NA MIRA DO MEU CHEFE
img img NA MIRA DO MEU CHEFE img Capítulo 5 Five
5
Capítulo 6 Six img
Capítulo 7 Seven img
Capítulo 8 Eight img
Capítulo 9 Nine img
Capítulo 10 Ten img
Capítulo 11 Eleven img
Capítulo 12 Twelve img
Capítulo 13 Thirteen img
Capítulo 14 Fourteen img
Capítulo 15 fifteen img
Capítulo 16 sixteen img
Capítulo 17 seventeen img
Capítulo 18 eighteen img
Capítulo 19 nineteen img
Capítulo 20 twenty img
img
  /  1
img

Capítulo 5 Five

A equipe percorreu o terreno proposto para a construção do centro de convenções. As dificuldades eram visíveis: um lago malcuidado ocupava parte da área, havia um lixão nos arredores e os custos estruturais seriam altíssimos por conta da proximidade com a água. Tudo indicava que o local não era o ideal.

Heitor reuniu todos e, com sua voz firme, deu a ordem:

- Trabalhem os custos e estejam prontos para a reunião às quatro da tarde.

Mais tarde, a sala de reuniões estava silenciosa quando Augusto Ribeiro entrou.

- O Sr. Vasconcellos vai se atrasar, mas se unirá a nós mais tarde.

O clima aliviou, e os debates começaram. Julietta, dedicada, rabiscava números sem parar. Montou um esboço de orçamento e o entregou a Ribeiro, buscando aprovação. Mas o olhar dele a fez estremecer.

- Julietta... você acha que isso é o melhor que pode apresentar? - a voz dele era calma, mas carregada de crítica. - Sinto dizer que não. E garanto: o Sr. Vasconcellos também não ficará satisfeito.

O choque estampou-se no rosto dela. Ribeiro continuou, mais sério:

- Trabalhando ao lado de Heitor por tantos anos, aprendi uma coisa: ele sempre escolhe a pessoa certa para cada tarefa. Se ele confiou a você essa proposta, é porque enxerga um potencial que você ainda não descobriu. Agora, quanto a esse projeto... pense além das barreiras. O nome "Vasconcellos" estará nesse edital. Entenda a responsabilidade que carrega.

Julietta abaixou os olhos, sentindo o peso de cada palavra.

- Acredite - acrescentou Ribeiro -, quando lhe entregou o arquivo, Heitor já tinha os custos calculados em sua mente. Cabe a você superá-los. Volte ao trabalho e traga o melhor que puder. O Sr. Vasconcellos reagendou a reunião para amanhã, após o almoço. Troquem contatos e trabalhem como equipe. Este projeto é estratégico. Nosso CEO foi recentemente nomeado "Bilionário Jovem Mais Influente" e pode ser indicado ao cargo de embaixador da juventude, para incentivar startups no país. Isso trará prestígio a ele e à empresa. Façam jus à confiança que ele deposita em nós.

Ribeiro conhecia como ninguém a cultura da Vértice Global e sabia usar as palavras certas para motivar a equipe.

***

Julietta passou a noite debruçada sobre os cálculos com Rita e Theo. O engenheiro estrutural Paulo, jovem, entusiasmado e com domínio técnico, também se juntou ao grupo. Ele trouxe clareza às soluções e logo conquistou a confiança de Julietta, que sentiu nele um parceiro acessível e com energia positiva.

Na manhã seguinte, já na sala de conferências, Julietta ajeitou seus papéis. O coração batia acelerado, mas ela estava mais confiante de que Ribeiro aprovaria, desta vez, suas ideias. Expôs suas propostas diante dele.

Mas antes que o executivo reagisse, a porta se abriu e Heitor Vasconcellos entrou.

O ambiente gelou em um instante. Todos se endireitaram nas cadeiras. Do alto da mesa, ele percorreu cada rosto com olhar penetrante, até soltar um leve sorriso - apenas o suficiente para quebrar a tensão sufocante que dominava a sala.

- Então, como ficou a proposta? Srta. Sampaio, está pronta? - A voz de Heitor soou firme, implacável.

- Sim, senhor. - Julietta deslizou o arquivo sobre a mesa.

Ele folheou o documento em silêncio por alguns minutos. Então, fechou-o com um estrondo seco que fez todos se sobressaltarem. O som ecoou pela sala como um raio. Julietta sentiu o sangue sumir do rosto.

- Novecentos e cinquenta milhões para este projeto? - A voz dele carregava incredulidade. - Os números estão altos demais.

Virou-se para Paulo:

- Quanto custou o Marina Bay Sands, em Singapura?

- Aproximadamente 5,7 bilhões, senhor.

- E o World Trade Center? O Burj Khalifa?

- 3,9 bilhões e 1,5 bilhão, respectivamente.

Heitor apoiou as mãos sobre a mesa, os olhos faiscando.

- Então vamos comparar. Entendam a magnitude dessas construções e seus propósitos.

Durante uma hora inteira, ele guiou o grupo em análises intensas. Ao final, todos compreendiam melhor a visão e as expectativas de Heitor Vasconcellos.

- Este é apenas um centro de convenções - disse ele, pausado. - Mas, com o espaço limitado, transformaremos em um marco, um ponto que atraia atenção global. Agora me digam: que adições podemos incluir para torná-lo um lugar único?

Julietta respirou fundo e arriscou:

- Senhor, o lago malcuidado é um problema... mas também pode ser a solução. Podemos transformá-lo em um espaço recreativo: show de luzes, passeios de barco para crianças, caiaque, flyboard... atividades que atraiam famílias.

- Podemos acrescentar um complexo comercial, áreas de jogos - sugeriu Andréia, da arquitetura.

- Para ser mundialmente relevante, - acrescentou Paulo, - o centro deve acolher visitantes de todo o planeta. Podemos incluir um espaço cultural para celebrar a arte local, festivais e museus.

- Gastronomia internacional também é essencial - completou. - A comida é uma das maiores atrações.

Julietta voltou a falar, empolgada:

- Poderíamos criar um Centro de Caridade, um palco aberto para artistas de rua - música, dança, mágica - com a renda dividida entre eles e instituições beneficentes. Seria um espaço vivo, inclusivo, que traria público espontâneo.

Augusto Ribeiro sorriu, orgulhoso, diante da ousadia dela.

A sessão de brainstorming ganhou força, e Heitor observava em silêncio, satisfeito por ter provocado aquele ambiente criativo. Lançou um sorriso discreto a Ribeiro, que captou sua aprovação.

- Muito bem. As ideias são excelentes. Agora... incluam todas no orçamento já apresentado.

- O quê?! - o grupo reagiu em uníssono.

Julietta ficou boquiaberta.

- Senhor... isso é impossível.

Paulo tentou intervir:

- Talvez possamos adquirir o terreno do lixão e das terras baldias ao lado. Assim, teríamos espaço para essas novas estruturas. Mas, naturalmente, os custos disparariam.

Heitor virou-se novamente para Julietta, incisivo:

- Srta. Sampaio, você calculou tudo com base nos preços de mercado. Mas este é um projeto governamental. Teremos subsídios. Reduza os custos em dez por cento.

Julietta engoliu em seco.

- Está bem, senhor.

- E mais... corte a margem de lucro. De quinze, para quatro por cento.

- O quê?! - ela não conseguiu conter a incredulidade. - Isso não faz sentido!

O canto da boca dele se ergueu num sorriso calculado.

- Como já disse: é um projeto governamental. Teremos concessões, benefícios fiscais, taxas de royalties. Não trabalharemos de graça, Srta. Sampaio. - Pausou, cravando o olhar nela. - Mas trabalharemos com inteligência.

                         

COPYRIGHT(©) 2022