A babá que acusei é a mãe do meu filho
img img A babá que acusei é a mãe do meu filho img Capítulo 7 A babá é culpada
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Capítulo 8 O meu filho img
Capítulo 9 Ex-babá deplorável img
Capítulo 10 A guarda do meu filho img
Capítulo 11 O pai do bebê img
Capítulo 12 A noiva do senhor Trevisani img
Capítulo 13 Uma sentença img
Capítulo 14 O seu passado te condena img
Capítulo 15 Você mentiu pra mim img
Capítulo 16 Omissões img
Capítulo 17 Um déjà vu img
Capítulo 18 Vá embora img
Capítulo 19 Pare de chorar img
Capítulo 20 Pai do seu filho img
Capítulo 21 Ele não é o seu filho img
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Capítulo 7 A babá é culpada

Ponto de vista Maximus

- Mas que merda! - Gritei, sentindo aquela porra de sentimento idiota me incomodando noite após noite.

A mulher que acusei de roubo era a culpada pelos meus piores dias e eu tinha deixado ela ir ao invés de mandá-la para a cadeia. Ao contrário de mim, Bianca insistia para incriminá-la e colocar a babá na prisão.

- A babá é culpada, querido, você sabe disso.

- Já falei que não quero mais tocar nesse assunto, porra! - Esbravejei.

Deixei o copo em cima da mesa depois que tomei todo o uísque. Minha sobrinha não se adaptava a nenhuma babá desde que mandei Vitória embora. Allegra não ia bem nas aulas e sempre agredia a Bianca com mordidas quando tentava se aproximar para cuidar dela.

- Você precisa mandar a sua sobrinha para o orfanato depois do nosso casamento.

Houve dias que realmente pensei nessa possibilidade, mas Allegra era a única lembrança viva que tinha da minha irmã. Não podia simplesmente me desfazer dela.

- Tem um orfanato na Inglaterra que...

- Já chega... - gritei, exasperado.

Sentei na cadeira atrás da minha mesa.

- Você precisa relaxar um pouco, amor. - Veio para o meu lado e se ajoelhou.

- Não estou afim. - Afastei.

- Está me rejeitando desde que trepou com aquela babá, que não passa de uma ladra sem vergonha e assassina. - Bianca ficou em pé enquanto reclamava.

- Minha irmã morreu no acidente. - Coçando os olhos com a palma das minhas mãos, eu redargui.

- Sua irmã dirigiu dopada por causa dos remédios que a babá deu pra ela. - A voz esganiçada continuou enchendo meu saco. - Aquela garota tem que ir para a cadeia.

- Bianca, esquece isso... logo, vamos nos casar e sair desse país. Agora, deixe-me sozinho. Tenho alguns documentos para avaliar e assinar.

Puxei a pasta e comecei a ler o primeiro parágrafo do documento de um prédio que havia acabado de adquirir. Ouvi a porta batendo com força, finalmente estava sozinho.

Não era só Allegra que sentia falta da babá... eu tinha que admitir que a ausência de Vitória também me afetava.

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Ponto de vista de Vitória.

Nos dias seguintes, Maximus não ligou e nem mandou mensagem. Tentei me convencer de que tudo aquilo foi só uma ilusão passageira.

Logo, veio os enjoos e as tonturas. Não suportava mais a náusea inexplicável que surgia pela manhã e me fazia correr até a pia da cozinha.

Ignorei, a princípio. Mas à medida que os dias se arrastavam e meu atraso se tornava impossível de negar, a verdade começou a se desdobrar diante dos meus olhos.

Comprei o teste em uma farmácia numa rua que ninguém me conhecia. Guardei o pacotinho na bolsa o dia inteiro. À noite, decidi fazer o teste e minhas mãos tremiam quando o resultado apareceu em poucos segundos.

Grávida.

Sentei no chão frio de azulejos, abraçando os joelhos, e chorei.

Chorei pela criança que crescia dentro de mim, sem saber que fora concebida numa noite de calor e abandono. Chorei pela ausência de Maximus, por não ter acreditado em mim e por ter me deixado tão sozinha no momento que mais precisei.

Tentei imaginar o que ele diria se soubesse. Se riria na minha cara. Se me acusaria de estar tentando prender um homem rico com uma criança. Ou, pior, se negaria tudo, como se nada tivesse acontecido entre nós.

Mas não cheguei a contar. Afinal, Maximus deixou bem claro que seu compromisso de sua família era com o pai de sua noiva. Aquele era um mundo onde babás como eu não eram bem-vindas.

O telefone tocou, trazendo-me de volta a realidade. Assim que atendi, recebi a notícia que me deixou sem chão. Minha avó tinha partido e eu nem ao menos tinha alguém que me abraçasse e me desse consolo. Tudo estava acontecendo ao mesmo tempo. Da janela do inóspito apartamento da periferia, eu estava chorando quando pensei no que fazer da minha vida.

Eu convivia com a lembrança das noites em que me entreguei sem reservas a um homem que desapareceu como se eu nunca tivesse existido. Queria procurá-lo e falar pra ele sobre a gravidez, mas o medo de ser presa ainda me consumia.

Uma semana após gastar com as depesas do enterro de vó Domenica, fiquei sem dinheiro para pagar o aluguel. Cheguei a pedir ajuda para minha madrasta, mas ela simplesmente arrumou inúmeras desculpas até contar que vendeu a casa para ajudar a filha dela a conseguir pagar as contas em Los Angeles.

- A Aurora está trabalhando num filme, logo será estrela de Hollywood. - Minha madrasta mencionou por telefone.

"Deve estar trabalhando como figurante em algum filme... isso sim"

Não insisti mais. Por cinco meses, continuei tentanto arrumar um trabalho, mas não consegui. Meu nome estava na lista negra das agências de emprego. A acusação do Senhor Trevisani realmente manchou a minha reputação naquela cidade.

Certo dia, eu andava pelas ruas da cidade em busca de trabalho até que esbarrei com o meu amigo de infância. Paul era francês e morou alguns anos em Turim, Itália, mas voltou para França com os pais na adolescência.

- Estou pensando em ir para França. - Comentei depois que nos acomodamos na mesa de uma pequena cafeteria.

- Legal! - Paul falou e tomou uma xícara de seu café fumegante. - Se quiser, pode ficar na minha casa.

- Merci, - Sorri, falando no idioma dele e então, tomei um gole do meu chocolate quente.

Dias antes de viajar para França, eu estava andando pela rua para encontrar o meu amigo. De repente, a minha visão nublou, deixando-me um pouco tonta. Era um sintoma típico da gravidez e seria só mais um mal-estar até que um carro freiou bruscamente. Em choque, fiquei paralisada. Os meus pés pareciam ter fincado no chão quando o homem saiu apressado para me socorrer. A fisionomia dele se fechou em uma carranca quando levantei o meu rosto.

- Está querendo se matar, sua louca? - Exasperado, Maximus gritou.

Meus lábios se moviam, mas não emitiam palavras. Irritado, Maximus bufou e então, fitou a minha barriga.

- Só lamento pelo homem que engravidou uma ladra como você.

"Se eu contar a verdade, ele vai tomar o meu filho e afastá-lo de mim". Pisquei nervosamente enquanto eu me perdia nos meus pensamentos.

- Vitória, - a voz veio do outro lado da calçada.

O senhor Trevisani também olhou na direção onde um homem loiro, alto e olhos azuis acenava.

- Aquele é o pai do seu filho? - Num tom ríspido, Maximus inquiriu.

                         

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