Divórcio de Aniversário: A Ascensão da Minha Rainha
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Capítulo 2

Ponto de Vista: Alice Ribeiro

Voltei para a casa que havíamos construído juntos, aquela que Caio ainda chamava de "nosso lar". A palavra era uma mentira. Cada canto daquela mansão minimalista e imensa agora parecia contaminado, um museu de uma vida que nunca tinha sido real.

A foto emoldurada na lareira chamou minha atenção. Era do dia em que lançamos nosso primeiro aplicativo, nossos rostos corados de vitória e espumante barato. Éramos tão jovens, tão cheios de fé. Um soluço gutural rasgou minha garganta, e minha mão disparou, varrendo a moldura de prata para o chão. O vidro se estilhaçou, um som que ecoou a quebra dentro do meu próprio peito.

Eu me movi pela casa como uma tempestade, um turbilhão de luto e fúria. Sua coleção de relógios ridiculamente caros, um presente meu, foi espalhada pelo chão de mármore. Os livros de primeira edição que ele tanto prezava foram arrancados de suas prateleiras. Cada objeto que representava nossa história compartilhada se tornou um alvo para a minha dor.

Quando Caio finalmente retornou, horas depois, ele me encontrou sentada em meio aos destroços, um fantasma em nosso palácio arruinado. Ele parou abruptamente, seu rosto uma máscara de incredulidade e raiva.

"Que diabos você fez, Alice?"

Eu apenas o encarei, minha mente um vazio entorpecido e zumbindo. A luta havia se esvaído de mim, deixando apenas uma dor oca.

Ele suspirou, passando a mão por seu cabelo perfeito, sua raiva rapidamente se transformando em pena condescendente. "Olha, eu sei que isso é um choque. Você está emotiva. Eu entendo." Ele passou por cima de um vaso quebrado. "Mas destruir propriedade não vai resolver nada. Esta ainda é a nossa vida."

"Eu estou indo embora", eu disse, as palavras mal um sussurro.

"Não seja ridícula. Para onde você iria?"

"Qualquer lugar, menos aqui."

Ele considerou isso por um momento, sua mente já calculando, traçando estratégias. "Tudo bem. Se você precisa de espaço, pegue a casa de praia em Angra. A imprensa vai pensar que estamos apenas dando um tempo. É melhor para a imagem da empresa."

A empresa. Era sempre sobre a empresa. A imagem da minha mãe de setenta anos, cuja saúde frágil não aguentaria um escândalo, passou pela minha mente. Por ela, eu tinha que jogar o jogo dele, só por um tempo.

"Tudo bem", concordei, minha voz vazia.

A viagem para Angra dos Reis foi um borrão. O Oceano Atlântico se estendia ao meu lado, vasto e indiferente. A casa de praia foi nossa primeira grande compra, um símbolo do nosso sucesso. Agora, seria minha jaula dourada.

Ao entrar, um perfume enjoativo e desconhecido me atingiu. Era doce e barato, um cheiro que pairava no ar como uma doença. Meus olhos pousaram na mesa de centro. Uma taça de rosé pela metade, uma marca de batom na borda. No sofá, uma manta de caxemira que eu não reconhecia estava jogada displicentemente.

Para onde quer que eu olhasse, havia sinais dela. Kátia. Um par de saltos agulha jogados perto da porta. Uma revista de fofoca aberta em uma página sobre barrigas de grávidas famosas. Ela não tinha estado apenas na cama dele; ela tinha estado em nossa vida, em nossa casa, por quanto tempo? Uma onda de náusea tão poderosa que dobrou meus joelhos me atingiu. Tropecei até o banheiro, meu estômago se revirando, expelindo o jantar de aniversário que havia se tornado veneno dentro de mim.

Caio chegou mais tarde, me encontrando na varanda, olhando fixamente para as ondas. Eu tinha aberto todas as janelas, desesperada para arejar o cheiro sufocante dela, mas era inútil. Estava nas paredes.

"Ela esteve aqui para um retiro de trabalho no mês passado", disse ele, sua voz desprovida de desculpas. "Eu deveria ter mandado limpar a casa."

Eu não respondi. Não conseguia. Aumentei o volume do meu celular, deixando uma playlist aleatória de rock pesado explodir pelos alto-falantes, uma tentativa fútil de abafar o som do meu mundo desmoronando.

E então eu ouvi. Através da música, vindo do celular dele que ele havia deixado na mesa. Uma voz suave e risonha.

"Sinto sua falta, Caio. O bebê também sente sua falta. Ele não para de chutar, bem onde sua mão estava esta manhã."

Meu sangue gelou. Ele? Ela sabia que era um menino. Eles tinham uma vida, um mundo secreto onde falavam sobre os chutes do filho deles. Não era um caso. Era uma substituição. Eu estava sendo substituída.

Caio finalmente notou minha imobilidade e se aproximou, seu rosto uma máscara de paciência forçada. "Alice, precisamos conversar sobre isso racionalmente."

Virei as costas para ele, caminhando até a beira do deck, a maresia fria no meu rosto.

Ele me seguiu, sua voz insistente. "Isso não precisa ser o fim. É apenas um desvio."

Manti meus olhos no horizonte, recusando-me a dar a ele a satisfação de uma resposta. Distraído, frustrado, ele olhou para o celular para responder a ela. Ele estava tão consumido por sua nova vida que não viu a mancha de rosé derramado no deck.

Seu sapato de couro caro escorregou. Ele tropeçou para trás, seus braços se agitando, e colidiu com a pesada mesa de vidro onde costumávamos tomar café da manhã.

O mundo explodiu em uma chuva de som e dor.

Senti um calor cortante atravessar meu braço. Algo quente e úmido escorria pela minha pele. Olhei para baixo. Um grande caco da mesa quebrada estava cravado no meu antebraço. O balde de gelo, um presente de nosso casamento, tinha sido lançado pelo impacto, atingindo minha cabeça com um baque surdo e doentio.

O mundo inclinou, o belo pôr do sol se transformando em um vórtice escuro e giratório.

A última coisa que ouvi antes da escuridão me engolir foi a voz de Caio, crua com um pânico que soava terrivelmente real.

"Alice! Meu Deus, Alice!"

            
            

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