ia deixar. Não ela. Havia algo nos olhos dela que me dizia que ela era mais do que um acordo, mais do que uma solução para meus problemas. Respirei fundo, a adrenalina correndo nas veias. Ela valia mais do que qualquer número.

- Um milhão - falei com a voz calma, mas decidida e o salão mergulhou em um silêncio pesado.

O velho ficou vermelho, os olhos arregalados, mas ele se sentou, resmungando algo que não ouvi. O leiloeiro olhou ao redor, esperando outro lance, mas ninguém se mexeu.

- Um milhão! Alguém dá mais? Dou-lhe uma, dou-lhe duas... - eu senti o peso no peito, torcendo para que o verme não fizesse nenhum novo lance ou ia matá-lo. - Vendida para o cavalheiro de terno cinza. - anunciou, batendo o martelo.

Eu respirei, com o coração ainda disparado, enquanto os olhos dela encontravam os meus novamente. Havia alívio ali, talvez até um traço de esperança, como se ela soubesse que, entre todos os homens naquele salão, eu era a melhor opção. Ou pelo menos, era o que eu queria acreditar.

Ela sorriu, um sorriso tímido, mas parecia genuíno e meu peito apertou de um jeito bom enquanto um calor me tomava. Ela estava feliz por ser eu!

A segui com o olhar enquanto a levavam do palco, o vestido prateado brilhando sob as luzes, me fazendo sentir uma mistura de triunfo, mas quando ela desapareceu atrás da cortina a dúvida me tomou. Eu a tinha tirado das mãos daquele velho, mas o que vinha agora? Um contrato, uma farsa para minha família.

Mas aqueles olhos... eles me diziam que isso não seria tão simples quanto Jack prometeu.

- Caramba, Ben, um milhão? - disse Tom, rindo e batendo nas minhas costas. - Você está louco, mas sua mãe vai adorar.

- Cala a boca, Tom - murmurei, os olhos ainda fixos no lugar onde ela esteve no palco.

Eu não sabia o nome dela, mas já sabia que ela não era só uma solução para acalmar meu pai. Algo nela tinha mexido comigo, e eu não estava pronto para o que isso significava.

            
            

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