Amor, Mentiras e uma Vasectomia
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Capítulo 2

As vozes dentro do escritório continuaram, alheias à destruição que acabaram de causar.

"Ela vai ficar arrasada quando descobrir", disse Eduardo, sua voz escorrendo um prazer sádico. "Provavelmente vai chorar por semanas. Patética."

"Ela merece", a voz de Davi era fria como gelo. "Achar que podia simplesmente entrar na minha família e empurrar a Elisa para fora. Ela realmente achou que eu a escolheria em vez da minha própria irmã?"

Sua própria irmã. As palavras pairavam no ar, pesadas com um significado que eu só agora começava a entender. O relacionamento deles sempre foi intenso, mas eu havia descartado como um laço fraterno próximo. Agora, parecia doentio.

"Ela não é tão esperta, Davi", disse outro amigo. "Você a engana há anos. Ela é só uma mulher tola e ingênua que foi fácil de enganar."

"Ela não terá escolha a não ser ir embora", previu Eduardo. "Ela não terá nada. Sem marido, sem bebê, sem dinheiro."

"Ela mesma procurou por isso", afirmou Davi categoricamente, como se estivesse lendo um roteiro. "Foi ela quem manipulou a Elisa, encheu a cabeça dela com bobagens sobre precisar 'se encontrar' no exterior. Ela a queria longe."

Agarrei-me à parede para me apoiar, minha cabeça girando. Aquilo era uma mentira completa. Elisa tinha vindo até mim, chorando por se sentir sufocada por Davi, desesperada por uma chance de ser ela mesma. Eu encontrei o programa de estudos para ela, ajudei-a com a inscrição, até lhe dei o dinheiro da passagem aérea das minhas próprias economias. Pensei que a estava libertando. Em vez disso, eles transformaram isso em uma arma contra mim.

"Foi por isso mesmo que a Elisa foi embora?", perguntou um dos amigos, um pingo de dúvida em sua voz.

"Claro", disse Davi, seu tom ríspido e desdenhoso. "A Aleida manipulou a situação. Mas tudo bem. Isso nos deu a desculpa perfeita para este joguinho."

"Falando em jogos", a voz de Eduardo tornou-se nojenta. "Tenho uma nova ideia para a festa quando a Elisa voltar. Podemos tornar tudo ainda mais interessante."

Davi soltou uma risada baixa e desdenhosa. "Tanto faz. Só não me envolva nas partes sujas. Honestamente, a ideia daquele bebê..." Ele fez uma pausa. "Não é meu, e não me importo de quem seja."

Ele disse isso com tanta naturalidade, com um nojo tão profundo.

"Prefiro passar meu tempo subindo de nível no meu novo jogo do que fingir ser um pai babão", acrescentou.

"Ainda não consigo acreditar no quanto você a despreza", murmurou um amigo.

"Desprezo é uma palavra branda", respondeu Davi. "Olhar para ela, tocar nela... me dá arrepios. É um trabalho. E estou prestes a ser pago."

"Certo, vamos oficializar isso", anunciou Eduardo, sua voz alta e imponente. "A aposta final. Um milhão de reais que o bebê é meu. Quem está dentro?"

"Eu entro com um milhão", disse uma voz imediatamente.

"Um milhão meu também", disse outra.

"Eu coloco dois milhões", a voz de Davi cortou as outras. "Porque tenho tanta certeza de que não é meu, e quero lucrar com a miséria dela."

Seguiu-se um coro de concordâncias. Eles estavam jogando milhões de reais, apostando no meu corpo, no meu filho, na minha vida. Era um espetáculo de sua depravação.

"Não se esqueçam, eu cheguei nela primeiro, logo após o 'procedimento' do Davi", gabou-se Eduardo. "As chances estão a meu favor."

Fiquei paralisada no corredor, ouvindo suas risadas, a maneira casual como discutiam minha violação. O chão parecia que ia ceder sob meus pés. Cada palavra era uma nova facada de dor, arrancando o amor e deixando um vazio oco e dolorido.

A verdade era um peso físico, pressionando-me, roubando o ar dos meus pulmões. O homem com quem me casei, os amigos que recebi em minha casa, eram monstros.

Minha mão foi para a minha barriga, um gesto protetor e instintivo. Mas o bebê não era mais um símbolo de amor. Era um troféu na competição doentia deles.

Eu não conseguia respirar. Afastei-me cambaleando da porta, desesperada por ar, por uma fuga da verdade sufocante. Cheguei ao elevador, meu corpo tremendo incontrolavelmente.

Uma vez dentro do meu carro, eu finalmente desabei. Soluços sacudiam meu corpo, sons ásperos e guturais de pura agonia. A dor era uma coisa viva, me rasgando por dentro.

Mas quando as lágrimas diminuíram, outra coisa tomou seu lugar. Uma raiva fria e dura. Começou como uma faísca nas profundezas do meu desespero e cresceu até se tornar um incêndio.

Eles queriam me quebrar. Queriam me ver cair.

Eu não lhes daria essa satisfação.

Dirigi para casa, minha mente a mil, montando um novo plano. O aborto ainda era o primeiro passo. Mas não seria o fim. Seria o começo.

O começo da minha vingança.

Eles queriam um jogo? Eu lhes daria um. E eu me certificaria de que, no final, eles teriam perdido tudo.

Primeiro, eu precisava de mais provas. Precisava saber de tudo.

E eu sabia exatamente quando conseguiria. Na festa para a Elisa. A festa que deveria ser minha humilhação final se tornaria o palco da queda deles.

            
            

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