Do Peão Dele À Rainha Dela
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Capítulo 4

De seu posto no bar, Helena os observava. Arthur nunca saía do lado de Camila. Ele buscava suas bebidas, ria de suas piadas e mantinha uma mão protetora na base de suas costas. O homem estoico e controlado que ela conhecia se fora, substituído por alguém atencioso e caloroso.

Uma percepção devastadora a atingiu. Arthur não era frio e incapaz de afeto. Ele apenas não era capaz disso com ela. O calor, a ternura, as demonstrações públicas de devoção - tudo isso era reservado para Camila. Helena só recebia o CEO frio e distante, o homem que a gerenciava como um problema e a desejava como um segredo.

Os sussurros ao seu redor confirmavam isso.

"Eles ficam tão perfeitos juntos."

"Ele é tão bom para ela. Ela passou por tanta coisa."

"Ouvi dizer que a última namorada dele foi aquela garota selvagem dos Ferraz. Ele deve estar tão aliviado por estar com alguém estável como a Camila."

Cada palavra era mais uma torção na faca. Ela virou sua bebida, a queimação do álcool uma distração bem-vinda da dor em seu peito.

Um anfitrião subiu ao palco, anunciando um jogo de festa. "Verdade ou Desafio, com um toque tecnológico!", ele bradou. Perguntas apareceriam em uma tela grande, e um convidado escolhido teria que responder. Arthur foi, é claro, o primeiro escolhido.

A primeira pergunta era simples: "Praia ou montanha?"

Arthur respondeu sem hesitar. "Praia." Uma foto de uma Camila sorridente em uma praia de areia apareceu na tela.

"Camila ama a praia", ele explicou, um sorriso suave tocando seus lábios. "Nós costumávamos ir o tempo todo quando éramos mais jovens."

A multidão suspirou e murmurou. Helena sentiu-se enjoada. Ela odiava a praia. Ela amava as montanhas. Ela lhe dissera isso uma vez, em uma rara noite em que conversaram sobre algo além de seu caso clandestino. Ele claramente não estava ouvindo.

O jogo continuou. "Café ou chá?" Ele escolheu chá, o favorito de Camila. "Cães ou gatos?" Ele escolheu cães, porque Camila tinha um golden retriever. Cada escolha, cada resposta, era um testemunho de sua devoção a Camila, e um lembrete gritante de quão pouco ele sabia, ou se importava em saber, sobre Helena.

Então veio a pergunta final. O anfitrião sorriu. "Tudo bem, Arthur. Para a rodada final. Você tem que escolher. Se você só pudesse salvar uma pessoa em um desastre, quem seria?"

Duas fotos apareceram na tela, lado a lado.

Uma era de Camila, sorrindo docemente, a imagem da inocência.

A outra era de Helena, uma foto espontânea de um evento de imprensa, sua expressão feroz e desafiadora.

A sala ficou em silêncio. Todos os olhos estavam em Arthur. Ele ficou lá por um longo tempo, o rosto indecifrável. Helena prendeu a respiração, uma pequena e estúpida centelha de esperança se acendendo nas ruínas de seu coração. Talvez, apenas talvez, neste único momento, ele a escolheria. Ele veria sua força, seu fogo, e o escolheria em vez da fragilidade fabricada de Camila.

Ele finalmente falou, sua voz clara e firme.

"Eu escolho a Camila."

A esperança dentro dela morreu instantaneamente, extinta como se nunca tivesse existido. A sala explodiu em aplausos. Era a resposta perfeita e romântica. O homem forte escolhendo proteger a mulher delicada.

Helena não ouviu. Ela apenas colocou seu copo no bar com um clique suave, virou-se e foi embora. Ela fugiu para o banheiro, o som da festa desaparecendo atrás dela. Ela jogou água fria no rosto, encarando seu reflexo no espelho. Tola. Você é uma tola.

Ela respirou fundo, recompondo-se. Não deixaria que a vissem desmoronar. Ela voltaria para aquela festa, de cabeça erguida, e agiria como se seu coração não estivesse sangrando no chão.

Ao entrar no corredor mal iluminado, um homem bloqueou seu caminho. Era um dos homens bêbados do parque, seus olhos cheios de uma familiaridade lasciva.

"Ora, ora. A princesa está sozinha agora", ele zombou, aproximando-se.

"Saia do meu caminho", disse Helena, sua voz baixa e perigosa.

Ele riu e estendeu a mão para ela. "Acho que não."

Nesse momento, ela viu Arthur no final do corredor. Seus olhos se encontraram. Por um segundo, ela viu um lampejo de preocupação em seu rosto. Ele começou a caminhar em sua direção. Alívio, indesejado, mas potente, a invadiu.

Mas então, um grito pequeno e assustado veio da sala da festa. "Arthur! Socorro!"

Era Camila.

Arthur parou. Ele olhou de Helena, que estava sendo encurralada por um predador, para a porta de onde viera a voz de Camila. Ele não hesitou por um segundo.

Ele se virou e correu de volta para a festa, abandonando Helena no corredor.

O homem na frente dela sorriu. "Parece que seu cavaleiro de armadura brilhante está ocupado."

Naquele momento, algo dentro de Helena se partiu. A dor, a humilhação, as traições intermináveis - tudo se fundiu em uma fúria incandescente. Ela não gritou. Ela não chorou. Ela se esticou para o pequeno carrinho de bar encostado na parede, pegou uma garrafa de vinho vazia e a quebrou na borda do carrinho.

Os olhos do homem bêbado se arregalaram de medo enquanto ela avançava sobre ele, a borda irregular da garrafa estendida como uma arma. Ele recuou e fugiu.

Ela ficou sozinha no corredor, a mão sangrando de onde segurara o vidro quebrado. A dor física era uma pulsação surda comparada à ferida aberta em sua alma.

Ela ouviu passos e olhou para cima. Arthur estava caminhando em sua direção, com Camila agarrada ao seu braço, parecendo perfeitamente ilesa.

"Meu Deus, Helena, sua mão!", Camila exclamou, sua voz pingando falsa simpatia. "O que aconteceu?"

Helena a ignorou, seus olhos fixos em Arthur. "Você a salvou?", ela perguntou, a voz plana. "Ela estava em perigo terrível?"

A mandíbula de Arthur se contraiu. Ele tinha visto o que estava acontecendo. Ele sabia que Camila havia fingido sua angústia. E ele ainda a escolhera. "Ela estava com medo. Você sabe se virar."

Essas palavras foram o prego final no caixão de seu amor. Você sabe se virar. Não era um elogio. Era uma desculpa. Uma desculpa para abandoná-la, para sempre escolher o caminho mais fácil, o caminho que levava a Camila.

"Você está certo", disse Helena, uma calma estranha se instalando sobre ela. "Eu sei."

Ela olhou para sua mão sangrando, depois de volta para ele. Este era o fim.

Mas a noite não havia acabado. Enquanto ela saía da mansão e esperava por um táxi, um carro veio cantando pneu na esquina, seus pneus chiando no asfalto. Estava se movendo muito rápido, fora de controle. Estava indo direto para o local onde ela estava, com Arthur e Camila a poucos metros de distância.

O tempo pareceu desacelerar. Ela viu os olhos de Arthur se arregalarem em pânico. Ela o viu se mover.

Ele não se moveu em direção a ela.

Ele se jogou na frente de Camila, protegendo-a com seu corpo sem pensar duas vezes.

Helena ficou completamente exposta.

O impacto foi uma explosão brutal e chocante de dor e vidro estilhaçado. O mundo ficou preto.

                         

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