Capítulo 10 Dez

JASON

No outro dia...

- Escuta aqui gatinha, você não pode virar a cara pra mim. Somos uma dupla e se você ficar desse jeito o professor vai achar que eu não fiz nada no trabalho. E isso não é verdade, porque eu tô com LER de tanto digitar. - corro atrás da pestinha do nariz empinado.

- Foda-se.

- Nossa! Que educação! - continuo a seguindo pelo extenso corredor do colégio. - Qual o seu problema? Porque você não olha na minha cara, Ann Marie? - seguro seu braço e ela se vira pra mim revirando o olho e parando sua caminhada longa. Finalmente ela me encarou.

- Eu não gosto de você, Jason. - soltou seu braço da minha mão.

- Tá, e o que eu fiz? - cruzo meus braços curioso.

- Você é um boy lixo. E eu não quero ficar perto de você. - voltou a andar. - Já não bastou essa droga de trabalho... Não precisa falar comigo aqui no colégio. Não somos amigos.

- Tá. Já sei. Você tá com medo de mim, né? Com medo de não resistir. - dou um sorriso seguro. Ela não me olha. Eu sei que é isso. - Que bom ver seu, sim. Você é bonita, Ann Marie, e muito marrenta. Mas sabe? Eu adoro garotas marrentas. - mudo minha direção.

Mais uma garota. Isso vai ser interessante.

- Jason, tenho uma ótima notícia pra você! - Brittany veio até mim toda animada com sua bolsa balançando no braço.

- Odeio suspense. Diga logo.

- Uma das meninas da torcida vai fazer 18 e ela vai dar uma festa. Estavam procurando uma banda pra tocar lá. E adivinhe que banda será?

Não acredito.

- Sério Bry?! - a animação toma conta de mim.

- É óbvio meu amor. - ela me abraçou e eu a beijei.

- Você é demais, sabia? - agarro sua cintura.

- Você que é. - ela me dá um selinho e se afasta. - Tchau. Tenho que ir pra droga da aula da Professora Carmem.

- Eu também vou pra essa. - a acompanho. É puro tédio.

[...]

- Duplas. Me entreguem os trabalhos que passei pra vocês nas férias. - ela falou com a voz rouca de tanto já ter gritado.

- Você fez, Chris? - pergunto discretamente.

- Claro que não. E você?

- Também não. - lamento.

- A gente tem que melhorar. Senão vamos reprovar de novo.

- Não sei como. Porque nenhum de nós tem coragem pra fazer nada!

- Pois então temos que nos juntar aos CDFs. Tomas? - olhou na direção do garoto. É aquele chato que insistiu que o professor apresentasse o currículo.

- Junta você com ele. Eu não. Não aguento passar um minuto perto dele. Ele começa a falar e falar e eu não entendo porra de nada. Vou bugar. - explico aflito.

- E quem mais é inteligente aqui?

Tá difícil mesmo. As líderes de torcida só tiram nota na média. Passam arrastadas. O pessoal do time também é assim. O coral não se mistura com ninguém. Eles nos chamam de aproveitadores.

Pera. Tem uma pessoa.

- Eu já sei com quem vou me juntar. - sorrio. - Sabe aquela gatinha que fez trabalho comigo? Ela é inteligente pra caramba. Eu vou tirar nota boa e de quebra pego ela.

Ele dá um toque rindo.

- Boa sorte.

- Hum hum. - a Senhora Carmem pigarreou na nossa frente. - Onde está o trabalho de vocês?

- Então professora, meu tio de segundo grau morreu e não tive nada bom pra escrever nesse trabalho além de tristeza. Preferi não fazer. - segurei sua mão com uma cara de sofrimento.

- Oh querido. Eu te entendo. Meus pêsames. Mas vai ficar sem essa nota. - deu as costas.

- Seu tio morreu cara? - Chris me olhou assustado.

- Não sei idiota. Eu nem tenho tio de segundo grau. - dou risada e ele me acerta um tabefe.

- Fiquei preocupado. Você mente bem demais. - colocou a mão no coração.

- Da próxima eu vou procurar a gatinha. Você vai ver. Não vou precisar mentir.

Só tenho que domar ela antes. Porque, eita menina marrenta!

Quando lembro de ontem, quando estávamos fazendo o trabalho. Ela me tratou como ninguém. Diferente das outras garotas. Como se eu fosse inferior e minha única funcionalidade fosse digitar. Ela é má é fria. Mas é linda e quando tá concentrada parece um anjo. E aquela boquinha pequena mordendo o lápis? Aquela voz de quando está indecisa.... Eu quero essa garota.

            
            

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