Do Peão Dele À Rainha Dela
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Capítulo 3

Ele a levou de volta para sua cobertura. A mesma cobertura da qual ela havia fugido poucos dias antes. As luzes da cidade se espalhavam abaixo deles como um tapete de estrelas caídas, mas esta noite, elas não ofereciam conforto, apenas uma sensação de vertigem e perda.

Ele não falou durante o trajeto. Apenas sentou-se ao lado dela, uma presença silenciosa e sombria que enchia o carro com uma tensão sufocante. Quando chegaram, ele mesmo carregou a bagagem dela, seus movimentos eficientes e impessoais. Ele abriu a porta e gesticulou para que ela entrasse.

"Você pode ficar com o quarto principal", disse ele, a voz plana.

Era o mesmo quarto onde eles haviam passado inúmeras noites, um quarto que guardava os fantasmas de seu caso secreto. A ideia de dormir naquela cama sozinha, com a memória de sua traição fresca em sua mente, era insuportável.

"Vou ficar no quarto de hóspedes", disse ela, a voz mais fria do que pretendia. "Não vou ficar muito tempo. Apenas até conseguir organizar minha ida para Florianópolis."

Um lampejo de algo - decepção? frustração? - cruzou seu rosto antes que ele o mascarasse. "Como quiser."

Ela se trancou no quarto de hóspedes, um espaço pequeno e estéril que parecia um hotel. Sentou-se na beirada da cama, encarando as paredes brancas, contando os dias até seu casamento. Mais onze dias. Onze dias até pertencer a um homem que nunca conhecera. Parecia uma sentença de morte e uma libertação ao mesmo tempo.

Na manhã seguinte, ela o encontrou na cozinha. A tensão da noite anterior ainda pairava no ar, espessa e não dita.

Ela decidiu quebrá-la.

"Você e a Camila voltaram?", ela perguntou, a voz deliberadamente casual enquanto se servia de uma xícara de café.

Ele não olhou para ela. Continuou a ler as notícias financeiras em seu tablet. "Eu sei quem ela é."

A não-resposta era uma resposta em si.

"Tenho certeza que sim", disse Helena, um tom amargo em sua voz. "Deve ser bom ter alguém tão... em dívida com você. Alguém com quem você sempre pode contar para ser frágil e precisar de salvação."

Ele finalmente olhou para cima, seus olhos frios. "Camila e eu temos uma história. É complicado."

"Tudo com você é complicado, Arthur."

Ele pousou o tablet. "Fique longe dela, Helena. Ela já passou por muita coisa. Não vou permitir que você a atormente."

O aviso era claro. Ele estava protegendo Camila. Dela.

Uma risada, aguda e frágil, escapou de seus lábios. "Não se preocupe. Não tenho a menor intenção de atrapalhar sua... história complicada. Tenho um casamento para planejar, afinal."

Ela pegou seu café e recuou para o quarto de hóspedes, a conversa deixando um gosto azedo em sua boca. Ele havia construído uma fortaleza ao redor de Camila, e Helena estava firmemente do lado de fora.

Ela passou o dia em seu quarto, o silêncio da cobertura a pressionando. Naquela noite, não conseguiu dormir. Ficava pensando nos hábitos de Arthur, como ele sempre dormia do lado esquerdo da cama, como o som de sua respiração constante já fora um conforto. Agora, o silêncio de seu quarto no final do corredor era um lembrete constante de que ele não era mais dela. Ele não estava pensando nela. Ele não estava verificando se ela estava bem. Ele a trouxera para cá por um senso de dever, não de desejo.

No dia seguinte, ele a abordou com um convite. "Há uma festa hoje à noite. Na casa de um sócio meu. Quero que você venha comigo."

"Por quê?", ela perguntou, desconfiada.

"Não quero que você fique aqui sentada sozinha, remoendo."

A ideia de passar outra noite presa neste apartamento silencioso era sufocante. Contra seu bom senso, ela concordou. "Tudo bem."

A festa era em uma mansão luxuosa nas colinas, um evento brilhante cheio da elite da cidade. Assim que entraram, uma mulher com um sorriso brilhante e acolhedor se aproximou deles. Era Camila.

"Arthur! Você veio!", ela exclamou, jogando os braços ao redor do pescoço dele em um abraço familiar. Ela se afastou e seus olhos pousaram em Helena, seu sorriso vacilando por uma fração de segundo. "Ah. Helena. Você também está aqui."

"Olá, Camila", disse Helena, sua voz pingando gelo.

"Estou tão feliz que vocês dois puderam vir", disse Camila, recuperando-se rapidamente. "É uma festa de boas-vindas. Para mim."

Helena sentiu o chão sumir sob seus pés. Ele a trouxera para uma festa celebrando o retorno de sua rival. A humilhação foi um golpe físico, roubando o ar de seus pulmões. Ela se virou para sair, mas a mão de Camila em seu braço a deteve.

"Por favor, não vá", disse Camila, sua voz tingida de falsa preocupação. "Sei que as coisas devem estar difíceis para você agora, com seu pai te cortando. Você deve se sentir tão perdida."

Suas palavras foram ditas alto o suficiente para que os que estavam por perto ouvissem. Cabeças se viraram. Sussurros começaram a ondular pela multidão.

"Estou bem", disse Helena entre dentes.

Os olhos de Camila se encheram de lágrimas. "Oh, Helena, você não precisa ser tão corajosa. Sei que tivemos nossas diferenças, mas eu realmente quero ajudar." Ela fungou, um som perfeito e delicado que atraiu a simpatia de todos.

"Para com isso", Helena sibilou, sua paciência esgotada.

"Por favor, não fique brava comigo", Camila choramingou, virando-se para Arthur, o lábio inferior tremendo. "Arthur, ela está me assustando."

Arthur deu um passo à frente, colocando um braço reconfortante ao redor dos ombros de Camila. Ele olhou para Helena, seus olhos duros de decepção. "Helena. Já chega."

Ele levou a chorosa Camila para longe, deixando Helena parada sozinha em um mar de olhos julgadores. Ela o observou murmurar palavras de conforto para Camila, a cabeça inclinada perto da dela. A cena foi um soco no estômago. Ele nunca lhe mostrara esse tipo de apoio público, essa proteção gentil. Para o mundo, e para ele, ela era a vilã, e Camila era a vítima.

Ela finalmente entendeu. Ele não estava apenas protegendo Camila por causa da dívida. Ele se importava com ela. Talvez até a amasse. E ela, Helena, sempre fora apenas uma diversão, um "belo desastre" que ele gostava de domar em particular, mas que nunca reivindicaria em público.

O amor ao qual ela se apegara, a esperança que ela nutrira no escuro, era uma mentira.

Ela se virou e caminhou em direção ao bar, seus movimentos rígidos e robóticos. Ela precisava de uma bebida. Precisava anestesiar a dor que ameaçava despedaçá-la.

            
            

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