Nos Braços do Inimigo
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Nos Braços do Inimigo

Nalva Martins
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Capítulo 1 Prólogo - Parte 1

Abby

Dois anos antes...

- Você entende o porquê, não é, filha?

Mamãe pergunta com pesar, mas eu só consigo pensar que hoje deveria ser o dia mais feliz da minha vida. Porque exatamente hoje estou fazendo dezoito anos. Contudo, ao abrir os meus olhos nessa manhã lindamente ensolarada, empacotei todos os meus sonhos e os guardei cuidadosamente dentro de uma mochila.

Sim, eu estava pronta para seguir viagem. Eu só precisava fazer a última prova do meu último ano no colegial e ingressar em uma faculdade de administração. Entretanto, a voz cautelosa e sussurrada de minha mãe me diz que não. Que eu preciso me esquecer do meu futuro, largar todos os meus sonhos e salvar todos os membros da minha família.

- O seu pai está doente, Abby. - Ela diz com uma voz trêmula e um pouco embarga. - E ele já não pode mais colocar o alimento em nossa mesa.

Suspiro baixo, sentindo um nó sufocar a minha garganta.

- Você é a nossa única esperança, filha. Se você não for com Senhor Leone agora, todos morreremos de fome.

E é isso.

O meu destino já está traçado. E o meu sacrifício salvará meus quatro irmãos pequenos da fome e da miséria. E ainda, renderá um tratamento de saúde para o meu pai. Além disso, lhes dará uma vida digna. Mas como eu disse, para isso acontecer terei que me casar com o mais cruel, desprezível e poderoso homem dessa cidade. Pensar nisso, faz o nó sufocar ainda mais a minha garganta.

Entretanto, me pego fazendo um sim para ela.

- Eu entendo, mamãe. - Solto uma afirmação trêmula, enquanto tento secar as lágrimas dolorosas, que impiedosamente escorrem pelo seu rosto.

Eu queria poder estar forte por ela agora. Queria que ela soubesse que vai ficar tudo bem. E mesmo quando algumas lágrimas escapam dos seus olhos, ela sorri para mim.

- Acredite, Abby, você será tratada como uma rainha naquela casa luxuosa. E terá todo o conforto para o resto de sua vida.

Deus, eu espero que ela esteja certa. Que a minha felicidade esteja realmente escrita nesse novo caminho que preciso trilhar. Penso quando a porta da minha casa se abre e um homem imponente passa por ela. Entretanto, o seu olhar endurecido me encara. Avalia-me as minhas vestes simples. Sua feição sempre rígida demais se desenha diante dos meus olhos e eu penso que o meu mundo encantado acaba de desabar. Logo alguns homens invadem a casa humilde e um deles segura a pequena mala que está em um canto de parede, contendo as poucas roupas que tenho.

- Você precisa mesmo ir com ele? - Desperto quando Anne, minha irmã caçula pergunta aos sussurros e prontamente me agacho para ficar da sua altura.

Sorrio, porque não quero que ela tenha medo desse momento tão obscuro da minha vida. Portanto, começo a ajeitar algumas mechas loiras e desgrenhadas dos seus cabelos atrás da sua orelha.

- Sim, eu preciso ir, querida. - Forço mais um sorriso para que ela saiba que está tudo bem.

Que tudo vai ficar bem.

Eu não quero deixá-la preocupada comigo. Não quando eu sou sua irmã mais velha e não é justo que a minha pequenina tenha essa preocupação.

- Quando você vai voltar, Abby? - Eduard inquire, enquanto me abraça apertado.

- Talvez demore um pouco para isso acontecer. Mas quero que saiba que eu te amo muito, e que nunca irei te esquecer.

- Eu também te amo!

Beijo calidamente a sua bochecha.

- Eu quero pedir uma coisa muito especial para você - falo para o Lucke, meu irmão do meio.

- O que você quiser, irmãzinha.

- Preciso que você seja o homem dessa casa, enquanto o papai não melhora. Você consegue fazer isso?

- Eu consigo.

            
            

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