Depois, Vittorio me faz deitar de bruços no colchão e, na sequência, ele se livra da minha legging, depois da minha calcinha, e se enfia dentro de mim, fazendo alguns movimentos bruscos em seguida. Resolvo não lutar contra os seus desejos e me desligar. Automaticamente, sou teletransportada para um lugar tranquilo, onde os cânticos dos pássaros me acalmam e a força das águas de um rio imaginário prende a minha atenção. Essa foi a maneira que encontrei para abafar os sons dos seus grunhidos e urros; a sensação do seu toque na minha pele e os momentos de luxúria que me causam ânsia.
- Quero que fique linda para mim esta noite, Abby - Vittorio fala com voz áspera e ofegante, trazendo-me de volta à minha realidade. - Quero levá-la para dançar - rosna, saindo de dentro de mim após ejacular, e ajeita a roupa que sequer chegou a tirar. - Será uma reunião rápida. E depois, seremos só nós dois em uma noite ardente. Dessa vez a terei de todas as formas possíveis, Coelhinha, e sem interrupções.
Sua promessa me causa sérios arrepios. Contudo, apenas sorrio para ele e concordo.
- É claro... querido.
- Eu te amo, Coelhinha! - declara e entra no banheiro.
Ainda ofegante, sento-me na cama e, após me limpar, preparo-me para a minha corrida matinal. Uma forma de apagar esse momento da minha memória, mesmo que por poucas horas. Finish Line grita dentro dos meus ouvidos enquanto corro feito uma condenada por uma trilha que não parece ter fim. De alguma forma, a letra da música me fortalece. Faz-me vislumbrar uma linha de chegada que eu bem sei: ela nunca existirá para mim de fato, porque Vittorio Leone sempre estará no final do meu túnel, e não haverá escapatória para mim.
Em algum momento, meus pulmões começam a queimar. Eles protestam o exagero dos longos quilômetros percorridos e, com dificuldade para respirar, paro e apoio-me em um tronco largo de uma árvore. Agoniada, me livro dos fones e tento me recuperar da corrida. Contudo, ao olhar ao redor da mata fechada, percebo o quão longe estou do casarão. Desanimada, encosto-me no tronco áspero; porém, um movimento dentro da mata aguça minha curiosidade e tento ver algo além dos matos altos, mas não consigo.
Você precisa voltar para casa, Abby! - aconselho-me mentalmente. Entretanto, me pego adentrando a mata e só paro quando percebo alguns movimentos atrás de algumas árvores.
Vittorio e alguns dos seus homens - constato. Curiosa, abaixo-me atrás dos matos altos para ver o que está havendo. Logo percebo algumas pessoas ajoelhadas, com as mãos amarradas atrás dos corpos. Dois homens seguram armas em punho, apontam para as suas cabeças e, na sequência, alguns disparos me aterrorizam.
Assustada, abafo um grito agudo com as minhas mãos e saio dali o mais rápido possível.
***
À noite...
O barulho da música alta abafa a conversa entre Vittorio e alguns homens de negócios. É quase impossível ouvir o que eles estão falando, ainda mais quando Vittorio faz questão de me deixar em uma mesa à parte, na companhia de Ava.
- Que tal uma dança? - minha acompanhante grita após esvaziar sua taça rasa, enfiando uma azeitona verde na boca.
Entediada, faço um "sim" para ela e a acompanho para a saída da sala VIP. Contudo, não descemos sozinhas. Alguns armários vestidos com seus paletós escuros nos acompanham. Enquanto me mexo timidamente, aproveito para olhar ao meu redor. As luzes neon parecem brincar com os corpos suados e agitados enquanto percorrem de uma extremidade à outra do grande salão. Contudo, meu olhar para em cima de um homem que, estranhamente, tem seus olhos fixos em mim.
Algo nele me inquieta; porém, me forço a desviar os meus olhos dos seus.
- Aonde você vai? - grito para Ava quando ela se afasta de mim. No entanto, antes que eu consiga ir atrás dela, um par de mãos fortes toma posse da minha cintura e, imediatamente, meu corpo se cola a um corpo rígido.
Vittorio. Penso.
- Eu já disse o quanto você está gostosa esta noite, minha esposa? - sua pélvis roça na minha bunda, e é possível sentir a protuberância da sua ereção contra a minha carne.
Não tem outro jeito. Eu preciso ser a sua Coelhinha e fingir uma felicidade que não tenho, apenas para satisfazê-lo. Portanto, sorrio, viro-me de frente para ele e o envolvo com meus braços para beijá-lo em seguida. Depois, Vittorio inicia uma dança quase erótica. E, quando a noite termina, ele cumpre a promessa que fez mais cedo: uma noite inteira de sexo ardente e forte que me leva à exaustão.
Na manhã seguinte, acordo dolorida e, ao descer para tomar café da manhã, peço para me servirem no jardim, próximo ao gazebo. Pego alguns livros e me acomodo a uma mesa pequena com tampo de vidro. Contudo, ao apreciar o primeiro gole de café, uma voz infantil me faz erguer meus olhos das primeiras páginas do livro.
A garotinha aproxima-se sorrateira, abrindo um lindo sorriso infantil e lançando-me um olhar curioso.
- Oi! - ela diz com doçura.
- Oi! Eu me chamo Abby. E você é a Lise, não é?
- Uhum.
Interagir com Lise me faz lembrar de Anne, minha irmã caçula, e logo me sinto melancólica.
- O que você está fazendo? - a garotinha questiona, com os olhos curiosos percorrendo cada livro.
- Estou lendo livros de romance. - Mostro-lhe a capa. Ela sorri outra vez.
- E você gosta de ler?
- Na verdade, eu amo!
- Eu nunca li antes, a não ser na escola.
- Mas devia. Ler faz muito bem para a mente e para o corpo.
- Oh, você está aí! - uma empregada fala, quase em desespero, interrompendo a nossa conversa. - Venha comigo, sua fujona!
- Por que a deixa ficar mais um pouco? - peço. - Eu...
- O Senhor Vittorio me mataria se eu fizesse isso, Senhora Leone. - Ela me interrompe e segura a mão da menina. - Me desculpe por importuná-la
Desculpá-la? Importuno?
... O Senhor Vittorio me mataria se eu fizesse isso!
Vittorio não estava brincando quando disse que me queria apenas para ele. Acabo de me dar conta de que, desde que cheguei a esta casa, apenas a Ava está por perto, e que os outros sempre mantêm certa distância de mim.
Suspiro audível e penso que uma companhia confiável não seria nada ruim.