A Vingança da Herdeira Traída
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Capítulo 2

Celina não voltou para casa naquela noite. Ela não conseguia encarar aquele lugar, que agora parecia contaminado. No dia seguinte, porém, ela precisava buscar seus documentos.

Ao chegar, encontrou a porta da frente entreaberta. Um mau pressentimento tomou conta dela.

Ela empurrou a porta e a cena que viu a fez congelar. Isabella estava sentada no sofá da sua sala, usando um de seus roupões de seda. Rogério estava ajoelhado na frente dela, com a orelha encostada na barriga da amante.

"Ele chutou de novo, Rô!" , Isabella riu, uma risada infantil e manhosa. "Nosso filho é tão forte!"

Rogério sorriu, um sorriso genuíno e bobo que Celina não via há anos. Era uma facada em seu peito.

Celina ficou parada na entrada, os punhos cerrados com tanta força que as juntas dos dedos ficaram brancas.

Foi Rogério quem a viu primeiro. O sorriso dele desapareceu, e ele se levantou rapidamente.

"Celina? O que você está fazendo aqui?" Ele caminhou até ela, falando baixo e rápido. "Por favor, vá embora. A Isabella não está bem."

"Não está bem? Ela parece ótima na minha casa, usando minhas roupas."

"Ela tentou se matar ontem à noite, Celina! O médico disse que ela não pode ter fortes emoções. Por favor, só por hoje, nos deixe em paz."

Celina soltou uma risada fria. "Esta é a minha casa, Rogério."

"Eu sei, eu sei. Ela só vai ficar aqui até a poeira baixar. Eu juro que depois a levo para outro lugar. Eu prometo."

Ela não respondeu. Apenas deu as costas e subiu as escadas em direção ao quarto. Ela não tinha mais forças para brigar.

Do seu quarto, ela podia ouvir as risadas e conversas deles no andar de baixo. Cada risada de Isabella era como um prego em seu caixão.

"Ai, Rô, acho que ele vai ser jogador de futebol!" , Isabella disse em voz alta, claramente para que Celina ouvisse.

Celina se encolheu na cama, abraçando os joelhos. As lágrimas que ela segurou por tanto tempo finalmente vieram, silenciosas, encharcando o travesseiro.

Naquela noite, Rogério entrou no quarto. Ele se deitou ao lado dela e a abraçou por trás, o corpo dele tenso.

"Me desculpe por hoje" , ele sussurrou. "Eu sei que foi difícil. Assim que a Isabella estiver melhor, teremos nosso filho. Nós teremos quantos filhos você quiser."

O corpo de Celina ficou rígido. Ele não sabia. Ele achava que ela tinha tirado o bebê deles. A ironia era cruel demais.

De repente, um grito agudo veio do quarto ao lado, onde Isabella estava.

"Não! Não me toque! Fique longe de mim!"

Rogério saltou da cama como se tivesse levado um choque e correu para fora do quarto.

Pelo resto da noite, Celina ouviu os sussurros dele no corredor, acalmando Isabella, prometendo que tudo ficaria bem. Ele não voltou para o quarto.

Na manhã seguinte, Celina desceu as escadas, exausta. O cheiro de ovos fritos vinha da cozinha.

A imagem que ela viu foi a de um casal feliz. Rogério estava no fogão, e Isabella o abraçava por trás, o rosto encostado nas costas dele com um sorriso doce.

Pareciam a família perfeita. E Celina era a intrusa.

Isabella a viu e soltou Rogério imediatamente, assumindo uma expressão tímida.

"Ah, Celina... bom dia. Desculpe, eu estava com desejo de ovos." Depois, ela se virou para Rogério. "Rô, minha cabeça está doendo muito. Você pode pegar meu chapéu de sol lá em cima? O sol me faz mal."

"Claro, meu bem." Rogério nem hesitou. Deixou a espátula e subiu correndo.

Assim que ele desapareceu no andar de cima, o rosto de Isabella mudou. A timidez sumiu, substituída por um sorriso de escárnio.

Ela se aproximou de Celina, a voz um sussurro venenoso.

"Sabe, o Rogério me disse que achou ótimo você ter tirado o seu bastardo. Ele disse que uma criança como aquela só traria vergonha para a família Nunes."

Celina ergueu a cabeça bruscamente, o corpo todo tremendo.

Isabella riu, um som baixo e cruel. "Você acha que pode competir comigo? Você não sabe quem me protege, sabe? A família Lúcio. Os donos de metade deste país. Ouvi dizer que o chefão, Caetano Lúcio, me adora."

Ela fez uma pausa, saboreando a palidez no rosto de Celina.

"Uma mulherzinha como você... O que você tem para lutar contra mim?"

Celina cerrou os punhos. Lúcio. O sobrenome de seu pai. A família da qual ela abriu mão por amor a Rogério. A ironia era de rasgar a alma. O mundo era pequeno e perverso.

De repente, Isabella deu um passo para trás, tropeçou nos próprios pés e caiu no chão com um grito.

"AH! Minha barriga! Celina, por que você me empurrou? Eu sei que você me odeia, mas por que atacar meu filho?"

Rogério desceu as escadas correndo. Ao ver Isabella no chão, ele não pensou duas vezes. Correu na direção de Celina e a empurrou com toda a força.

"VOCÊ ENLOUQUECEU?"

Celina cambaleou para trás, batendo as costas com força na quina de um móvel. Uma dor aguda atravessou sua lombar, fazendo-a perder o fôlego.

Rogério já estava ao lado de Isabella, segurando-a em seus braços, o olhar que ele lançou para Celina era de puro ódio.

"O que você fez? Eu te avisei que ela não estava bem! Você não tem coração?"

"Eu não a empurrei" , Celina disse, a voz trêmula de dor e choque.

"Cale a boca! Eu não quero mais ouvir sua voz!" , ele rosnou. "Se acontecer alguma coisa com a Isabella ou com o meu filho, eu juro que acabo com você."

Ele se levantou, amparando Isabella, e a levou para fora de casa, deixando Celina sozinha na sala de estar, a dor em suas costas se espalhando por todo o corpo.

Ela levou a mão à barriga, um medo gelado tomando conta dela.

            
            

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