A Princesa da Máfia: Escapando da Mentira Mortal Dele
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Capítulo 2

Ponto de Vista: Catarina

Juliano voltou tarde, o cheiro do ar frio da noite agarrado ao seu casaco caro. Ele trazia um pote de comida para viagem, um sorriso no rosto que deveria parecer gentil, arrependido.

"Eu trouxe algo para você", disse ele, com a voz suave. "Sopa de frutos do mar. A sua favorita."

Meu estômago se revirou. Na câmera de segurança, eu tinha visto a filha dele, Sofia, dar uma colherada daquela mesma sopa e cuspir, reclamando que estava "ruim". Eu tinha ouvido Juliano rir e dizer: "Não se preocupe, princesa. Vamos levar para o cachorro."

Eu era o cachorro.

A repulsa, quente e violenta, me invadiu, tão poderosa que pareceu um golpe físico. Saí da cama às pressas, meus pés descalços batendo no linóleo frio, e mal consegui chegar ao banheiro antes de cair de joelhos, vomitando até não restar nada além de soluços secos e convulsivos.

Caí contra o azulejo frio, meu corpo tremendo.

"Cat?", a voz de Juliano veio do outro lado da porta, tingida com uma ansiedade bem ensaiada. "Você está bem? O que aconteceu?"

A preocupação dele era uma performance, e eu era a plateia relutante.

O choque - a dor no coração, o peso esmagador da traição dele - fez meu sistema entrar em colapso. Uma febre começou, quente e rápida. Em uma hora, o mundo era um borrão de luzes estéreis e movimento frenético enquanto eu era levada de volta ao hospital, com Juliano ao meu lado, desempenhando o papel do marido desesperado e devotado.

Eu entrava e saía de um sono febril. No meio da noite, acordei com o som de vozes sussurradas. Juliano e seu primo, o Dr. Breno Pontes, estavam na luz fraca do corredor. Mantive meus olhos fechados, minha respiração regular, e escutei.

"Ela está em estado crítico", disse Breno, com a voz tensa. "Essa febre... ela pode não durar um mês, Juliano. Precisamos prosseguir com o transplante."

Houve uma pausa. Então a voz de Juliano, fria e resoluta. "Dê o fígado para a mãe da Ava. Diremos à Cat que a família doadora desistiu no último minuto. Que houve uma complicação."

Ele ia me deixar morrer.

Breno parecia incrédulo. "Você está louco? Essa é Catarina Volkova. Você deve sua vida inteira à família dela. Isso não é apenas desleal, é suicida. A Máfia vai te enterrar por isso."

"Eu já fiz o suficiente", Juliano retrucou, sua voz carregada de uma amargura que eu nunca tinha ouvido antes. "Passei três anos ao lado dela. Três anos da minha vida esperando que ela melhorasse, ou morresse. Ela nem conseguiu me dar um herdeiro."

As palavras não foram um soco no estômago. Elas arrancaram de mim a vergonha e a dor silenciosa que eu carregava pelas falhas do meu próprio corpo. Minha incapacidade de ter um filho era apenas mais uma marca contra mim no livro de contas dele.

Ele voltou para o quarto alguns momentos depois, uma sombra no escuro. Ele pensou que eu estava dormindo. Ele estendeu a mão e acariciou suavemente minha bochecha, seu polegar traçando a linha da minha mandíbula.

O toque dele parecia uma marca de ferro quente, gravando a traição dele na minha pele.

            
            

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