A Prometida do Impíedoso
img img A Prometida do Impíedoso img Capítulo 4 Damian Stark 3
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Capítulo 6 Damian Stark 5 img
Capítulo 7 Diana Cross 6 img
Capítulo 8 Damian Stark 7 img
Capítulo 9 Diana Cross 8.0 img
Capítulo 10 Diana Cross 8.1 img
Capítulo 11 Damian Stark 9.0 img
Capítulo 12 Damian Stark 9.1 img
Capítulo 13 Diana Cross 10.0 img
Capítulo 14 Diana Cross 10.1 img
Capítulo 15 Damian Stark 11.0 img
Capítulo 16 Damian Stark 11.1 img
Capítulo 17 Diana Cross 12.0 img
Capítulo 18 Diana Cross 12.1 img
Capítulo 19 Damian Stark 13.0 img
Capítulo 20 Damian Stark 13.1 img
Capítulo 21 Diana Cross 14.0 img
Capítulo 22 Diana Cross 14.1 img
Capítulo 23 Damian Stark 15.0 img
Capítulo 24 Damian Stark 15.1 img
Capítulo 25 Diana Cross 16.0 img
Capítulo 26 Diana Cross 16.1 img
Capítulo 27 Damiana Stark 17.0 img
Capítulo 28 Damian Stark 17.1 img
Capítulo 29 Diana Cross 18.0 img
Capítulo 30 Diana Cross 18.1 img
Capítulo 31 Damian Stark 19.0 img
Capítulo 32 Damian Stark 19.1 img
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Capítulo 4 Damian Stark 3

Após mandar Diana embora, encerrei minha noite de maneira abrupta. De longe, observei enquanto ela deixava o prédio sozinha. Apenas esperei que entrasse em um táxi e sumisse na escuridão da rua. Depois disso, caminhei até o meu carro e fui para casa.

Nada ali fazia mais sentido. Mesmo incomodado com tudo o que havia acontecido, tentei me convencer de que o melhor era esquecer.

Chegando em casa, tomei um banho rápido e me joguei na cama, tentando afogar os pensamentos no travesseiro. Mas não adiantou.

Acordei mais cedo que o habitual. Tive uma noite inquieta, mal dormida. Diana rondava meus pensamentos como uma sombra persistente, e por mais que eu tentasse expulsá-la da mente, ela continuava ali. Nos meus olhos. Na minha pele. No que restava da minha paz. Um péssimo sinal.

Tomei meu café sem açúcar, amargo como a sensação que me consumia, e encarei o horizonte de Yarolensk da varanda da cobertura. Por impulso, desci até o subsolo da residência, um lugar onde guardo tudo que realmente importa. Segredos. Legados. A história da minha linhagem.

E a promessa que fiz ao meu pai.

O cofre se abriu com o reconhecimento biométrico. As luzes internas se acenderam suavemente, revelando pastas seladas, contratos antigos... e uma caixa de madeira escura, onde repousava a relíquia deixada por Barac: uma fotografia amarelada, guardada como se fosse um artefato sagrado.

Sentei-me, respirei fundo antes de tocá-la.

A imagem mostrava um bebê enrolado em panos brancos. O olhar era intenso, mesmo na inocência de poucos meses de vida. Mas o que mais chamava atenção estava ali, na lateral da clavícula esquerda: uma marca escura, de contorno irregular, como uma estrela incompleta.

A marca.

A mesma que meu pai descreveu antes de morrer.

Você vai reconhecê-la... pela marca.

Fechei os olhos, tentando afastar a ideia absurda que começava a tomar forma. Mas era inevitável. Uma tempestade à espreita.

Não pode ser.

Levantei-me, inquieto. Guardei a foto e os documentos, fechei o cofre e saí de casa como se o destino tivesse acabado de me empurrar para uma estrada sem volta.

Cheguei à empresa com passos duros e rápidos. Falei pouco. Não olhei ninguém nos olhos. Subi direto para o meu andar. Mas ao entrar no corredor que levava à minha sala, parei.

Ela estava ali. Diana. De costas, mexendo nos arquivos com a costumeira hesitação. A blusa caía sutilmente sobre o ombro esquerdo.

E então eu vi.

A marca.

Exatamente onde estava na fotografia.

O chão pareceu se mover. O ar ficou mais pesado. O tempo desacelerou.

Não é possível. Isso é impossível.

- Diana... - minha voz saiu mais rouca do que deveria.

Ela se virou, assustada. Tinha aquela expressão de quem não sabe se deve correr ou se desculpar.

- Senhor Damian? Eu... cheguei mais cedo hoje. Queria compensar a confusão de ontem...

- Venha até minha sala. Agora.

Ela hesitou.

- Eu fiz algo errado?

- Agora, Diana.

Ela engoliu seco e me seguiu com passos contidos.

Assim que a porta se fechou, a encarei com intensidade. Cada gesto dela parecia um eco do passado. Uma chave para o enigma que me foi legado.

- Você tem uma marca no ombro. Uma mancha de nascença.

Ela franziu o cenho.

- Tenho, sim. Por quê?

Me aproximei.

- Posso vê-la?

Ela recuou, insegura. Mas viu algo no meu olhar que a fez parar. Respirou fundo, afastou o tecido da blusa. E lá estava ela. A marca. A forma. A mesma imagem da fotografia.

É ela.

A criança da foto. O elo da promessa. O coração do legado.

E, talvez, o maior perigo que já cruzou meu caminho.

- Por que você tem essa marca? - perguntei, como se ela pudesse explicar o inexplicável.

- Não sei. Eu nasci com ela... por quê? O senhor está me assustando.

- Você não faz ideia... do que isso significa.

Ela balançou a cabeça, confusa. Eu a encarei por longos segundos, então a liberei. Mas mesmo depois que saiu da sala, o silêncio permaneceu ensurdecedor.

Diana não é só minha secretária. Ela é a peça-chave.

Peguei o telefone.

- Verônica, entre em contato com um dos nossos investigadores privados. Preciso de um levantamento completo sobre Diana. Histórico familiar, adoções, certidões, escolas, laudos médicos. Tudo. Com máxima discrição. Entendido?

- Sim, senhor. O relatório será entregue amanhã?

- Em mãos. E que ninguém mais saiba disso. Nem ela.

Desliguei.

Se Diana realmente tem ligação com a criança da foto, preciso saber de tudo. Cada mentira. Cada silêncio. Cada verdade oculta.

À noite, abri novamente o cofre. Encarei a imagem da criança com a marca. A mesma que agora eu tinha visto com meus próprios olhos.

Diana... será mesmo você?

A filha perdida?

Ou uma armadilha disfarçada de destino?

Na manhã seguinte, cheguei antes de todos. Sobre minha mesa, um envelope preto com selo de segurança.

Tranquei a porta. Abri. E comecei a ler.

Nome completo: Diana Cross.

Natural de Petrograd.

Órfã de pais biológicos.

Adoção informal aos 8 meses por Olga Petrovna (falecida).

Registro anterior desaparecido.

Certidão só emitida aos 3 anos.

Marca de nascença: clavícula esquerda.

Meu sangue gelou.

Ela desapareceu exatamente no período em que meu pai falava sobre uma criança que precisávamos encontrar.

Diana foi escondida. Por alguém que não queria que ela fosse descoberta.

Mas agora... ela está aqui.

Sob meu teto. Sob meu olhar.

Sob meu risco.

Fechei a pasta. Encostei na cadeira e respirei fundo.

Ela é a escolhida.

Mas será confiável?

Ou foi plantada para destruir tudo?

Tentei me concentrar no trabalho, nos desenhos dos carros. Meu refúgio silencioso. Mas ela... ela quebrava meu foco só por estar presente.

Durante a tarde, uma reunião externa me afastou da empresa. Minha assessora notou meu distanciamento, mas nem imaginava o caos em que me encontrava. Eu precisava de uma solução. Um plano. Um lugar seguro para colocá-la, longe dos olhos errados.

À noite, encarei sua foto emoldurada sobre a estante. O olhar dela parecia me atravessar.

Ela é a mulher que devo proteger.

A mulher com quem preciso me casar.

Liguei para meu amigo detetive.

- Siga Diana discretamente. Quero saber quem se aproxima dela. Mapear tudo. Entendido?

- Sim, detalhes enviados tempo real, ou um relatório com fotos?

- Relatório completo.

Desligo sem e esperar ele me responder. Agora era tentar descansar.

Na manhã seguinte, antes de chegar ao escritório, fui até a área de criação de veículos e permaneci lá quase o dia todo. Precisava de tempo. Precisava de controle.

Mas ao voltar, ela estava lá. Focada no computador. Nem se moveu quando passei. Entrei em minha sala. Meu celular apitou.

Fotos.

A primeira: Diana chegando em casa com uma mulher devia ser a amiga. Segunda: na frente da faculdade. Terceira...

Um carro parado ao lado dela. Um homem.

Quem diabos era aquele?

Liguei imediatamente.

- Quem é esse homem ao lado dela?

- Ainda não sei, Damian.

- Eu fui claro. Quero saber TUDO. Descubra quem é. Agora.

Desliguei, furioso.

Ela não pode ter um namorado.

Ela é minha.

E de mais ninguém.

Momentos depois, alguém bateu. Era ela. Olhar baixo, postura contida.

- Senhor, remarquei sua videoconferência para daqui a vinte minutos. E os documentos estão em sua mesa.

- Fora isso, algo mais importante?

- Não. Apenas isso.

- Ok. Quando finalizar, aviso.

- Precisa de algo mais?

- Não. Pode se retirar.

Ela virou-se para sair, mas minha voz a deteve.

- Diana, você tem namorado?

Ela parou. Virou-se, surpresa.

- Oi? Não compreendi, senhor...

- A pergunta é simples. Sim ou não. Você tem namorado?

- Com todo respeito, minha vida pessoal não diz respeito ao senhor - respondeu, pela primeira vez, me encarando diretamente.

- Diana, a partir do momento em que trabalha para mim, me deve obediência. Agora responda.

Ela me olhou firme. Respirou fundo.

- Não. Algo mais, senhor?

Sua voz trazia a raiva que ela tentava esconder.

Fiquei em silêncio. Observando-a sair.

Ela é a escolhida.

Mas ainda é um enigma.

E pode ser, ao mesmo tempo, a salvação...

Ou minha ruína.

Tento me concentrar na pauta da reunião, mas é inútil. As palavras se embaralham diante dos meus olhos, os gráficos perdem o sentido e a voz dos outros participantes se torna apenas um ruído de fundo. Meu foco está comprometido. A única imagem que insiste em dominar meus pensamentos é a dela. Diana.

Passo o restante da tarde mergulhado entre reuniões, contratos e documentos. Mas nada me distrai o suficiente. Nem mesmo os assuntos mais estratégicos conseguem disputar espaço com a presença silenciosa que ela ocupa em minha mente.

Em determinado momento, ela entra na minha sala para entregar os papéis que eu havia solicitado. Trocamos poucas palavras. Ela sai e eu continuo ali, imóvel, observando a porta fechar-se atrás dela. Depois, me viro para a janela ampla da minha sala e fico olhando o movimento da cidade lá embaixo, buscando clareza no meio do caos que se instalou dentro de mim.

O som do celular me desperta desse transe. A tela pisca com novas mensagens e algumas fotos anexadas. É meu contato. Abro com rapidez.

"Nome: Otávio. Solteiro. Estudante de medicina. Está no mesmo período que Diana. São apenas amigos, sem histórico de envolvimento romântico."

Respiro fundo. Digito apenas um "ok, continue de olho" e envio a resposta.

Por algum motivo, essa confirmação me alivia. Pelo menos, por enquanto, não preciso me preocupar com esse idiota. Não quero distrações. Não quero obstáculos.

E, principalmente, não quero ninguém no meu caminho.

Ela bate à porta da minha sala e eu autorizo a entrada com um simples gesto. Entra com a postura sempre cuidadosa, como se estivesse medindo cada passo, cada palavra.

- Senhor, ainda vai precisar de mim? Já está no meu horário.

- Pode ir. Está liberada.

- Ok. Tenha uma boa noite - ela diz, já se virando para sair.

A porta se fecha, e me dou conta de que o dia chegou ao fim. Encerro o que restava do expediente, desligo o computador, recolho os documentos que preciso analisar em casa, guardo tudo com calma e deixo a sala em silêncio.

No elevador, percebo que ela não está ali. Provavelmente pegou o outro. Aperto o botão da garagem. O celular vibra no bolso. É a Verônica. Suspiro antes de atender.

- Damian, onde você está? - ela dispara, com aquele tom irritante de sempre.

- Desde quando preciso dar satisfação da minha vida?

- A gente tinha reunião. Acabei de ir na sua sala, e você sumiu. E aquela desastrada da sua secretária também!

- Se quiser continuar como minha assistente, reveja o tom com que fala comigo.

- Damian, o que está acontecendo com você?

- Se for algo importante, envie por e-mail. Ou deixe na minha sala que amanhã eu resolvo.

Desligo na cara dela. Não tenho paciência para lidar com os dramas de Verônica. Não hoje.

Chego à garagem, entro no carro e deixo o prédio. Pego a avenida principal. Um impulso me leva a seguir por outro caminho, quero ver como ela volta para casa.

Dobro a rua e lá está ela, na parada de ônibus. Sozinha. Mas, antes que eu consiga me aproximar, um carro para ao lado dela. Fico em alerta. Ela sorri. E entra.

Merda.

Quem é esse? Ela não pode simplesmente entrar no carro de qualquer um.

Acelero discretamente, mantendo uma distância segura, e sigo o veículo. Algo em mim se revira ao vê-la ali dentro, confortável, conversando com um desconhecido.

Quando o carro entra na avenida da faculdade, estaciona e ela desce. Não demora e o motorista também sai, reconheço o rosto. É o mesmo da foto.

Otávio.

Merda.

Observo os dois caminhando lado a lado para dentro do campus. Conversam, rindo de algo. E eu ali, preso dentro do carro, sem poder fazer absolutamente nada.

A sensação de impotência me corrói. Eu preciso fazer alguma coisa. Preciso retomar o controle.

Preciso dar um jeito de ter ela sob minhas regras. Antes que alguém mais pense que pode tê-la.

Mais um capítulo liberadooooo

O que estão achando meninas??

            
            

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