Divórcio de Aniversário: A Ascensão da Minha Rainha
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Capítulo 3

Ponto de Vista: Alice Ribeiro

Acordei com o cheiro estéril de antisséptico e o bipe abafado de uma máquina. Minha cabeça latejava em um pulso doentio e rítmico, e meu braço estava envolto em uma bandagem apertada. Um hospital.

Do quarto ao lado, ouvi os gritos frenéticos de uma mulher, pontuados pelos murmúrios tranquilizadores de Caio. Kátia. O som revirou meu estômago.

A porta do meu quarto se abriu com violência. Caio estava lá, seu rosto pálido e tenso, sua camisa salpicada com o que percebi, com um choque, ser o meu sangue.

"Ela está sangrando", disse ele, a voz tensa de pânico. Ele não estava olhando para mim, mas para o médico que o seguiu. "A Kátia. Ela sofreu um acidente de carro a caminho daqui. Ela está grávida. Ela está perdendo o bebê."

Ele finalmente se virou para mim, seus olhos frios e desesperados. "Elas têm o mesmo tipo sanguíneo. Alice, você tem que doar sangue para ela."

Minha mente entrou em curto-circuito. Ele estava pedindo a mim, sua esposa ferida, para doar meu sangue para salvar a vida de sua amante e do filho deles.

O médico deu um passo à frente, sua expressão grave. "Senhor Lopes, sua esposa tem uma concussão e uma perda de sangue significativa devido ao próprio ferimento. Ela não está em condições de doar sangue."

"Eu não me importo!" Caio retrucou, sua voz ecoando no pequeno quarto. Ele caminhou até a minha cama, suas mãos agarrando a grade. "Alice, este é meu filho. Meu herdeiro. Você tem que fazer isso."

Ele estava olhando para mim, mas eu sabia que ele não me via. Ele via uma solução. Uma bolsa de sangue compatível.

"Não", sussurrei, a palavra arranhando minha garganta seca.

Nesse momento, sua mãe, Leonor Lopes, entrou no quarto. Uma mulher formidável que sempre me olhou com um desdém mal disfarçado. Seus olhos, frios e afiados, pousaram em mim.

"Alice", disse ela, sua voz escorrendo falsa simpatia. "Eu sei que isso é difícil. Mas pense naquela pobre criança inocente. Meu neto. Certamente, você não o deixaria morrer?"

A chantagem emocional era sufocante. A imagem de um bebê morrendo, uma vida inocente presa nesta bagunça monstruosa, surgiu em minha mente. Meu próprio passado, a perda que havia cavado um buraco permanente em meu coração, subiu para me sufocar.

Contra todo instinto de autopreservação, eu assenti. Um único movimento brusco.

A transfusão me deixou fraca e tonta, uma versão esvaziada de mim mesma. Mais tarde, enquanto tentava, trêmula, servir um copo de água, minhas mãos tremendo demais para segurar a jarra, ouvi risadas do quarto ao lado. Risadas altas e aliviadas.

Puxei meu suporte de soro comigo, meus pés descalços frios no chão de linóleo, e me arrastei até a porta do quarto de Kátia, que estava entreaberta.

Lá estavam eles. Um retrato de família perfeito. Caio estava sentado na beira da cama dela, dando-lhe uvas na boca. Leonor acariciava o cabelo de Kátia, mimando-a.

"Você foi tão corajosa, minha querida", dizia Leonor. "Apenas descanse. Você precisa ser forte para o meu neto."

"Ele vai ser um CEO, igual ao papai", Kátia riu, colocando a mão de Caio em sua barriga ainda lisa. "Eu posso sentir."

Caio sorriu, um olhar de orgulho puro e absoluto em seu rosto. "Ele será. Um herdeiro dos Lopes. Finalmente vamos ter uma família de verdade."

Suas palavras, destinadas a ela, foram uma adaga no meu coração. Nossa família, a que havíamos construído, aparentemente não era real.

"E ela?" Kátia perguntou, sua voz se tornando petulante enquanto gesticulava vagamente na direção do meu quarto. "E a bolsa de sangue ao lado? Ela não vai causar problemas, vai?"

O sorriso de Caio se contraiu. "A Alice sabe o lugar dela. Ela é uma mulher prática."

"Prática?" Leonor zombou. "Ela é uma mulher de carreira estéril e de coração frio. Caio, você precisa finalizar esse divórcio. Meu neto não pode nascer com essa mulher ainda ligada ao nome da nossa família."

"Eu vou cuidar disso, mãe", disse Caio, seu tom apaziguador. "Assim que a Kátia e o bebê estiverem estáveis, vou garantir que a Alice assine o que for necessário. Eu prometo."

O quarto girou. Tropecei para trás, minha mão voando para a boca para abafar um soluço. Uma enfermeira me encontrou caída contra a parede, meu rosto pálido.

Caio saiu correndo, sua expressão uma mistura de irritação e preocupação passageira. "Alice? O que você está fazendo fora da cama?"

A voz chorosa de Kátia o seguiu. "Caio, minha cabeça dói! Volta!"

Instantaneamente, sua atenção voltou para ela. "Estou indo, meu bem." Ele me deu um último olhar desdenhoso antes de desaparecer de volta no quarto dela, me deixando sozinha no corredor frio e estéril.

Esperei a noite toda por ele. Para ele voltar. Para ver como eu estava. Para dizer algo, qualquer coisa. Ele nunca veio.

Por volta das 3 da manhã, ele apareceu na minha porta, uma sombra contra a luz fraca.

"Sinto muito que você tenha ouvido aquilo", disse ele, a voz baixa. "A Kátia está apenas... emotiva. Os hormônios."

Eu apenas o encarei, o homem que havia prometido me amar na saúde e na doença. O homem que havia segurado minha mão cinco anos atrás em um hospital como este e jurado que superaríamos nossa própria perda juntos.

Lágrimas, quentes e silenciosas, começaram a escorrer pelo meu rosto. Eu não estava chorando apenas pelo casamento que acabou. Eu estava chorando pelo homem que nunca existiu, pelo amor que tinha sido uma invenção da minha imaginação.

Ele estendeu a mão para tocar meu rosto, e eu me afastei. O movimento, por menor que fosse, foi um abismo se abrindo entre nós.

Sua mão caiu. "Descanse um pouco, Alice", ele murmurou, sua voz tingida com uma culpa que era pequena demais, tarde demais.

Enquanto ele se afastava, senti algo dentro de mim finalmente, irrevogavelmente, quebrar. Era meu coração, se estilhaçando em um milhão de pedaços no chão frio do hospital.

            
            

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