Capítulo 4 Pretensão Tortuosa

Assim que senti que não havia saída, Kalani empurrou a porta entreaberta e entrou no quarto.

Clayton manteve o olhar fixo em mim enquanto eu levava o remédio aos lábios e tomava um gole. Clayton relaxou visivelmente e ofereceu um sorriso. Em seguida, olhou para Kalani e prontamente se levantou para pegar a bandeja dela.

Ao se levantar para pegar a bandeja, sua figura alta bloqueou a visão de Kalani. Rapidamente, inclinei a tigela na minha mão em direção ao cobertor escuro que me cobria e derramei o remédio.

Em seguida, apressei-me a levar a tigela de volta aos lábios, fingindo ingerir o remédio, deixando o resíduo no canto da boca.

Na verdade, cuspi o remédio que havia acabado de tomar na tigela, criando a aparência de resíduo no fundo.

Simultaneamente, Clayton pegou a bandeja e se virou.

Ajustei o cobertor, empilhando-o ao meu lado, e entreguei a tigela de remédio a Kalani. "Posso sair da cama sozinha."

Clayton assentiu em aprovação, colocando a bandeja na mesa de cabeceira e me dando um beijo na testa. Depois, pegou a tigela de mingau, com a intenção de me alimentar.

Brincando, afastei-o, fingindo estar tímida. "Por favor, vá trabalhar logo. Não faça isso."

Com um sorriso carinhoso e charmoso, ele estendeu a mão para beliscar minha bochecha delicada. "Tudo bem, vou trabalhar agora. Descanse bem depois da refeição. Voltarei o mais rápido possível para ficar com você e Niko."

"Está bem." Olhei para ele com uma falsa relutância em vê-lo partir e acrescentei: "Deveria ir agora. Volte cedo esta noite."

Na verdade, temia que ele estendesse a mão para arrumar o cobertor ao meu lado.

Finalmente, ele saiu sem fazer contato visual com Kalani.

Restamos apenas Kalani e eu no quarto.

"Kalani, Niko ainda está dormindo?" Perguntei suavemente, insinuando que ela deveria sair.

"Vou verificar. Fique à vontade. Chame-me se precisar de algo," Kalani respondeu antes de se virar e sair.

À medida que seus passos se afastavam, consegui dar apenas algumas mordidas na comida. Depois, voltei para a cama, me cobri com o cobertor e coloquei a bandeja sobre ele, continuando a comer lentamente.

Para ser honesta, eu não tinha apetite algum. Tremia de nervosismo, mas persistia em consumir a comida lentamente.

Por um lado, sabia que precisava comer para manter a força. Por outro, permanecia vigilante contra a câmera de vigilância no quarto.

Instalei câmeras de vigilância em todos os cômodos por segurança. Tendo testemunhado muitos incidentes infelizes, senti a necessidade de ser cautelosa.

Ironia do destino, isso se tornou uma armadilha para mim agora.

Anteriormente, Clayton havia protestado contra a câmera de vigilância neste quarto, citando a falta de privacidade. Ele perguntou se eu tinha medo que ele assistisse nossos momentos íntimos como vídeos pornográficos.

Apesar de suas objeções, me mantive firme, ativando a câmera apenas quando estava ausente ou em horários específicos.

Com o tempo, a câmera de vigilância no quarto raramente era usada, embora eu não pudesse ter certeza se estava ativada ou não.

Após a refeição, ao limpar a bandeja, aproveitei para arrumar o cobertor, limpando qualquer resíduo de remédio com um lenço e descartando-o discretamente no banheiro.

Depois de passar um tempo com Niko, fingindo cansaço, voltei a simular que estava dormindo.

Não encontrei falhas neles, e não podia me permitir que encontrassem falhas em mim.

Na verdade, além do perfume de Kalani, não encontrei nada errado. Havia inúmeras explicações plausíveis para a fragrância.

No entanto, fingir que estava dormindo era uma tortura. Para manter a ilusão, evitei qualquer movimento. Com os olhos fechados, ponderava sobre vários cenários e contemplava meus próximos passos.

Meus nervos estavam à flor da pele e meu corpo tenso. O medo elevou meus sentidos a um nível extremo. Manter a pretensão imóvel de sono tornou-se uma provação insuportável.

Naquele momento, descobri que permanecer acordada era mais difícil do que dormir.

Talvez pela falta de sono na noite anterior ou pelo nervosismo avassalador, fadiga e fraqueza, acabei adormecendo após lutar para me manter acordada.

No entanto, enquanto dormia profundamente, meus nervos hipersensíveis me alertaram sobre a aproximação de alguém.