Desmascarar a Falsidade Dela, Retomar Minha Vida
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Capítulo 2

Clarice POV:

O resto da noite foi uma aula de tensão. O frango com limão siciliano tinha gosto de cinzas na minha boca. Cada tilintar de talher contra a porcelana soava como um tiro no silêncio pesado que os comentários de Fabiana haviam criado.

Ela, é claro, agiu como se nada tivesse acontecido. Ou melhor, agiu como uma criança repreendida, tentando desesperadamente reconquistar o favor. Ela foi excessivamente elogiosa com a comida de Helena, prestou atenção em cada palavra de Henrique sobre o mercado de ações e se agarrou ao braço de Breno como se fosse uma boia salva-vidas.

Seus olhos, no entanto, continuavam encontrando os meus do outro lado da longa mesa de mogno. Eles não estavam mais velados. Eram abertamente hostis, cheios de uma avaliação arrepiante, como se ela estivesse tirando minhas medidas para um caixão.

Eu fiz o meu melhor para desaparecer. Foquei no meu prato, ofereci respostas monossilábicas quando falavam comigo e tentei respirar através do nó de pavor que havia se instalado permanentemente no meu peito. Parecia que eu tinha engolido uma pedra.

Depois do jantar, Henrique deu uma palmada no ombro de Breno. "Filho, venha comigo ao escritório por um minuto. Há um contrato que quero que você veja."

Era uma dispensa clara. Ele estava separando Breno de Fabiana, dando um momento para as mulheres. Helena começou a tirar os pratos, seus movimentos eficientes e deliberados. Levantei-me para ajudar, grata pela distração.

"Eu ajudo", Fabiana cantou, levantando-se de um pulo. Mas ela não foi para a cozinha. Ela veio na minha direção.

Ela parou ao meu lado no aparador, seu perfume enjoativamente doce. Ela passou o braço pelo meu, seu aperto surpreendentemente forte, suas unhas cravando levemente na minha pele.

"Clarice, eu realmente sinto muito pelo que aconteceu mais cedo", disse ela, sua voz baixando para um sussurro conspiratório. "Eu tenho o péssimo hábito de falar o que penso. Sem filtro, sabe?"

Ela piscou, como se fôssemos cúmplices. "Mas eu entendo."

Eu enrijeci, tentando puxar meu braço, mas seu aperto se intensificou. "Entende o quê, Fabiana?"

Seu sorriso era puro veneno, envolto em açúcar. "Eu entendo", ela repetiu, sua voz ainda mais baixa. "Esta vida. A casa, o dinheiro, o nome. É muita coisa para abrir mão. Você tem que proteger sua posição."

Meu sangue gelou.

"Mas você precisa entender", ela continuou, seu hálito quente contra minha orelha, sua voz pingando condescendência. "Breno é meu agora. E embora seja fofo que você tenha tido esse arranjo familiar, as coisas vão mudar. Eu vou ser a esposa dele. Eu vou ser a próxima Sra. Mendonça."

Ela fez uma pausa, deixando a implicação assentar.

"Você é... a outra, de certa forma. A irmã que não é irmã. É só uma questão de tempo até que se torne estranho. Você provavelmente deveria começar a pensar no seu próprio futuro. Um que não envolva morar na casa do seu irmão."

Eu a encarei, sem palavras. A audácia era de tirar o fôlego.

Uma risada amarga e incrédula borbulhou na minha garganta. "Você está falando sério?"

Finalmente, puxei meu braço com força.

"Esta é a minha casa, Fabiana. Henrique e Helena são meus pais. Breno é meu irmão. Esse é o meu futuro. Eu não vou a lugar nenhum."

Seu sorriso congelou por uma fração de segundo, depois se refez, mais largo e mais frágil do que antes. Ela estendeu a mão e deu um tapinha na minha, um gesto que deveria ser apaziguador, mas pareceu um tapa.

"Claro, claro. Você tem que manter as aparências. Eu entendo." Sua voz era um ronronar. "Mas quando eu for a dona desta casa, farei questão de cuidar muito bem de você. Encontraremos um bom apartamentozinho para você em algum lugar. Talvez até um marido adequado. Você não terá que se preocupar com nada."

Foi isso. O tom condescendente, desdenhoso. A suposição de que minha vida, minha posição nesta família, era algo que ela poderia gerenciar e descartar quando quisesse.

Dei um passo para trás, colocando uma distância sólida entre nós. Minha voz saiu baixa e fria, toda a polidez forçada arrancada.

"A dona desta casa está na cozinha fazendo café. O nome dela é Helena Mendonça. E se você algum dia se tornar parte desta família, o que estou começando a duvidar seriamente, faria bem em se lembrar disso."

Eu me virei, com as costas retas como uma vara. "E para que conste, eu não preciso que você cuide de mim. Nunca precisei e nunca vou precisar."

O rosto de Fabiana finalmente, abençoadamente, caiu. A máscara de doçura açucarada se dissolveu, revelando a raiva feia e contorcida por baixo.

"Você vai se arrepender disso", ela sibilou, sua voz um sussurro venenoso. "Você não faz ideia com quem está se metendo."

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