A Vingança Invisível da Herdeira
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Capítulo 4

A mansão dos Bittencourt era ainda mais imponente pessoalmente. Fiquei nos portões de ferro forjado, meu coração batendo um ritmo nervoso contra minhas costelas. E se eles não acreditassem em mim? E se me expulsassem?

Uma senhora de rosto gentil e mais velha, a governanta, me deixou entrar. Ela me levou a uma sala de estar ensolarada onde uma mulher com olhos familiares – meus olhos – arrumava flores. Tinha que ser ela. Minha mãe.

"Sra. Bittencourt?", perguntei, minha voz mal um sussurro.

Ela ergueu os olhos, suas mãos parando. Havia um lampejo de reconhecimento em seu olhar, uma tristeza profunda e maternal que parecia ver através de mim. "Sim?"

"Eu... acho que sou sua filha", soltei, as palavras desajeitadas e cruas. "Eu quero um teste de DNA."

Seu rosto ficou pálido. O vaso de flores escorregou de suas mãos, estilhaçando-se no chão polido.

Antes que ela pudesse responder, uma voz fria e autoritária cortou o ar. "Qual o significado disso?"

Beto Bittencourt estava na porta, seu rosto uma máscara de pragmatismo frio. Ele me olhou de cima a baixo, seu olhar desdenhoso. "Eu tenho apenas uma filha, e o nome dela é Kíria."

Suas palavras foram como um tapa. Ele sabia. Ele tinha que saber.

"A fusão Lobo-Bittencourt é em duas semanas", ele continuou, a voz como gelo. "Não vou permitir que uma órfã interesseira atrapalhe as coisas."

Naquele momento, a porta da frente se abriu, e as duas pessoas que eu menos queria ver entraram. Dante e Kíria, parecendo o casal perfeito e feliz.

A postura de Beto mudou completamente. Ele sorriu, caminhando para cumprimentá-los. "Dante! Kíria! Que bom que puderam vir."

Minha esperança murchou e morreu. Eu era um inconveniente, uma ameaça ao seu negócio.

"O que ela está fazendo aqui?", a voz de Dante era afiada, seus olhos fixos em mim com irritação.

"Eu vim encontrar meus pais", eu disse, minha voz trêmula, mas firme.

Dante e Beto trocaram um olhar de fúria. Mas Kíria, a mestre da manipulação, caiu no choro.

"Oh, isso é tudo culpa minha", ela soluçou, agarrando-se ao braço de Dante. "Eu deveria simplesmente ir embora. Não suporto ser a causa de tanto problema."

"Não seja ridícula", disse Dante, puxando-a para perto.

"Eu só tenho uma filha, e essa filha é você, Kíria", declarou Beto, me fuzilando com o olhar.

Dante o ecoou. "Kíria é a única herdeira dos Bittencourt."

A cena era tão absurdamente cruel que uma risada amarga escapou dos meus lábios. "Então vocês todos vão ficar aí parados e mentir?", perguntei, olhando diretamente para Dante. "Você sabe a verdade."

Por uma fração de segundo, vi um lampejo de algo em seus olhos – culpa, talvez. Mas desapareceu tão rápido quanto veio.

"Não sei do que você está falando", disse ele, a voz fria. "Isso tudo é pelo bem da Kíria."

"Pelo bem da Kíria?", zombei. "Ela tem uma família, uma fortuna, um noivo. Eu sou a que não tem nada!"

O rosto de Dante ficou pálido. Ele não tinha resposta.

Kíria, vendo sua chance, fez um show de sair correndo da sala, chorando: "Estou indo embora! Não aguento mais isso!"

Ela correu em direção aos fundos da casa, em direção à grande e ornamentada piscina.

"Kíria!", gritou Dante, correndo atrás dela.

Não sei o que me possuiu, mas corri atrás deles. Eu tinha que fugir daquela casa de mentiras. Quando cheguei à beira da piscina, Kíria parou de repente e se virou.

"Ele é meu", ela sibilou, o rosto contorcido de malícia. Ela me empurrou.

Perdi o equilíbrio nos azulejos molhados. Meus braços se agitaram e eu a agarrei, puxando-a comigo.

Caímos na água fria com um respingo que me roubou o fôlego. O pânico me dominou. Um trauma de infância, um incidente de quase afogamento em um orfanato, voltou com tudo. Meus membros congelaram. Eu não conseguia nadar. Não conseguia lutar. Eu estava afundando.

Através do azul distorcido da água, vi Dante mergulhar. Ele passou direto por mim, seus olhos apenas em Kíria. Ele a puxou para a superfície, embalando-a em seus braços enquanto ela tossia e engasgava.

Ele a levou para a beira da piscina, e só então, como se fosse um pensamento tardio, ele pareceu se lembrar de mim.

Seus olhos se arregalaram de horror. "Elisa!"

Ele mergulhou de volta.

Mas era tarde demais. A água encheu meus pulmões. O mundo escureceu. Meu último pensamento foi do rosto dele enquanto ele a escolhia em vez de mim. De novo.

                         

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