Capítulo 5 Só quero ajudar você

Danica lançou um olhar significativo para Isaac, um aviso silencioso que dispensava palavras.

Ignorando completamente o olhar da mãe, Isaac disse: "Gostaria de conversar a sós com a senhorita Willis."

Após ouvir o pedido do filho, Danica se absteve de fazer mais comentários, ciente das reais intenções dele - muito provavelmente, ele pretendia convencer Verena a desistir do casamento.

Danica suspirou profundamente, tentando manter a calma. "Bem, parece que Isaac quer trocar algumas palavras com Verena para saber mais sobre ela. O que acha de darmos uma volta lá fora, Laura?"

Ela entendia que Laura estava ansiosa para que o casamento se concretizasse, e suas palavras serviram como um sutil lembrete ao filho para que não interferisse no acordo.

Laura, por sua vez, ficou bastante surpresa com a atitude de Danica, pois não esperava tamanha indulgência da parte dela depois da mentira descarada contada por Verena.

Então, satisfeita com o rumo que as coisas estavam tomando, Laura concordou prontamente: "Claro, vamos deixar os dois passarem algum tempo a sós."

Antes de sair, ela deu um leve tapinha no ombro de Verena, sua voz carregando um aviso implícito que mais parecia uma ameaça: "Lembre-se de cuidar do Isaac, Verena. Ele agora é seu noivo."

Verena ergueu sua taça para mais um gole, um leve sorriso erguendo os cantos dos seus lábios. A antipatia que sentia por Laura não havia mudado em nada, mas a ideia de ter Isaac como noivo trazia uma emoção desconhecida e silenciosa ao seu coração.

Assim que as duas mulheres saíram, Isaac disse sem rodeios: "Bem, minhas pernas são completamente inúteis agora e provavelmente permanecerão assim pelo resto da minha vida."

Sua voz grave e levemente rouca carregava o peso de alguém que não falava muito há um bom tempo, e o tom frio e distante o fazia soar quase desprovido de emoção.

Verena, no entanto, compreendeu que as palavras dele eram uma espécie de alerta para lembrá-la do tipo de homem com quem estava prestes a se casar.

"Certo, e o que mais?", ela perguntou, seus olhos claros fixos nele como um espelho que refletia tudo.

Isaac hesitou por um momento. Sua garganta se apertou e uma sombra cruzou seu olhar enquanto ele pensava na verdade não dita. Então, ele forçou a si mesmo a finalmente dizer: "Não posso mais funcionar como um homem normal. Não tenho condições de te proporcionar felicidade ou uma vida condizente com um casamento normal."

Ele sabia muito bem que as intenções da sua mãe iam muito além de apenas silenciar fofocas - ela também esperava estabilizar a posição da empresa. Mesmo assim, nenhuma razão justificava prender uma mulher ao seu lado através do casamento. Ao se tornar a esposa dele, ela teria que abrir mão do seu futuro e da própria felicidade. Ele se considerava um homem arruinado, e não sentia necessidade alguma de arrastar alguém junto para o buraco.

Ao ouvir as palavras amargas de Isaac, Verena contornou a mesa até ficar diretamente à sua frente.

De onde estava sentado, ele precisava erguer o olhar para encontrar os olhos de qualquer pessoa ao seu redor.

Verena então se agachou para ficar abaixo da linha do olhar dele.

Essa era primeira vez desde o acidente que Isaac não era forçado a erguer o olhar para encarar alguém.

"Posso tocar nas suas pernas?", Verena perguntou, sem hesitação no seu tom.

Seus olhos claros não continham qualquer traço de julgamento ou evasão, como se ela estivesse falando com qualquer outro homem e não com alguém paralisado da cintura para baixo. Diferentemente do restante da família de Isaac, ela não tratava as lesões dele como um assunto proibido.

Desde o acidente, todos os familiares de Isaac o encaravam com olhos carregados de pena ou remorso. Embora eles não dissessem as palavras em voz alta, seus olhares diziam tudo - ele não era mais um homem completo, mas um aleijado.

A maioria das pessoas sabia que a paralisia muitas vezes significava a perda das funções sexuais, e ele não era uma exceção. Rumores sobre as condições do seu corpo haviam se espalhado, e a verdade cruel era que correspondiam à mais pura realidade. Isso o feria de forma mais dolorosa e sufocante do que qualquer punhal cravado no seu peito.

Isaac fixou seu olhar profundo em Verena. "Sabe o que está dizendo?"

Ela assentiu com uma expressão determinada no rosto. "Sim, eu sei."

Apesar de eles serem dois estranhos que haviam acabado de se conhecer, Isaac sentiu uma estranha e inexplicável familiaridade ao olhar para ela. Assim, guiado mais pelo instinto que pela razão, ele deu sua resposta. "Está bem."

Diante do seu consentimento, Verena o encarava com um sorriso suave e genuíno nos lábios.

Por um breve momento, Isaac pareceu vacilar. Quando os dedos dela tocaram sua perna, ele pôde ver o movimento, mas não sentiu absolutamente nada.

Seus olhos continuaram acompanhando os movimentos dos dedos esguios de Verena, que começavam pelo joelho e lentamente viajavam para cima.

Se alguém visse a cena de fora, poderia interpretar o gesto dela como um flerte, mas Isaac sabia que não era isso. Afinal, ele era um homem paraplégico, sem qualquer controle ou sensação da cintura para baixo.

Verena parou a mão na coxa dele, batendo levemente antes de erguer o olhar. "Você consegue sentir isso?"

Isaac sacudiu levemente a cabeça.

Ela então recomeçou o movimento, se aproximando ainda mais da base da coxa até ele reagir instintivamente e pegar sua mão.

"O que pensa que está fazendo?", ele disse, sua voz carregando um aviso implícito.

Verena deixou escapar uma risadinha, puxando a mão de volta.

"Só quero ajudar você, Isaac."

"Me ajudar?", ele repetiu com sarcasmo. "Ajudar exatamente com o quê?"

"Quero ajudar a curar suas pernas."

A declaração pairou como um trovão no ar imóvel. Mas por mais que as palavras soassem ridículas, algo na expressão inabalável de Verena acendeu um lampejo de esperança completamente desconhecido dentro dele.

No entanto, quando a realidade voltou a dar o ar da graça, Isaac deixou escapar um riso amargo, mais para si mesmo. Inúmeros especialistas conceituados haviam estudado sua condição sem encontrar a cura, mas ainda assim, aqui estava ele, permitindo que as palavras de uma mulher que mal conhecia o afetassem.

"Você tem ideia do quanto uma piada como essa é cruel com alguém que é deficiente?", ele perguntou, sem disfarçar uma ponta de ressentimento.

Na sua mente, até mesmo o desprezo aberto teria sido mais gentil do que oferecer falsas esperanças.

"Mas não é piada, estou falando sério", Verena retrucou, olhando fixamente para ele.

Ela tinha vindo para Shoildon exclusivamente por causa de Isaac, e não tinha a menor intenção de abandonar esse propósito no meio do caminho.

Isaac a encarava friamente. "Então me diga por que quer me ajudar. E o que te faz pensar que é capaz de fazer isso?"

Verena hesitou por um breve momento, percebendo que Isaac não tinha qualquer lembrança dela.

"Você realmente não se lembra de nada do que aconteceu na Rua Dragon em Clokron?"

Isaac estava convicto de que nunca tinha visto Verena antes. Ela era uma mulher de beleza estonteante e atrairia atenção em qualquer lugar que passasse. Se eles realmente tivessem se cruzado, ele certamente não a teria esquecido.

Uma vez mais, ele meneou a cabeça em negativa. "Já estive diversas vezes na Rua Dragon, mas nunca vi você por lá."

Um suspiro silencioso escapou dos lábios de Verena. Então era isso... Talvez a falta de lembranças tivesse algo a ver com o acidente recente.

Ela ainda não tinha certeza sobre os detalhes da real situação dele, então precisaria investigar antes de decidir algo.

Isaac definitivamente não teria se esquecido dela se não fosse pelo acidente. Ninguém esquecia assim a pessoa que um dia havia perseguido - a menos que tivesse perdido a memória. De fato, no caso dele, amnésia pós-traumática parecia ser a explicação mais plausível.

"Ainda não conheço a extensão completa da sua condição, Isaac. Assim que revisar seus arquivos médicos, te darei uma resposta clara. Mas... você poderia pelo menos não me descartar agora?"

Os olhos de Isaac permaneciam fixos nela, seu silêncio pairando sobre eles. Ao encarar esses olhos que pareciam ter o poder de atravessá-lo, ele sentiu sua habitual firmeza titubear pela primeira vez.

Então, depois do que pareceu ser uma longa pausa, ele disse de repente: "Tudo bem."

Mas no momento seguinte, ele acrescentou: "Se você realmente conseguir curar minhas pernas, darei à família Willis tudo que eles estão pedindo. Mas minha condição torna impossível o casamento. Uma vida ao meu lado seria uma vida solitária."

Verena congelou nesse momento, finalmente compreendendo onde Isaac queria chegar. Seus olhos então se moveram quase instintivamente na direção da virilha dele. "Você..."

Esse olhar fez o rosto de Isaac incendiar de vergonha. Quando os olhos de ambos voltaram a se encontrar, o entendimento no olhar dela o fez sentir uma rara e desconfortável vontade de desviar.