As Mãos Dela, A Traição Dele, O Império Dela
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Capítulo 2

Na manhã seguinte, Clara sentou-se na beirada da cama e olhou para o anel de noivado de diamante em sua mão esquerda.

Era uma pedra impecável de três quilates que geralmente capturava a luz e a quebrava em cem pequenos arco-íris.

Hoje, parecia apenas um pedaço de vidro. Uma promessa linda e pesada que parecia uma mentira.

Ela, lenta e cuidadosamente, tirou o anel do dedo. Seus nós dos dedos estavam inchados por causa da lesão, e o movimento enviou uma nova onda de dor pelo seu braço.

Ela o colocou em sua caixa de veludo na mesa de cabeceira e fechou a tampa. O clique suave ecoou no quarto silencioso.

Ela passou a hora seguinte movendo-se pelo apartamento como um fantasma. Juntou as fotos emolduradas deles juntos - rindo em Angra dos Reis, esquiando em Campos do Jordão, sorrindo em um baile de caridade. Colocou todas em uma caixa de armazenamento no fundo do armário.

Ela estava enterrando as evidências de sua vida compartilhada. Estava enterrando a garota que acreditou nela.

O corte mais profundo foi uma pequena foto gasta que ela guardava na carteira. Era do primeiro ano deles em São Paulo. Ela tinha dezoito anos, ele vinte e quatro. Estavam sentados em um banco de parque, e ele a olhava com uma suavidade que ela não via há anos.

Ela segurou a foto sobre a lixeira da cozinha. Sua mão tremia.

Por um longo momento, ela não conseguiu soltar. Aquele rapaz a tinha salvado.

Então ela se lembrou da frieza nos olhos dele na noite anterior.

Ela soltou a foto. Caiu virada para baixo sobre um leito de borra de café.

Caio chegou em casa tarde naquela noite, cantarolando uma melodia. Ele a encontrou no sofá, olhando para a tela em branco da televisão.

"Boas notícias", disse ele, beijando o topo de sua cabeça. "Resolvi tudo com o seguro do salão. Eles vão cobrir suas despesas médicas. Não precisa envolver advogados."

Ele estava orgulhoso de si mesmo. Ele havia resolvido o problema.

O problema dele. Não o dela.

"E", ele continuou, "eu estava pensando. Nosso casamento é em duas semanas. Se suas mãos não melhorarem... bem, a Karina está tão arrasada com isso. Ela se ofereceu para ir comigo para Fernando de Noronha. Só para me fazer companhia. Não podemos deixar a reserva ser desperdiçada, certo?"

Clara não se moveu. Não falou.

Ela sentiu o último pedaço de sua esperança se transformar em pó. Ele estava planejando a lua de mel deles com outra mulher.

Ele nem sequer viu a ferida. Apenas continuou falando.

"Você está pálida", disse ele, finalmente notando-a. "Tomou seus analgésicos?"

Ela balançou a cabeça negativamente.

Ele foi ao banheiro e voltou com um comprimido e um copo d'água. "Aqui. Tome isso. Você precisa descansar."

Ela olhou para o pequeno comprimido branco na palma da mão dele.

Ela o pegou sem uma palavra e engoliu com a água. O comprimido era um caroço amargo em sua garganta.

Ela estava engolindo a versão dele da história. Uma última vez.

A dor em suas mãos era uma pulsação surda e distante. A dor em seu peito era aguda e real. Era a única coisa que parecia ser sua.

            
            

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