A Vingança Final da Ex-Esposa
img img A Vingança Final da Ex-Esposa img Capítulo 4
4
Capítulo 6 img
Capítulo 7 img
Capítulo 8 img
Capítulo 9 img
Capítulo 10 img
img
  /  1
img

Capítulo 4

O Lar de Acolhimento São Judas Tadeu se transformou após a prisão de Dona Marta. A supervisão do governo trouxe novos funcionários, comida melhor e uma sensação de ordem. As crianças que costumavam me atormentar agora tentavam ficar do meu lado, me vendo como uma espécie de heroína.

Os filhos de Dona Marta se tornaram os novos párias. As outras crianças, agora livres de seu reinado de terror, distribuíam a mesma crueldade que um dia sofreram. Eu os via sendo empurrados e zombados, e sentia uma satisfação sombria. Era um bom começo.

Algumas semanas depois, Caio apareceu. Ele parecia exausto.

"Desculpe não ter vindo antes", disse ele, sem me olhar nos olhos. "A Bianca pegou uma febre terrível. Ela delirou por dias. Tive que ficar com ela."

Uma febre. Que original. Ele se desculpou, de cabeça baixa. A mesma velha história. Ele sempre tinha uma desculpa nobre para suas falhas.

"Eu arranjei uma nova família de acolhimento para você", disse ele, com a voz sincera. "Uma boa. E encontrei uma ótima escola particular-"

"Não, obrigada", eu disse, cortando-o. "O estado já nos matriculou em uma escola pública. Está tudo bem."

Seu rosto se abateu. "Ah. Bem... pelo menos me deixe-"

"Eu não preciso de nada de você, Caio."

E assim, acabei no Colégio Bandeirantes. A mesma escola em que os Monteiro matricularam Bianca. Claro. Estávamos na mesma sala.

No momento em que Bianca me viu, a guerra recomeçou. Começou pequena. Sussurros me seguiam como fantasmas pelo corredor. Depois, escalou. Postagens venenosas floresceram na página de fofocas da escola.

*A psicopata do abrigo, Eva Ferraz, tentou matar o irmão de criação. Cuidado com ela.*

*Ouvi dizer que ela é tão louca que quebrou o próprio braço para chamar a atenção.*

Eles me chamavam de "Rejeito do Abrigo". Meu armário foi vandalizado com as palavras, rabiscadas em marcador permanente. As pessoas jogavam lixo em mim no refeitório. Eu suportei tudo com uma paciência fria e distante. Eu só tinha que aguentar um pouco mais. Na minha primeira vida, meus pais biológicos, os Ferraz, voltaram do exterior para me procurar por volta dessa época. Eu estava apenas contando os dias.

O ponto de ruptura veio na aula de química.

Bianca, entediada com a aula, jogou seu pesado estojo de madeira pela sala. Ele me atingiu em cheio na nuca.

"Ops", disse ela, a voz pingando falsa inocência. Alguns de seus amigos riram.

"Ei, Rejeito do Abrigo", ela chamou, a voz alta o suficiente para toda a classe ouvir. "Meu irmão sente tanta pena de você. Ele diz que você provavelmente está agindo assim porque ninguém nunca vai amar uma esquisita como você."

Os outros alunos observavam, esperando o show.

Levantei-me lentamente, minha cadeira raspando no chão de linóleo.

Caminhei até a mesa dela. Seu sorriso presunçoso vacilou, substituído por um lampejo de medo.

Agarrei um punhado de seu cabelo sedoso e caro e a arrastei para fora da cadeira. Ela gritou enquanto eu a puxava para o fundo da sala, onde o zelador guardava um esfregão e um balde imundo de água cinza.

Eu enfiei a cabeça dela no balde.

Ela subiu, engasgando e gritando, um som de puro pânico.

"Cala a boca", eu disse, minha voz perigosamente baixa enquanto empurrava a cabeça dela de volta para a água. "Da próxima vez que você disser meu nome, vou fazer você engolir este balde inteiro."

Ela se debateu, mas eu a segurei firme. Listei seus crimes em voz alta para toda a classe ouvir. "Você mentiu para ser adotada. Você me acusou de ser uma bully. Você manda os outros fazerem seu trabalho sujo."

Os alunos que estavam rindo agora estavam em silêncio, com os olhos arregalados. Alguns deles começaram a sussurrar. "Ela está certa... eu vi as amigas da Bianca derrubarem aquela novata ontem."

"É, e ela disse para o professor que a culpa foi da Eva."

De repente, fui atingida por trás. O impacto me jogou longe, e eu caí com força no meu braço esquerdo. O mesmo braço. Uma dor ofuscante e nauseante explodiu do meu cotovelo até o ombro. Eu tinha certeza de que estava quebrado de novo.

Era Caio. Ele tinha entrado correndo na sala, o rosto uma nuvem de fúria. Ele ajudou uma Bianca soluçante e encharcada a se levantar.

Ele olhou para mim no chão, segurando meu braço, e seu rosto estava cheio de nada além de fúria fria.

Bianca se agarrou a ele, chorando histericamente. "Caio, ela tentou me afogar! Manda ela embora! Eu não quero nunca mais ver a cara dela! Expulsa ela!"

Caio olhou para mim, o maxilar cerrado. "Você a ouviu", disse ele. Ele assentiu. "Eu vou cuidar disso."

Eu apenas ri, um som quebrado e doloroso. "Claro que vai."

Ele se encolheu, um lampejo de culpa cruzando seu rosto. "Eva, eu vou te compensar. Vou encontrar uma escola melhor para você, eu prometo-"

Nesse momento, a porta da sala se abriu com um estrondo. Nosso professor, o Sr. Arruda, estava lá, o rosto vermelho de excitação.

"Eva Ferraz!" ele anunciou, a voz retumbando. "Seus pais estão aqui! Eles estão esperando por você na diretoria!"

            
            

COPYRIGHT(©) 2022