NA MIRA DO MEU CHEFE
img img NA MIRA DO MEU CHEFE img Capítulo 3 Three
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Capítulo 3 Three

Rita me convenceu de que, na próxima vez que eu encontrasse o Sr. Vasconcellos, eu deveria me desculpar. Só assim meu coração teria paz e eu colocaria um ponto final nesse tormento. Mas havia um problema: quando eu teria essa chance?

Ele não era como o Sr. Ribeiro, sempre acessível, com quem se podia conversar a qualquer momento, quase como um professor querido. Ribeiro era o "chefe amigo". Já Heitor Vasconcellos... era outra história. CEO da Vértice Global, dono de uma presença tão imponente que até quando parecia casual, intimidava.

O que mais me torturava era o silêncio dele. Eu teria preferido mil vezes que tivesse gritado comigo. Pelo menos assim eu saberia exatamente onde estava. Mas não. Ele havia falado da minha falha como quem comenta que "domingo é feriado". Isso me corroía. Por quê? Não era grave o suficiente? Ou será que eu mesma estava exagerando?

No caminho de casa, repeti mil vezes o que poderia dizer caso o encontrasse no dia seguinte. Nenhum ensaio parecia convincente.

Na manhã seguinte, cheguei ao escritório com um objetivo: me desculpar a qualquer custo.

Fui até o estacionamento, vi o carro dele e pensei em deixar um bilhete: "Peço desculpas pelo erro, não vai se repetir." Mas desisti. Seria ridículo. Então, tentei subir ao último andar, na esperança de que o código da porta fosse o mesmo. Para minha frustração, havia sido alterado.

Toda minha determinação se transformou em cansaço e desânimo. Não queria que Heitor me visse como uma funcionária inútil. Entrar naquela empresa já tinha sido um privilégio depois do meu estágio - um feito raro. Eu não podia arruinar tudo por um deslize idiota.

No fim do expediente, exausta e irritada comigo mesma, Rita e Theo tentaram me animar.

- Chega de drama, Julietta. Hoje é sábado, você vem conosco.

***

As luzes de neon piscavam, tingindo o salão de cores elétricas. A música leve preenchia o ambiente, criando um clima de festa. Eu não estava no espírito para sair, mas, ao colocar os pés no clube, a melancolia começou a se dissipar, mesmo que aos poucos.

O Nyon Club não ficava no centro da cidade, por isso era mais reservado, frequentado por quem queria diversão sem exageros.

- Dois shots de tequila pra gente - pediu Rita. - E pra você, Theo? Martini?

- Pode ser. - Ele riu.

- Você não vai se embebedar hoje - adverti.

- E por que não? - provocou Theo.

- Esqueceu da nossa aposta? Você tem que me vencer no jogo de sinuca. - Cruzei os braços, desafiadora.

- É exatamente por isso que ele quer beber, pra escapar da vergonha - brincou Rita.

Eu adorava desafios que exigiam estratégia e precisão. E, para desgosto de Theo, quase sempre ganhava. Era justamente essa a intenção dos dois: me tirar da minha obsessão por aquele erro no trabalho, lembrando que eu também sabia me divertir.

Porque eu era assim - perfeccionista ao extremo, crítica de mim mesma. Não suportava falhar, nem nas mínimas coisas.

Depois de alguns shots, seguimos para a sala de sinuca. O jogo começou equilibrado, e logo algumas pessoas se juntaram ao redor, torcendo e fazendo apostas. O clima estava leve, descontraído. Mas, por trás do riso, meu coração ainda carregava uma pergunta: o que, afinal, Heitor Vasconcellos pensava de mim?

No canto mais reservado do Nyon Club, atrás das paredes de vidro que davam vista para a pista de dança e a sala de jogos, entrou Vanessa Lins - nome conhecido do showbiz. Vestia um bodycon que moldava cada curva até os joelhos e saltos finos que faziam o salão silenciar por um instante.

Ela foi direto abraçar João e Heitor, que a esperavam no espaço privativo. João a apresentava, entusiasmado:

- Essa é Nêssa... digo, Vanessa. Trabalhamos juntos no novo projeto de publicidade.

- Ei, João, economiza o fôlego. Quem não conhece Heitor Vasconcellos? - Vanessa piscou, maliciosa. - O bilionário mais jovem e influente do país... e ainda por cima, absurdamente atraente.

Heitor riu alto, divertido com a expressão de desconforto do amigo.

- Não foi minha intenção furar o balão do seu ego, João. - Ele riu de novo.

- Cala a boca, cara. - João resmungou.

Eles se acomodaram. Vanessa pediu "qualquer coisa", enquanto seus olhos se fixaram no vidro, observando a movimentação no andar de baixo. Heitor acompanhava a conversa leve com ela, mas João estava vidrado no jogo de sinuca.

- Aquela garota vai perder. Aposto cem nisso - disse João, sem desgrudar os olhos da mesa.

Heitor lançou um olhar mais atento. Reconheceu os movimentos calculados dela. Não, aquela jogadora não era amadora. O jogo virou de repente: Julietta, com um movimento ousado, fez uma jogada de salto perfeita e venceu a partida.

- Isso foi falta! - João protestou.

Heitor rebateu, paciente, mas firme:

- Nem toda tacada de salto é falta. Ela acertou a branca contra a mesa e fez a bola saltar. Só seria ilegal se tivesse "cavado" com o taco.

A expressão derrotada de João arrancou gargalhadas de Heitor e Vanessa. João, contrariado, entregou a ele uma pilha de notas.

Enquanto isso, Rita abraçava Julietta, vibrando.

- Você foi incrível!

Theo também parecia aliviado ao ver a amiga finalmente mais leve. Mas o efeito do álcool já começava a subir na cabeça de Julietta, que saiu tropeçando em risos para o banheiro.

Foi ao retocar o cabelo, de frente ao reflexo da porta de vidro, que o destino a golpeou.

A porta ao lado se abriu. Heitor Vasconcellos saiu do banheiro masculino, e por um instante, o tempo parou. Tão perto dele, Julietta sentiu o ar rarefeito. O perfume dele era inebriante, a presença esmagadora. O álcool a deixava confusa: seria o efeito da bebida... ou dele?

- Está me seguindo, senhorita? - A voz de Heitor soou carregada de ironia.

Julietta piscou, atônita.

- O quê?

- Segundo os registros de segurança, houve duas tentativas fracassadas de acessar meu andar... e uma de verificar meu carro no estacionamento. Agora, te encontro aqui. - Ele arqueou a sobrancelha. - Como você chamaria isso?

Ela prendeu a respiração, o coração em colapso. Era exatamente o que mais temia.

- Senhor, o senhor está enganado, eu...

Mas antes que terminasse, Vanessa surgiu por trás, envolvente, sorrindo com malícia.

- Aí está você, jogador perigoso.

Julietta congelou. Jogador? Do que ela estava falando?

Heitor a olhou, confuso. Vanessa riu do espanto dos dois e completou:

- Ora, é a garota que virou o jogo da sinuca e me fez ganhar uma aposta contra o João. Você tem mesmo talento, querida.

Julietta ficou muda. E, diante dos olhos de Heitor, sentiu que a linha tênue entre ridículo e destino acabava de se cruzar.

            
            

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