Meu Marido, a Viúva e a Traição
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Capítulo 2

A situação piorava a cada dia. Sueli parecia ter um talento especial para me provocar nas pequenas coisas. Ela "acidentalmente" derramava suco no meu tapete persa, pedia comidas que sabia que eu odiava o cheiro e monopolizava a TV com suas novelas intermináveis.

Dante continuava a tratá-la como uma boneca de porcelana.

"Tenha paciência, Liliana. Ela perdeu o marido, está grávida. É uma situação delicada."

"E eu? Qual é a minha situação, Dante? Sou a esposa que virou uma espectadora na própria casa?"

Ele suspirava, passando a mão pelo cabelo. Eu costumava amar aquele gesto. Agora, só me causava irritação.

"Não seja dramática."

"Dramática? Ela usa minhas roupas, Dante! Entra no meu closet e pega o que quer!"

"Ela não tem muitas roupas de grávida. O que custa emprestar?"

"Custa minha privacidade! Custa meu respeito!"

Ele me olhou com frieza. O homem por quem eu um dia senti uma faísca de esperança, o CEO talentoso que eu ajudei a salvar, estava se tornando um estranho. Um estranho que defendia outra mulher contra mim.

"Você tem tudo, Liliana. Um closet cheio de roupas que não usa, uma vida de luxo. Sueli não tem nada. Um pouco de compaixão não te faria mal."

Aquelas palavras foram um soco no estômago. Ele usava meu próprio privilégio contra mim, como se a minha dor fosse menos válida porque eu tinha dinheiro.

Decidi que precisava de uma trégua. Uma noite, sugeri que saíssemos para jantar, só nós dois.

"Não posso deixar a Sueli sozinha. Ela não está se sentindo bem."

"Ela pode pedir comida. Nós não saímos há meses."

"Liliana, por favor, tente entender."

Eu entendi. Entendi que eu não era mais a prioridade. Talvez nunca tenha sido.

Naquela noite, a raiva me consumiu. Fui até o bar do nosso prédio, um lugar que eu raramente frequentava. Pedi um uísque. E outro. E outro.

Liguei para meu amigo de infância, Igor Fraga.

"Igor, acho que vou me divorciar."

"Já era hora" , ele disse, sem hesitar. "Onde você está? Vou te buscar."

"Não precisa. Só precisava dizer isso em voz alta."

"Liliana, você não está bem. Me diga onde está."

Mas eu desliguei. A cabeça girava. Eu só queria esquecer. Esquecer Dante, esquecer Sueli, esquecer o fracasso do meu casamento.

A lembrança seguinte é turva. Lembro de Dante me encontrando no bar, o rosto uma mistura de raiva e preocupação. Lembro de ele me carregando para o apartamento.

Acordei na manhã seguinte com uma dor de cabeça latejante e um gosto amargo na boca.

            
            

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