Meu Marido, a Viúva e a Traição
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Capítulo 3

A luz do sol invadia o quarto. Olhei para o lado, Dante não estava na cama. Levantei, tomei um banho longo e vesti um roupão.

Quando cheguei à sala de jantar, a cena me fez parar.

A mesa estava posta para o café da manhã. Havia suco de laranja fresco, pães variados, frutas e uma tigela de iogurte com granola e nozes. Sueli estava sentada, sorrindo.

"Bom dia, Lili! O Dante preparou tudo isso para você. Ele queria se desculpar por ontem."

Meu coração, idiota e teimoso, vacilou por um segundo. Talvez ele ainda se importasse. Talvez a noite anterior o tivesse assustado.

Sentei-me à mesa. O cheiro de café fresco me envolveu. Por um instante, quase acreditei na farsa.

Então, meus olhos pousaram na tigela de iogurte.

Granola com nozes.

Eu sou mortalmente alérgica a nozes. Um fato que Dante sabia desde o nosso primeiro encontro. Uma única noz poderia fechar minha garganta e me matar em minutos.

O ar sumiu dos meus pulmões. O quarto inteiro pareceu encolher.

Ele se esqueceu.

Depois de três anos de casamento, ele se esqueceu do detalhe mais crucial sobre a minha saúde.

Levantei o olhar. Sueli me observava com um brilho vitorioso nos olhos. Ela sabia.

Dante entrou na sala naquele momento, vindo da cozinha. Ele sorria.

"Gostou da surpresa? Pensei que merecíamos um bom café da manhã."

Eu não consegui responder. Apenas apontei para a tigela.

"Nozes, Dante?"

A confusão em seu rosto foi genuína. Ele olhou para a tigela, depois para mim. E então, o reconhecimento o atingiu. Seu rosto ficou pálido.

"Meu Deus, Liliana... eu... eu esqueci completamente. Me desculpe."

"Você esqueceu" , repeti, a voz vazia. "Mas você lembrou que a Sueli adora mamão papaya no café da manhã, não é?"

Apontei para a fruta perfeitamente cortada no prato dela.

O silêncio na sala era pesado, denso.

Sueli, a mestre da manipulação, levou a mão à boca.

"Oh, meu Deus, a culpa é minha! Eu comentei ontem que estava com vontade de iogurte com granola. Ele deve ter se confundido. Me desculpe, Liliana!"

"Não se preocupe, Sueli" , eu disse, a voz cortante como vidro. "Não foi sua culpa. Foi só um lembrete."

Dante tentou se aproximar.

"Lili, eu juro, foi um erro estúpido. Deixe-me fazer outra coisa para você."

"Não, obrigada. Perdi o apetite."

Levantei-me. A decisão estava tomada. Não havia mais volta. O esquecimento dele não foi apenas um lapso. Foi a prova final de que eu não existia mais para ele. Eu era um detalhe inconveniente em sua vida.

E eu, Liliana Castro, me recuso a ser um detalhe.

Fui para o quarto e peguei minha mala. A farsa tinha acabado.

            
            

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