Queimar o Mundo Dele: A Fúria da Esposa
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Capítulo 4

Ponto de Vista de Alana Escobar:

Acordei de um sono superficial e cheio de pesadelos, meu coração batendo forte contra minhas costelas. No meu sonho, Léo estava chorando, um som fino e fraco que eu não conseguia alcançar. Meus olhos se abriram de repente, e o choro do sonho continuou. Era real.

Levantei-me de um salto, ignorando a dor lancinante no meu abdômen, meus olhos percorrendo o quarto escuro do hospital. O berço ao lado da minha cama estava vazio.

Um pavor frio, pegajoso e oleoso, cobriu minha pele.

"Léo?" chamei, minha voz um sussurro frenético.

Uma risada suave veio do canto mais distante do quarto, perto da grande janela com vista para a cidade. Uma figura estava silhuetada contra o horizonte cintilante. Era Flávia. E ela estava segurando meu filho.

"Dê ele para mim," eu rosnei, minha voz baixa e perigosa. Todo o medo, toda a dor, se fundiram em um único e afiado ponto de fúria materna.

"Ele estava agitado," disse Flávia, sua voz leve e conversacional. Ela balançava suavemente, embalando Léo em seus braços. "Pensei em te dar um descanso."

"Me. Dê. Ele. Agora."

Ela sorriu, um flash de branco na escuridão.

"Por que você não vem pegá-lo?"

Joguei as cobertas para trás, meu corpo gritando em protesto. Cada movimento era uma agonia, os pontos na minha barriga puxando e rasgando. Forcei-me a ficar de pé, minhas pernas tremendo, e dei um passo arrastado em sua direção.

Flávia deu um passo para trás, aproximando-se da janela.

"Cuidado, Alana. Você não vai querer cair."

Ela estava jogando um jogo. Um jogo doentio e perverso. Dei outro passo, e ela deu outro para trás, uma dança cruel na penumbra. Léo começou a chorar mais forte, seu pequeno corpo se contorcendo em seus braços.

Então, ela parou. Suas costas estavam contra o vidro da janela. Com um movimento horripilante e deliberado, ela destravou a janela e a abriu. Uma rajada de vento frio invadiu o quarto, trazendo os sons distantes do tráfego de doze andares abaixo.

Ela segurou Léo para fora, sobre o abismo.

Meu mundo parou. O ar saiu dos meus pulmões. Meu coração, minha sanidade, todo o meu ser estava pendurado por um fio em suas mãos, suspenso sobre a cidade cintilante e indiferente.

"Por favor," eu implorei, a palavra um soluço estrangulado. "Flávia, por favor. Não."

Caí de joelhos, o impacto enviando uma nova onda de agonia através de mim, mas não era nada comparado ao terror que estava subindo pela minha garganta.

"Por favor, eu faço qualquer coisa. Sinto muito. Sinto muito."

"Ops," ela disse, sua voz um suspiro teatral de surpresa.

E ela o soltou.

Por uma fração de segundo, vi seu corpinho, enrolado em um cobertor azul, desaparecer na escuridão. Um grito rasgou minha alma, um som de pura agonia animalesca.

Mas ele não caiu. Ele aterrissou na larga saliência de pedra decorativa logo abaixo da janela. Flávia apenas o tinha deixado cair. Alguns metros. Mas foi o suficiente.

O mundo explodiu em caos. Enfermeiras entraram correndo, alertadas pelo meu grito. Léo foi pego e levado às pressas para a sala de emergência. Gustavo chegou, o rosto pálido de pânico.

Flávia desabou em seus braços, soluçando histericamente.

"Sinto muito, Gustavo! Ele só... ele escorregou! Minhas mãos estavam tremendo! Sou tão desastrada! Nunca vou me perdoar!" Ela olhou para ele, os olhos brilhando com lágrimas. "Eu queria ser uma boa mãe para ele, para você! Talvez... talvez eu possa te dar um filho nosso, um que eu não vou derrubar!"

Minha mente ficou dormente. Ela estava confessando, torcendo seu crime em uma declaração de amor e uma promessa para o futuro.

E Gustavo a consolou. Ele a abraçou forte, murmurando palavras calmantes, dizendo a ela que foi um acidente, que não foi culpa dela.

Eu era invisível. Meu terror, minha dor, a vida do meu filho por um fio - nada disso importava.

Horas depois, um médico saiu da emergência.

"Ele é um menino de muita sorte," disse ele, o rosto sério. "Sem ferimentos graves, mas ele tem uma leve concussão. Precisamos mantê-lo na UTI para observação."

O alívio foi tão imenso que meus joelhos fraquejaram. Apoiei-me na parede, lágrimas de gratidão e raiva escorrendo pelo meu rosto. Eu quase o perdi. Por causa dela.

Gustavo ainda estava abraçando Flávia, protegendo-a do meu olhar como se eu fosse a ameaça.

"Foi um acidente, Alana," ele disse, sua voz fria e final. "A Flávia se sente péssima. Não vamos piorar as coisas."

"Um acidente?" eu gritei, minha voz falhando. "Ela o segurou para fora da janela, Gustavo! Ela o derrubou!"

"Chega," ele disse, seu tom não deixando espaço para discussão. Ele então me entregou um documento dobrado. "Aqui. Eu cuidei da certidão de nascimento. Registrei-o esta manhã."

Desdobrei o papel, meus olhos percorrendo o texto oficial. E então eu vi. O nome.

Léo Arthur Rodrigues Ortiz.

Rodrigues. Ele tinha dado ao meu filho o nome dela. Arthur. Esse era o nome do irmão de Flávia, aquele que morreu em um acidente de barco anos atrás. Um acidente que, segundo rumores, ela mesma causou.

O papel tremeu em minhas mãos.

"O que é isso?" eu sussurrei.

Uma memória surgiu, nítida e dolorosa. Alguns meses atrás, estávamos deitados na cama, minha cabeça em seu peito, falando sobre nomes. *Léo*, eu disse. *Como um leão. Forte e corajoso.* Gustavo sorriu, beijando minha testa. *Léo Escobar Ortiz. Eu amo.*

Agora, aquele sonho compartilhado era apenas mais uma vítima de sua ambição.

"A Flávia estava tão angustiada," Gustavo explicou, como se fizesse todo o sentido. "Dar a ele o nome do irmão falecido dela... pareceu uma forma de trazer algo positivo desta tragédia. De honrar a família dela."

Honrar a família dela. Ele havia apagado minha família, meu nome, minha escolha, para apaziguar a dela.

Com um grito de pura raiva, rasguei a certidão de nascimento ao meio, depois em quartos, os pedaços flutuando até o chão como folhas mortas.

Flávia ofegou.

"Como você pôde? Esse nome significa tanto para mim!" ela chorou, e sem aviso, sua mão voou e estalou no meu rosto.

A ardência foi aguda, chocante. Mas o que aconteceu a seguir foi pior.

A primeira reação de Gustavo não foi por mim. Ele instantaneamente agarrou a mão de Flávia, examinando-a com preocupação frenética.

"Você está bem? Machucou a mão?"

Somente depois de se certificar de que ela não estava ferida, ele voltou sua atenção para mim. Um lampejo de algo - irritação? obrigação? - cruzou seu rosto.

"Você está bem, Alana?" ele perguntou, a voz plana.

A marca vermelha da mão dela já estava florescendo na minha bochecha, uma marca da sua traição.

Encontrei seu olhar, meus próprios olhos frios e claros.

"Não se atreva," eu disse, minha voz perigosamente baixa, "a fingir que se importa agora."

            
            

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