Segredos no Palácio
img img Segredos no Palácio img Capítulo 5 O plano de Mateus
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Capítulo 6 O jogo dos convites img
Capítulo 7 O retrato de Ester img
Capítulo 8 A entrada de Ester img
Capítulo 9 O dossiê incompleto img
Capítulo 10 O primeiro contato img
Capítulo 11 A conversa reservada img
Capítulo 12 Sob as luzes do salão img
Capítulo 13 Fora do salão img
Capítulo 14 O primeiro convite img
Capítulo 15 Galanteios e olhares img
Capítulo 16 O passeio reservado img
Capítulo 17 Orientações e dúvidas img
Capítulo 18 O encanto público img
Capítulo 19 Laços em formação img
Capítulo 20 A conspiração img
Capítulo 21 Sombras no Palácio img
Capítulo 22 O homem dos projetos img
Capítulo 23 Entre dois mundos img
Capítulo 24 Vidas que se unem img
Capítulo 25 Convite em pauta img
Capítulo 26 Vozes da comunidade img
Capítulo 27 O evento img
Capítulo 28 Uma noite inquieta img
Capítulo 29 Ecos do evento img
Capítulo 30 A armadilha img
Capítulo 31 Contra ofensiva img
Capítulo 32 Petulância cega img
Capítulo 33 O reconhecimento img
Capítulo 34 Mais um passo rumo à verdade img
Capítulo 35 A verdade revelada img
Capítulo 36 Novos rumos img
Capítulo 37 A queda do Falcão img
Capítulo 38 A força das comunidades img
Capítulo 39 Entre o poder e o amor img
Capítulo 40 O amor nos holofotes img
Capítulo 41 Os preparativos img
Capítulo 42 O casamento img
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Capítulo 5 O plano de Mateus

Na redação abafada do jornal independente onde trabalhava, Mateus Duarte revisava anotações quando recebeu uma ligação inesperada. Era um antigo colega da Câmara Legislativa, um assessor que devia favores.

- Estão montando um teatro nos bastidores - disse a voz do outro lado. - Querem uma nova "primeira-dama" para Henrique. Não vai ser por amor, Mateus. É pura estratégia.

Mateus permaneceu em silêncio, ouvindo cada detalhe. O perfil que descreviam - jovem, elegante, mas de origem simples, com alguma ligação a causas sociais - soava quase como um retrato encomendado. Ele entendeu imediatamente: não buscavam uma esposa, mas um símbolo político.

Desligou o telefone e ficou alguns segundos olhando pela janela da redação, para o céu pesado de Brasília. Naquele instante, algo começou a se formar em sua mente.

Na semana seguinte, viajou até a cidade-satélite onde vivia sua sobrinha, Ester Duarte. A jovem trabalhava como professora voluntária em um projeto comunitário que ensinava reforço escolar e artes para crianças de famílias carentes. Ali, Mateus viu novamente o que já sabia: Ester tinha presença. Não apenas beleza, mas uma serenidade natural que atraía respeito.

- Tio, o que houve? - perguntou ela, percebendo a expressão carregada.

Ele respirou fundo.

- Há uma movimentação em Brasília. Estão procurando alguém... alguém como você.

Ester franziu a testa, confusa.

- Como eu? Não entendo.

- Querem criar a imagem perfeita para o governador. Jovem, bonita, do povo. Uma mulher que passe credibilidade e dê ao cargo dele o verniz que perdeu com a queda de Vitória.

Ester riu, nervosa.

- Isso é loucura. Por que eu aceitaria entrar em algo assim?

Mateus se aproximou, falando mais baixo.

- Porque não se trata só de você, Ester. Se conseguirmos esse espaço, teremos voz. Poder. Você não imagina quantas famílias daqui estão prestes a ser despejadas por causa dos projetos de urbanização que Heitor Andrade está empurrando. Gente que você conhece vai perder tudo.

O silêncio caiu pesado entre os dois. Ester encarou o tio, tentando medir até onde ia a gravidade daquilo.

- Você está dizendo... que se eu entrar nesse jogo, posso proteger nossa gente?

Mateus assentiu.

- É perigoso, sim. Você será usada. Mas, se souber jogar, pode virar o jogo.

Ester ficou sem palavras. Parte dela queria recusar imediatamente. Mas outra parte - a que lembrava os rostos das crianças do projeto, os vizinhos que lutavam contra despejos, as mães que choravam com medo do amanhã - a impedia de dizer "não".

No fundo, ambos sabiam: naquele momento, um caminho havia se aberto. E não haveria volta.

                         

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