Seus beijos foram descendo, cada vez mais lentos e perigosos, até que sua boca encontrou meu centro. Me arqueei sob ele, implorando em silêncio. E ele me devorou com uma perícia quase cruel - como se soubesse exatamente como me fazer implodir por dentro. Meu corpo tremeu, despedaçando-se sob sua língua e seus dedos.
- Maximus... - murmurei, perdida.
Ele subiu por cima de mim, posicionando-se entre minhas coxas. Sentia o calor do seu desejo rígido, pulsante, roçando em mim. Nossos olhares se encontraram. Um momento de silêncio... e então ele entrou.
Devagar no início, como se saboreasse cada segundo. Depois, mais fundo, mais intenso, como se quisesse se fundir a mim. Cada investida era um chamado, uma possessão. Eu me agarrava aos seus ombros, às suas costas, às sensações que me atravessavam.
Fizemos amor uma, duas vezes naquela noite. E, quando não havia mais pressa, quando o céu já clareava, ele me deitou de lado, abraçada a ele, e me tomou com uma delicadeza que me fez chorar em silêncio.
Ele me beijava o pescoço, murmurava em italiano contra minha pele, dizia meu nome como se o mundo inteiro coubesse em três sílabas.
No dia seguinte, acordei com o som das ondas ao longe e o cheiro dele ainda no meu corpo. Meus músculos doíam de um jeito bom. A luz do sol filtrava-se pelas cortinas, desenhando linhas douradas sobre os lençóis amarrotados e sobre o peito nu de Maximus.
Por um instante, só fiquei ali observando-o dormir. A expressão dura dele, sempre tão impenetrável, parecia quase serena. Tinha a mão sobre minha cintura, possessiva até no sono. Eu me permiti sonhar, só por alguns minutos, que talvez aquilo fosse o início de uma linda história de amor. Entretanto, o encanto acabou assim que o celular dele tocou.
Ele despertou num salto, pegou o aparelho e atendeu com aquela voz grave que, horas antes, sussurrava meu nome como um segredo precioso.
- Sim? ... Quando? ... Entendo.
A mudança foi sutil, mas inegável. Ele se sentou na beira da cama, de costas para mim, e passou a mão pelos cabelos. A rigidez voltou aos ombros largos, como se ele tivesse se vestido de armadura invisível.
- Preciso voltar ao continente - disse, sem me encarar.
Sentei também, puxando o lençol contra meu corpo, como se aquilo pudesse me proteger.
- Aconteceu alguma coisa?
- Preciso conversar com a minha ex-noiva. É... urgente.
Não fiz perguntas. Só assenti, mostrando que aquilo não me atingia. Afinal, nós não tínhamos nenhum relacionamento e ele não tinha nada para explicar.
Ele se vestiu em silêncio. Pegou o blazer, o relógio, a chave do carro.
- Foi uma noite maravilhosa, Vitória - disse, por fim, sem emoção na voz.
Vi quando ele saiu do quarto e então voltou com um comprimido e uma garrafa de água.
- Engula... - entregou o contraceptivo. - Levanta a língua! - O pedido veio em tom de comando.
Abri minha boca para mostrar que havia engolido a pílula.
Forçou um meio sorriso e saiu, deixando um rastro de perfume amadeirado.
Na porta, hesitou por um segundo. Achei que fosse se virar, voltar, dizer que sentia muito. Entretanto, ele apenas foi embora.
Fiquei parada no quarto, com o lençol apertado entre os dedos e a garganta ardendo.
Algo me dizia que ele nunca voltaria para mim.
Duas semanas depois, Bianca Ambrósio voltou. Sua participação na novela tinha chegado ao fim após a morte da personagem. Ela chegou com malas, óculos escuros e um sorriso falso. Andava pela mansão como se fosse dona de tudo - e de todos. Eu abaixava a cabeça toda vez que cruzava com ela. Algo naquela mulher me dava calafrios.
- Então... você continua aqui - ela disse, num sussurro venenoso certa tarde. - Soube da viagem para Tenerife... espero que tenha aproveitado bastante. - As palavras dela estavam cheias de sarcasmo.
Algo me dizia que ela pressentia, pois mulheres como Bianca não precisam de provas para odiar outras mulheres. Ainda mais quando sentem que o seu território está ameaçado.