Capítulo 6 Estou ocupada

Durante o trajeto de Brandon dirigindo de volta para casa, seu celular tocava ininterruptamente.

Ele olhou de relance para a tela, e só de ver quem era já sentiu uma dor de cabeça se formando, mas finalmente atendeu no último toque.

"Vovó", ele disse, tentando demonstrar calma na voz.

"Ah, então você ainda se lembra que tem uma avó! O que exatamente está acontecendo entre você e aquela mulher, Vivian?", avó de Brandon, Norma Watson, resmungou do outro lado da linha.

Brandou respirou fundo e pressionou a palma da mão contra a têmpora. "Vivian está gravemente doente. Ela não tem a intenção de causar problemas."

Norma disparou: "Ela não tem a intenção de causar problemas? Você está ouvindo as próprias palavras? Ela continua te cercando, se fazendo de vítima e agindo como se fosse a dona do pedaço mesmo sabendo que você é casado. Nunca vi uma mulher tão atrevida e desavergonhada como ela. Você tem que acabar com essa confusão logo e se desculpar com a Millie."

Brandon cerrou a mandíbula, tentando se conter, quando o rosto de Millie passou por sua mente, e uma sensação desconfortável agitou seu peito.

"Foi Millie que te contou alguma coisa?", ele perguntou, a voz endurecendo.

Norma estava sem paciência. "E ela precisa me contar? Toda a Internet só fala sobre isso! Millie é a sua esposa, Brandon. Você sai por aí com outra mulher, constrangendo sua esposa diante de todo mundo, com aqueles repórteres assistindo! E ainda ficou olhando enquanto alguém a derrubava no chão, sem fazer nada!"

Brandon então se lembrou daquele momento - a expressão no rosto de Millie, a forma como ela o encarou, denunciando claramente que estava profundamente magoada.

Talvez ele tivesse cometido um erro, mas mesmo assim, ele rapidamente afastou o pensamento e disse: "Ela viu as notícias e foi até o hospital só para criar confusão. E fez isso de propósito, vovó."

"Me deixe falar com ele", o avô de Brandon, Derek Watson, disse enquanto pegava o celular da mão de sua esposa.

"Brandon, foi você quem trouxe a Millie para a nossa família, alegando que queria se casar com ela. Agora que está feito, o seu dever é apoiá-la." Apesar da idade avançada, sua voz era firme.

"Vovô...", Brandon começou, um leve tom de frustração na voz.

"Venha jantar aqui esta noite. E traga a Millie com você", Derek o interrompeu.

Depois de dizer isso, ele nem sequer esperou pela resposta do neto e encerrou a ligação.

Brandon ficou desconcertado por um momento, os dedos tamborilando no volante enquanto uma carranca de desagrado tomava conta do seu rosto.

Ele abriu os contatos e rolou até encontrar o nome de Millie, mas sua frustração voltou a incendiar-se ao ver que ela nem sequer tinha respondido às mensagens que lhe enviara mais cedo.

Contendo a raiva, ele apertou o botão de chamada.

Somente depois de tocar por um tempo, ela finalmente atendeu.

"Está ocupada?", Brandon perguntou friamente.

"Por que ligou?", Millie devolveu a pergunta no mesmo tom.

Brandon passou a mão pelo rosto, um tanto exasperado. "Por que foi ao hospital hoje? Foi até lá só para confrontar a Vivian?"

"Não. Fui ver Alexia", ela disse simplesmente.

"Não minta para mim, Millie", ele retrucou, sua voz transbordando irritação.

Mas do outro lado, veio apenas uma risada - curta, leve e calma demais, o que irritou Brandon ainda mais. Contudo, com as palavras do avô em mente, ele não tinha outra escolha.

"Venha comigo visitar os meus avós esta noite", ele finalmente disse.

"Estou ocupada", Millie respondeu, a voz firme e resoluta.

"É uma ordem do meu avô", Brandon insistiu.

Em vez de dar uma resposta, Millie simplesmente desligou.

Tudo o que restou foi o ruído da linha, arranhando o ouvido de Brandon. Atônito, ele olhou para a tela, não acreditando. Então ligou novamente, mas ela não atendeu.

Ele voltou a encarar o aparelho por um momento, até que o deixou de lado, girou a chave na ignição e seguiu dirigindo para casa.

O céu lá fora começava a escurecer.

Ao chegar, ele estacionou o carro e entrou imediatamente em casa, apenas para ser recebido por uma escuridão.

A expressão no rosto de Brandon era indecifrável.

"Millie", ele chamou, a voz baixa e firme.

Mas não houve qualquer resposta.

Só então ele realmente se deu conta de que toda a casa estava mergulhada na escuridão.

Ele estacou por um momento, pois costumava haver ao menos uma luz acesa toda vez que chegava em casa.

Na maioria das noites, ele encontrava Millie acomodada no sofá, um livro escorregando da mão, a TV baixa ao fundo - levemente adormecida, esperando-o.

Brandon acendeu rapidamente as luzes e olhou para o sofá, mas ele estava vazio.

Inicialmente, ele tinha ficado apenas chateado pela doença de Vivian e frustrado pela insistência do seu avô para que Millie aparecesse para o jantar. Mas agora, a semiobscuridade da casa e o silêncio ao seu redor o deixaram inquieto.

Ele rapidamente foi acender todas as luzes da casa, cômodo por cômodo - sala de estar, cozinha, banheiro. Mas não havia qualquer sinal de Millie.

Além de não estar em casa, ela não atendia o telefone. Onde ela estava afinal?

Então, era assim que ela queria se comportar - fazendo birra por um divórcio que não passava de uma formalidade.

Que seja! Mais cedo ou mais tarde, ela superaria isso.

Vivian era apenas um capítulo temporário na sua vida, enquanto Millie era sua esposa, e isso nunca mudaria.

Mesmo com ela se recusando acompanhá-lo à mansão da família Watson, ele não poderia evitar a visita aos avós.

Resignado, ele entrou na despensa e pegou algumas vitaminas e suplementos, mas parou de repente, como se lembrasse de algo, e os colocou de volta.

Em seguida, foi direto para o quarto deles.

Quando entrou lá, a fragrância familiar de Chanel Nº 5 ainda pairava no ar - era o perfume que ele havia comprado para Millie.

Nesse instante, Brandon sentiu seus ombros relaxarem levemente, então pegou algumas roupas e saiu.

No entanto, seus olhos distraídos não perceberam que o amplo guarda-roupa estava vazio de roupas de ambos - apenas as dele permaneciam. Os itens que antes estavam dispostos aos pares agora se encontravam sozinhos. O espaço ao redor parecia estranhamente mais frio.

...

Nesse meio-tempo, Millie e Alexia estavam em um salão de beleza fazendo as unhas.

Millie solicitou produtos que fossem seguros para a gestação, e Alexia meneou a cabeça incrédula ao observar.

"Você falou que não iria levar isso adiante. Mas aqui está você, escolhendo esmalte sem contraindicações para grávidas", comentou ela.

Millie esboçou um sorriso. "Ué, e por que não? Ainda é parte de mim, ao menos por enquanto."

Alexia revirou os olhos e estudou suas próprias unhas, satisfeita com o brilho.

Millie olhou pensativamente para as suas. O fato de Brandon ter um estômago sensível a levou a cozinhar diariamente para ele desde o casamento, por isso ela não fazia as unhas há muito tempo.

Alexia disse por fim: "Bem, não importa. Isso pelo menos já é um começo. Depois de terminar as unhas, o próximo passo será o cabelo, e depois o seu guarda-roupa. Ainda me lembro de quando éramos crianças, andando furtivamente nos saltos das nossas mães. Agora você não precisa mais se encolher para se tornar alguém que não é."

Erguendo as mãos para admirá-las uma vez mais, ela sorriu. "Ah, pena que sou médica agora. Não posso sair por aí parecendo uma árvore de natal."

Millie riu. Essa era naturalmente quem era - brilhante, expressiva e cheia de cores. Só tinha mudado o seu jeito de ser por causa de Brandon, depois de se apaixonar por ele.

Durante anos, Millie acreditou que a verdadeira felicidade residia nas coisas mais simples - estar com o homem que amava, cozinhar para ele, criar os seus filhos e envelhecer lado a lado. Mas agora, tudo isso parecia ridículo.

Por sorte, não era tarde demais para mudar as coisas a partir do presente.

Ela estava pronta para recomeçar - desta vez nos seus próprios termos.