Lucian se ajoelhou ao lado de Seraphina, seu toque em seu ombro gentil. Então ele se levantou, seus olhos ardendo com uma fúria que eu nunca tinha visto dirigida a mim. "Você está louca?", ele rugiu, sua voz ecoando no silêncio atordoado.
Ele se virou para a alcateia, seu braço gesticulando em minha direção como se eu fosse um pedaço de lixo. "Esta loba e eu não temos nenhuma conexão", ele declarou, sua voz fria e absoluta. "Ela não passa de uma Ômega de baixo escalão com uma obsessão patética e doentia."
Cada palavra foi um golpe físico, roubando o ar dos meus pulmões. Era isso. A humilhação final e pública.
Ele fixou seu olhar no meu. A lua estava diretamente acima de nós agora, sua luz fria nos banhando, uma testemunha silenciosa da atrocidade que ele estava prestes a cometer.
"Eu, Alfa Lucian Montenegro, rejeito você, Elara Mendes, como minha companheira."
As palavras, ditas no silêncio sagrado, estilhaçaram o mundo ao meu redor. Uma dor diferente de tudo que eu já conheci rasgou minha própria alma. Não foi um corte limpo, mas um rasgo violento e brutal. Parecia que uma parte vital de mim, a parte que me conectava a ele, à minha outra metade, estava sendo arrancada do meu peito, deixando uma ferida aberta e sangrando.
Lágrimas de sangue escorreram dos meus olhos, um testemunho da violência espiritual que estava sendo feita a mim. As antigas leis da alcateia exigiam uma resposta. Eu tinha que aceitar, ou a rejeição seria incompleta, deixando-nos ambos em um limbo torturante.
Minha voz era um sussurro quebrado, forçado de uma garganta apertada pela agonia. "Eu, Elara Mendes, aceito sua rejeição."
O laço se partiu. O mundo ficou cinza. O cheiro vibrante de pinho e tempestade que sempre o definiu virou cinzas em meu nariz.
Mais tarde naquela noite, ele veio à minha pequena cabana. Eu estava encolhida na minha cama, tremendo na casca do meu próprio corpo. Ele não bateu. A porta simplesmente se abriu, e ele estava lá.
Ele tentou me tocar, mas eu me afastei.
"Elara, você tem que entender", disse ele, sua voz baixa e urgente, um político fazendo controle de danos. "Minha união com Seraphina é puramente política. A família dela controla as minas de prata a leste. Esta aliança é para o futuro da Alcateia da Lua Negra."
As palavras eram ocas, sem sentido.
"Confie em mim", ele implorou, sua voz baixando para um sussurro conspiratório. "Dê-me um ano. Dois, no máximo. Assim que minha posição estiver segura, eu a deixarei de lado. Então poderemos ficar juntos. Farei de você minha verdadeira Luna, aquela que mantenho escondida, meu verdadeiro prêmio."
Ele não a estava defendendo; estava defendendo sua escolha. Estava justificando sua ambição. "A família dela é poderosa, Elara. Você precisa ser paciente. Você precisa fazer isso pelo bem da alcateia."
Eu olhei para ele então, olhei de verdade. O homem que eu amava se foi. Em seu lugar havia um estranho, um político cujo coração era governado pela ambição, não pelo amor. As últimas brasas do meu afeto por ele se apagaram, substituídas por um ódio gelado.
A agonia da rejeição, combinada com o insulto de suas mentiras patéticas, levou minha dor ao seu limite absoluto. E naquele abismo de dor e traição, algo profundo dentro de mim, algo antigo e adormecido, começou a se agitar.
Um poder que eu nunca soube que possuía estava despertando.