Desejos Proibidos - Um amor além do tempo
img img Desejos Proibidos - Um amor além do tempo img Capítulo 4 Surpreendi a ele...
4
Capítulo 6 Entre Silêncios e Segredos img
Capítulo 7 O Peso do Silêncio img
Capítulo 8 Ele me acolhe img
Capítulo 9 Entre Nós e Ela img
Capítulo 10 O Espaço Entre Nós img
Capítulo 11 Inseguranças e desentendimentos img
Capítulo 12 Dúvidas e Confusão img
Capítulo 13 Noely... a serpente no ninho. img
Capítulo 14 Entre o Medo e o Desejo img
Capítulo 15 Não sei lidar com sua rejeição img
Capítulo 16 O preço das minhas inseguranças img
Capítulo 17 Isso é amor. img
Capítulo 18 Entre Verdades img
Capítulo 19 Nossa primeira vez. img
Capítulo 20 Entre o Silêncio e o Alarme img
Capítulo 21 Os perigos que enfrentaremos... img
Capítulo 22 Eu sou deles e ele é meu... img
Capítulo 23 Ameaças em curso... img
Capítulo 24 Primeiros Obstáculos. img
Capítulo 25 Por ele enfrento tudo... img
Capítulo 26 Não sabia, mas foi um adeus... img
Capítulo 27 O Veneno da Cobra img
Capítulo 28 O Preço do Silêncio img
Capítulo 29 O Dia Que Não Te Disse Adeus img
Capítulo 30 O Que Ficou em Mim img
Capítulo 31 O que ficou em mim img
Capítulo 32 Como recomeçar sem ele img
img
  /  1
img

Capítulo 4 Surpreendi a ele...

Noah Benson

O portão rangeu como sempre, aquele som metálico e familiar que de algum jeito já fazia parte da minha memória afetiva. A casa dos Clark tinha um jeito de estar sempre em meia-luz - cortinas leves demais para barrar o sol, mas pesadas o suficiente pra dar a sensação de acolhimento. Bati na porta duas vezes, hesitante.

A voz dela veio de dentro, doce, firme.

- Já vai!

Quando a porta se abriu, lá estava ela. Sra. Melina usava um avental manchado de farinha e segurava uma espátula na mão. O cheiro de bolo recém-saído do forno escapou junto com o vapor morno que me envolveu como um abraço.

- Noah! - ela sorriu como se eu fosse um velho amigo da casa, e talvez eu fosse mesmo. - Que surpresa boa. Entra, meu querido.

- Oi, dona Melina. Eu... desculpa aparecer assim, é que o Simon não foi pra escola hoje e... eu fiquei preocupado.

Ela fechou a porta atrás de mim com um gesto suave.

- Eu entendo. Ele não estava bem hoje de manhã. Meio abatido, sabe? Mas ficou feliz por você ter vindo. Pode subir, está no quarto.

- Estou aprontando o jantar. Janta com a gente hoje?

- Se não for incomodar, posso sim. Só vou avisar minha mãe.

- Faça isso e fique à vontade.

Ela me tocou de leve no ombro, um gesto simples, mas cheio de afeto. Sempre achei que ela via mais do que dizia, como se carregasse um sexto sentido só para o que mora nos silêncios.

- Obrigado - murmurei, já me sentindo um pouco mais em paz só por estar ali.

Subi as escadas com o coração acelerado. Não sabia exatamente o que ia encontrar, mas sabia que precisava estar com ele.

- Oi... - digo, enquanto coloco parte do corpo pela porta.

Ele me olha com espanto ao perceber que sou eu.

- Noah! O que faz aqui?

Entro completamente e fecho a porta atrás de mim.

- Você não apareceu na escola... fiquei preocupado. Depois de ontem...

Falo um pouco constrangido com a reação dele ao me ver.

- Desculpa por ontem, Noah... se não quiser mais ser meu amigo, eu vou entender.

Ele parece muito envergonhado. Fala de cabeça baixa, e percebo uma lágrima escorrer pelo seu rosto.

Me aproximo da cama, onde ele estava deitado e se sentou assim que cheguei.

- Do que você está falando, Simon? Você não tem do que se desculpar. E por que eu deixaria de ser seu amigo?

Me sento perto dele.

- Ei, sou eu, Simon. Sou seu amigo, esqueceu?

Ele me olha, confuso. Acho que esperava que eu o rejeitasse.

- Por que fez... aquilo ontem? - pergunta baixinho.

Fico encarando-o. Simon parece ainda não ter aceitado sua condição e se martiriza por isso.

- Porque vi um amigo sofrendo. E me doeu te ver daquele jeito.

Simon está muito emocionado. Ele chora silenciosamente.

- Porra, cara! Por que você está assim? Somos amigos há dois anos, e só agora fiquei sabendo de toda essa merda que você enfrenta.

- Tive medo de te contar... medo de você não querer mais andar comigo. Essa merda me atrapalha em tudo, Noah. Tenho medo de me aproximar das garotas e elas me acharem uma aberração.

Não me sinto nada bem vendo meu amigo tão vulnerável e angustiado.

- Nunca te vi com nenhuma garota. Cheguei a pensar que você fosse gay...

Simon solta uma risada curta, sem humor.

- Tá de brincadeira! Tenho o maior tesão na Debby, mas... não suportaria que ela me rejeitasse.

- Mas você já ficou com alguém, né? - pergunto, sentindo a curiosidade me consumir.

Ele me olha sério, mas não responde.

- Não!... Você ainda é virgem, cara?

Simon solta um suspiro pesado.

- Vai me encher o saco com isso agora? Já não basta eu ter que lidar com tudo isso, agora vou ter que aguentar você me zoando?

- Claro que não, Simon. Só... fui pego de surpresa. É muita informação em pouco tempo.

Faço uma pausa. Respiro fundo antes de continuar.

- Te conheço há tanto tempo... vejo que é reservado, e sempre respeitei seu jeito. Nunca quis ser invasivo.

Simon inclina o rosto, evitando meus olhos. Passa a mão pelos cabelos como se quisesse arrancar o incômodo com os dedos.

- Eu não gosto de falar sobre isso. Você não tem ideia do inferno que vivo tentando controlar os efeitos dessa merda.

Ele suspira, longo, como se o peso fosse maior que o peito que carrega. Seus ombros afundam, e ele se curva sobre si mesmo.

- Preciso retirar esse leite todos os dias com uma bombinha... Tomar remédios pra diminuir a produção... As dores são horríveis quando está tudo cheio. Meus bicos são sensíveis pra caramba... - ele fecha os olhos, engole seco - ...sem contar o tamanho dos meus seios. Viu o tamanho dos meus mamilos?

Ele solta uma risada breve e amarga, sem qualquer humor, e depois passa o dorso da mão pelo rosto. Aquele gesto me corta por dentro.

Eu me aproximo um pouco mais, sentindo a tensão no ar como eletricidade antes da tempestade. Apoio uma mão em seu ombro, devagar, sem exigir nada. Ele não se afasta.

- Já buscou algum tipo de tratamento? - pergunto, baixando o tom, como se a delicadeza das palavras pudesse diminuir o fardo. - Isso... tem chance de acabar?

Ele não responde logo. Os olhos permanecem fixos em algum ponto qualquer do chão. Mas agora, pelo menos, ele me deixa ficar.

Ele parece chateado com a possível resposta que vai me dar.

- Eu já faço tratamento. E não... isso nunca vai acabar. - Responde, soltando o ar de um jeito cansado, como se revivesse tudo só de dizer.

Ele abaixa os olhos, e eu percebo a rigidez nos ombros, como se estivesse carregando um fardo invisível que nunca larga.

- É por isso que usa aquela faixa, cobrindo os seios por baixo da camisa?

- É... - Ele responde, quase num sussurro. - É uma forma de disfarçar o tamanho... e evitar que vazem. Vai que alguém percebe.

Assinto, digerindo tudo, tentando acompanhar o turbilhão dele com alguma calma.

- E como está hoje? Tá doendo ainda?

Ele balança levemente a cabeça.

- Estão cheios, mas não... não tá doendo. Vou esvaziar com a bombinha antes de dormir.

Hesito, minha voz saindo baixa, quase engasgada com o constrangimento.

- Não quer que eu faça isso? - pergunto, sem conseguir encará-lo por um instante.

Simon franze a testa, surpreso.

Respiro fundo. Sento-me mais firme ao lado dele, criando coragem.

- Porque quero te ajudar a enfrentar isso... e, porque eu gostei. Se não for um incômodo pra você... eu posso fazer sim.

            
            

COPYRIGHT(©) 2022