A Noiva Abandonada e Seu Triunfo
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Capítulo 2

O e-mail da ABIN era minha única esperança. Um bote salva-vidas em um oceano de traição. Eu o li de novo e de novo no quarto de serviço úmido, as palavras brilhando no escuro como uma promessa.

Eu me lembrava do dia em que me inscrevi. Eu era jovem, cheia de sonhos. Queria usar minha inteligência e meu talento para idiomas para servir ao meu país. Cristiano zombou de mim na época.

"Uma espiã? Clarinda, você é uma Magalhães. Seu lugar é ao meu lado, organizando jantares e eventos de caridade."

A prisão destruiu meu corpo, mas não minha mente. Durante aqueles sete anos, eu li tudo o que pude. Estudei, mantive meu cérebro afiado. Eu enviava cartas de apelação para a ABIN todos os anos, sem nunca receber resposta. Até agora.

O e-mail era claro: dez dias. Eu tinha dez dias para me preparar para a minha nova vida. Dez dias para aguentar o inferno que era a minha antiga casa.

Na manhã seguinte, a casa estava em festa. Era o "dia da recuperação" de Helena. Aparentemente, ela precisava de uma celebração por ter superado a "ansiedade" causada pelo meu retorno.

Minha mãe, Cláudia, organizou um almoço no jardim. Amigos da família, gente rica e influente, todos estavam lá. Helena era o centro das atenções, vestida com um vestido branco caro, parecendo um anjo frágil e inocente.

Eu fui obrigada a participar. Fiquei em um canto, observando. Ninguém falava comigo, exceto para me lançar olhares de pena ou desprezo.

Cristiano chegou e foi direto para o lado de Helena, segurando sua mão. Ele me viu, hesitou por um segundo, e então sorriu para mim, um sorriso forçado. Ele tentou me puxar para o grupo.

"Venha, Clarinda. Junte-se a nós."

"Estou bem aqui," respondi, minha voz rouca.

Helena, com um sorriso doce no rosto, se aproximou. "Clarinda, que bom que você está aqui. Eu queria te pedir uma coisa."

Seus olhos brilharam com malícia.

"Eu amo o seu anel de noivado. Cristiano me deu um, mas o seu... o seu tem história. Você me daria?"

O anel. O anel que Cristiano me deu quando me pediu em casamento, antes de tudo desmoronar. Era a única coisa de valor que eu ainda tinha.

"Não," eu disse, simplesmente.

A expressão de Helena se desfez. Ela olhou para Cristiano, os olhos se enchendo de lágrimas. "Cris, ela me odeia."

Meu pai, Adauto, se aproximou, o rosto severo. Ele começou a falar em francês, a língua que eles usavam para me humilhar.

"Clarinda, pare de ser infantil. Dê o anel para sua irmã. Você não tem mais direito a ele."

Minha mãe acrescentou, também em francês: "Seja grata por ainda te deixarmos viver aqui. Uma ex-presidiária manchando o nome da nossa família."

Eles continuaram, suas palavras cruéis me atingindo como pedras. Eles não sabiam que eu entendia cada sílaba. Na prisão, eu tive tempo. Tempo para aperfeiçoar meu francês, meu inglês, meu russo. Eu era mais do que a garota quebrada que eles viam.

Eu fingi ignorância, mantendo meu rosto sem expressão. Deixei que eles pensassem que suas palavras não me atingiam.

Dentro de mim, uma chama fria queimava. Eu não precisava mais do amor deles. Eu não precisava da aprovação deles.

"Com licença," eu disse em português, minha voz firme. "Preciso tomar um ar."

Eu me virei e saí do jardim, deixando-os para trás com seus sorrisos falsos e suas vidas vazias.

Enquanto eu caminhava para longe, percebi uma coisa. Ninguém tinha se lembrado.

Era o meu aniversário.

            
            

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