Segredos no Palácio
img img Segredos no Palácio img Capítulo 1 A festa no Palácio
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Capítulo 6 O jogo dos convites img
Capítulo 7 O retrato de Ester img
Capítulo 8 A entrada de Ester img
Capítulo 9 O dossiê incompleto img
Capítulo 10 O primeiro contato img
Capítulo 11 A conversa reservada img
Capítulo 12 Sob as luzes do salão img
Capítulo 13 Fora do salão img
Capítulo 14 O primeiro convite img
Capítulo 15 Galanteios e olhares img
Capítulo 16 O passeio reservado img
Capítulo 17 Orientações e dúvidas img
Capítulo 18 O encanto público img
Capítulo 19 Laços em formação img
Capítulo 20 A conspiração img
Capítulo 21 Sombras no Palácio img
Capítulo 22 O homem dos projetos img
Capítulo 23 Entre dois mundos img
Capítulo 24 Vidas que se unem img
Capítulo 25 Convite em pauta img
Capítulo 26 Vozes da comunidade img
Capítulo 27 O evento img
Capítulo 28 Uma noite inquieta img
Capítulo 29 Ecos do evento img
Capítulo 30 A armadilha img
Capítulo 31 Contra ofensiva img
Capítulo 32 Petulância cega img
Capítulo 33 O reconhecimento img
Capítulo 34 Mais um passo rumo à verdade img
Capítulo 35 A verdade revelada img
Capítulo 36 Novos rumos img
Capítulo 37 A queda do Falcão img
Capítulo 38 A força das comunidades img
Capítulo 39 Entre o poder e o amor img
Capítulo 40 O amor nos holofotes img
Capítulo 41 Os preparativos img
Capítulo 42 O casamento img
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Segredos no Palácio

Lanuza Santos
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Capítulo 1 A festa no Palácio

O Palácio do Buriti parecia respirar luxo naquela noite. Fachos de luz iluminavam a fachada de vidro, refletindo nos carros oficiais que chegavam em fila contínua. As ruas vizinhas estavam bloqueadas, ocupadas por seguranças de terno escuro e pelo zumbido insistente dos drones da imprensa.

Lá dentro, o salão principal brilhava sob lustres de cristal importados. Senadores, empresários, ministros e socialites desfilavam entre mesas impecavelmente postas, como se disputassem quem exibia mais poder em cada gesto. Os garçons, quase invisíveis, circulavam em silêncio absoluto.

No fundo da sala, Mateus Duarte observava a cena. O jornalista experiente não fora convidado oficialmente, mas sabia se infiltrar. Tinha credenciais de imprensa que, embora antigas, ainda abriam portas, e nenhum segurança ousava barrar quem carregava uma câmera e um crachá.

Ele não bebia, não sorria, não fazia parte do espetáculo. Seus olhos percorriam cada detalhe com a precisão de quem vive para registrar falhas - e transformar deslizes em manchetes.

No palco, Henrique Valença, o governador do Distrito Federal, reinava absoluto. O terno azul impecável, a voz treinada, o sorriso calculado: tudo nele parecia encenar a imagem de um líder inquestionável.

- Senhores e senhoras, brindemos a mais um ciclo de vitórias para Brasília! - anunciou, erguendo a taça.

O público respondeu com aplausos e o tilintar das taças de cristal.

Foi então que Henrique voltou-se para a esposa, Vitória, que se mantinha ao seu lado. Bela e altiva, ela vestia um longo branco que destacava ainda mais seu olhar frio.

- E para que este brinde seja perfeito - disse Henrique, a voz carregada de autoridade -, quero que todos vejam como minha esposa é a joia mais preciosa desta noite. Vitória, venha dançar comigo.

O salão mergulhou em expectativa.

Vitória manteve o sorriso profissional, mas seus olhos faiscavam em desafio. Ela não se moveu.

- Não, Henrique. Não desta vez.

Um murmúrio atravessou a multidão, como uma onda de choque. O sorriso do governador permaneceu no rosto, mas nos olhos se desenhava uma fúria contida. A recusa, pública e direta, era mais que uma afronta: era uma ferida em sua autoridade diante de toda a elite da cidade.

Mateus registrou cada segundo mentalmente. Sabia que, dali em diante, nada ficaria como antes. No jogo de poder, gestos falam mais alto que discursos - e Vitória acabara de declarar guerra ao marido diante de todos.

Enquanto a orquestra retomava uma melodia tensa para abafar o escândalo, o jornalista pensava: há histórias que caem no colo de um repórter sem que ele precise escrever uma única linha. Mas há também aquelas que, quando acontecem diante dos seus olhos, têm força para incendiar toda uma cidade.

E ele tinha certeza: naquela noite, em Brasília, a faísca acabara de ser acesa.

            
            

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