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Capítulo 6 Sentimentos

Capítulo 7 Acontecimentos na cidade fantasma


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Passou alguns dias desde a morte de Peterson, e comecei a ficar mais próximo de Lisa. Não tínhamos muitas coisas para fazer, porém, usamos esse tempo para conhecer um ao outro. Eu sei que ela era uma CDF na escola, curtia usar roupas bem escuras, adorava músicas que falavam de sofrimento e assistia muito romance e terror carniceiro. Caralho, a mina é tipo uma gótica estudiosa, fã de My Chemical Romance que assistia Titanic e Sexta-feira treze. Bom, ela me disse também que adora leituras, por isso tramas bem detalhadas como Harry Potter fez ela se apaixonar pelo hábito de ler.
A garota diz que odeia comer arroz, mas duvido que nesse mundo atual, ela vai negar um pratinho quentinho de arroz. Enfim, todo esses dias falando com ela sobre quem eu costumava ser e saber mais sobre a garota, me fez ficar mais unido a ela. Sentia algo tão bom quando ficava perto dela, meu coração se aquecia e até batia um pouco mais forte. Desconfiava da possibilidade de estar apaixonado por ela, mas sei lá, é tudo confuso. Eu acredito que só me apeguei a ela pelo fato da garota ter me salvado e me tratar bem. O foda é que muitos já pensam que eu e ela estamos se pegando ou até namorando. Também, todo dia nós ficamos juntos e fazemos as coisas juntos, ela me chama por apelidos. Do nada começou a me chamar de pandinha, sim, é bem cafona, mas é fofo. Eu me senti a vontade para apelidar a loira de algo, então chamo de florzinha, porque a mulher não é fã de flores, porém noto nela delicadeza como a de uma rosa, e também porque fica brava toda vez que chamo assim. É fofo ver ela fazer biquinho e cruzar os braços, fica tão fofa. Vai se foder, se você julga pessoas que fazem isso, tem que se tratar. Que foi? Nunca ficou boiola com uma pessoa linda, fofa, meio satânica, que salvou a tua vida e parece sair de um livro de história? Então, não me julgue cidadão. Eu tô aqui com essa granada prestes a arrebentar os meus miolos, sendo mordido inteirinho por esse filhos da mãe comedores de carne, só para contar uma coisa fofa que aconteceu comigo no meio desse inferno. Continuando, Era tão bom ter Lisa por perto, eu sentia que não estava sozinho. Claro que tinha o Gary, mas a sensação de proximidade com a Lisa é diferente, não sei explicar, só... é diferente. Ferrou! Eu tô caidinho por ela! Tá, continuando:
Era tardezinha, umas sete da noite pela posição do sol calculo eu, uma grande roda formada pelo grupo do acampamento estava sentada em volta de uma fogueira. Eles fizeram um círculo em torno do acampamento com os veículos, e por cima deles, ficavam pessoas selecionadas para tomar conta da segurança. Aquele acampamento tinha crianças, velhos e pessoas adultas. Eles pareciam se divertir lá em volta da fogueira. Dava muito a entender que aquela conversa descontraída deles era um alívio para o caos que se tornou o mundo. Eu observava solitário lá do trailer do Gary, via eles comendo juntos, tinha um cara com violão e todos estavam dando risada. Eu só não estava lá com eles, pois eu fui ao trailer procurar a mochila de Dalton. Mirna trouxe ela e deixou lá. Pelo que Bob tinha dito ontem, ela estava em algum canto do trailer. Eu perguntei a Gary, mas ele disse que não lembrava, então disse para eu ficar a vontade procurando. Queria a mochila porque Dalton colocou balas de rifle, uma Faca e mais alguns utensílios úteis. Enfim, eu achei a mochila, e todo o conteúdo dela coloquei na minha. Ao sair da barraca, uma senhora de cinquenta e quatro anos, chamada Matilde, veio em minha direção trazendo um copo com cerveja e um espetinho de carne:
- Garoto, porque não está lá com todos aproveitando? Pegue e coma!- Ela me entregou o espetinho e o copo
Eu peguei o que ela me entregou e respondi:
- Muito obrigado! Eu só estava pegando alguns utensílios, já ia ir lá.
- Aproveita lá vai, sua namorada está aproveitando!- A senhora disse me empurrando em direção às pessoas.
- Okay, okay, eu vou vir lá.- Eu Disse chegando perto deles.
Ao me aproximar, Lisa que estava cantando alguma canção que estavam tocando no violão, logo parou e veio pegando na minha mão para que eu sentasse junto com ela.
- Onde você estava?
- Eu só fui pegar a mochila do Dalton no trailer do Gary!
- Porque?
- Tinha balas de rifle, uma Faca e outras coisas úteis.
- Que bom, agora vê se relaxa e aproveita um pouco pandinha.- Ela falou apertando minhas bochechas e voltando a cantar.
Caramba, Lisa cantava bem demais. A voz dela era perfeita, eu nunca fiquei tão encantado com uma voz como a dela. Ali fiquei um tempo, observando Lisa cantar como Rihanna, tomando cerveja e comendo churrasco. Ao me levantar depois de um tempo, Gary me enlaça com sua mão, o meu pescoço.
- Achou a bendita mochila?
- Sim cara, aliás obrigado por deixar ir procurar!
- Sem problemas. Aí, a loira bonitinha é amarradona na tua.
- Que isso, a gente é só...só...amigos.
- Gaguejou perdeu argumento, tu também está amarradinho na dela Kevin!
- Gary, vê se não tem zumbis pra tu matar e me deixa em paz, seu arrombado!- Eu disse me desvinciliando do braço dele, revirando o olho e bebendo em um só gole a cerveja.
Ele rindo, diz alto:
- Ai cara, vai lá e aproveita o momento. Tenho certeza que a garota quer também, então manda o papo.
Eu nem respondi ele, apenas mostrei o dedo no meio, mandando na minha mente ele tomar naquele lugar onde o sol não bate. Mas de fato todas aquelas coisas que ele disse me deixou intrigado. Será que tá na cara que Lisa gosta de mim? Só eu não percebi? Dane-se, eu não notei então não é! Fiquei um pouco viajando no mundo da lua, porém ao olhar para um canto mal iluminado do acampamento, notei uma coisa que parecia ser um braço. Fui chegando mais perto, e cada vez que me aproximava, alguns grunhindos e sons de alguém mastigando aumentavam. Na surdina, apenas observei três zumbis, comendo o que antes era a senhora Matilde. O corpo da mulher estava dividida em três partes, com cada zumbi comendo de forma cruel e sanguinária aquele cadáver. As vísceras da senhora desenhavam o chão de vermelho, causando em mim uma espécie de arte do medo. Mais uma vez eu paralisei ao ver aquilo, minha mente novamente jogou minha mãe ali, mostrou o Dalton, o Peterson e a Mirna. Que porra! Será que toda vez que eu ver isso, irei travar assim? Não! Eu tenho que avisar a todos. Como eram três deles, eu decidi não ir matar, já que quem estava em desvantagem era eu, mas ao sair dali, pisei em um galho que quebrou. Na boa, nunca vi um galho fazer tanto barulho, parecia que no chão tinha um microfone. Os bichos ouviram aquilo, derrepente esqueceram ter uma velha saborosa toda destrinchada na sua frente. Eles ficaram todos atentos a mim, porém com aquele suor frio, e medo fazendo meu coração quase arrebentar meu peito, fui me afastando de costas, bem devagar, pensando comigo mesmo do "porque vocês não comem a velha e me deixam em paz? Ela era mais gordinha!"
Não adiantou muito e eles partiram para cima. Um deles pulou em mim, me derrubando no chão. Os outros dois ficaram por cima dele, o que mostra que não tem nenhum raciocínio lógico nessas mentes podres. O peso deles era enorme para cima de mim, porém me defendia segurando o rosto do primeiro para que não me mordesse. A pressão era tanta que num momento específico, juntei uma pedra que tinha ali e acertei a cabeça do primeiro, assim abrindo uma brecha para eu sair dali. Ao me levantar, observo os dois zumbis se levantando e escuto gritos de desespero. Olho rapidamente para atrás e vejo o acampamento sobre ataque de uma orda enorme deles. Chutei os dois zumbis que estavam se levantando para os atrasá-los e fugi para o trailer. Não tinha escapatória, eram vários deles, estava tudo tomado. O trailer estava trancado. Gritei para que abrissem, mas nada. Então por segundos observo aquelas pessoas todas sendo devoradas. mulheres, homens, crianças que não conseguiram se esconder estavam sendo o jantar. Era sangue, vísceras órgãos e pele para todo o lado. Ver os zumbis acabando com as pessoas que antes estavam animadas doía. Senti um frio ao pensar em Lisa, eu não conseguia ver ela. Eu estava com medo, onde ela estava? Será que ela tá bem? Eu preciso achar para tentar ajudar a mulher que me salvou! Fiquei preocupado, até que vi um zumbi comendo uma perna que estava usando allstar. Não pode ser, eles mataram a Lisa, Eu via só ela usando allstar no acampamento, e era uma perna que lembrava a dela. Eu nao acredito que perdi ela, não posso crer que perdi a única pessoa que arriscaria a vida por mim, a mulher que me fazia me distrair nesse inferno. Meu coração apertou e eu travei novamente. Em segundos minha pele queimava de raiva, então parti para cima daquele zumbi e bati com a cabeça dele contra o trailer, estourando os miolos dele usando meu ódio transformado em força. Levantei todo ensanguentado, e fiquei olhando meia dúzia deles comendo pedaços de carne, focarem suas atenções a mim. O momento pesado, o fato de ter perdido a Lisa e não ter forças, me fez desmaiar enquanto eles se aproximaram, que merda! Tô desmaiando denovo na frente desses monstros. Foda-se, Me matem então filhos da puta!