Capítulo 8 Nem tudo que reluz é ouro

Quão errado estava em pensar que ela poderia ser um anjo, a mulher não parava de falar e ele já estava tendo uma dor de cabeça de mil demônios, será que ela não percebeu que não estava em condições nem de protestar?

Ele mal conseguia ficar consciente, ela continuava explicando as razões pelas quais deveria ficar na cama, como se ele fosse uma criança que tinha que repreender por desobediência, poderia não se lembrar de seu nome, mas tinha certeza de que não era mais uma criança, e algo dentro ele lhe disse que não estava acostumado a receber sermões de ninguém.

- Pare! - ele reclamou - meus ouvidos já estão zumbindo

- Sinto muito - disse ela, percebendo sua expressão de dor - mas o Dr. Sullivan foi muito específico sobre os cuidados que você deve ter, devo me certificar de que você cumpre com as instruções direitinho - é a única maneira de você se recuperar logo é sair da minha vida, queria acrescentar, mas omitiu essa parte

- Ok, eu preciso beber água - ele disse com a voz rouca.

- Sim, claro, já te trago - respondeu ela e correu para a cozinha, voltando instantes depois - Aqui! Beba com cuidado, você vai se sentir mal e com muita sede até que elimine toda a anestesia de seu corpo.

Ele gostaria de ter sabido isso antes, pensou, sentindo a bile retornar.

- Sim já percebi, onde estou?

- Na minha casa

- Quero dizer a cidade?

- Ah, mas bem é um povoado, se chama Vale das flores - por um momento pensou que talvez ele estivesse recuperado a memória, mas então ele perguntou:

- Moro aqui? - ela olhou para ele evidentemente desapontada

- Não, eu conheço todas as pessoas deste povoado e se você morasse aqui eu saberia quem você é

- Entendo, por que estou na sua casa?

- Não temos um hospital, apenas um pronto-socorro

- E um hotel?

- Você está convalescente e sem memória - ela a lhe lembrou

- Certo...

- Você não encontrou minhas coisas? - perguntou, se lembrando um pouco mais sobre o acidente.

- Devemos esperar que o xerife verifique o veículo em que te encontrei

- E quando ele vai fazer isso? - disse impaciente

- Sempre que possível, mesmo que não acredite você não é o único afetado pelo furacão, eles têm muito que resolver agora, e no momento você não é uma prioridade.

Ao ouvir a última parte da frase, ele se sentiu irritado, algo em seu ser lhe disse para protestar, mas ele não queria ser mais rude ainda com a senhorita

- Eu não quis ser rude

- É, de qualquer maneira talvez você consiga se lembrar de algo a qualquer momento, mas não se esforce muito, o médico disse que sua perdida de memória pode ser por causa do acidente.

- Senhor, sim senhor! - disse sarcasticamente

- Sério! Não exagere, é para o seu próprio bem, é melhor você descansar, e caso tenha esquecido meu nome é Rossalyn - ela zombou dele antes de se tentar sair do quarto

Ao ouvir o nome dela, se lembrou de quem ela realmente era, e agora se sentia mais irritado consigo mesmo por ser tão condescendente com ela.

- Rossalyn - ele repetiu, e Rossy percebeu que sua atitude em relação a ela havia mudado.

- Sim?

- Posso experimentar o que você está cozinhando? - ela se virou lentamente e sorriu.

- Sim, você pode - então ela saiu do quarto e foi para a cozinha

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