Coração rendido ao mafioso
img img Coração rendido ao mafioso img Capítulo 4 O corvo de olhos vermelhos
4
Capítulo 6 A dura realidade img
Capítulo 7 O ninho do corvo img
Capítulo 8 Sombras na noite img
Capítulo 9 O julgamento do corvo img
Capítulo 10 Sangue na VIP img
Capítulo 11 Seu passado é um mistério img
Capítulo 12 Névoa de sedução img
img
  /  1
img

Capítulo 4 O corvo de olhos vermelhos

Fui jogada no banco de trás do carro, batendo a cabeça contra a porta fechada. Minhas pernas foram presas com o mesmo lacre que estavam nos meus pulsos, me deixando completamente a mercê daquele homem. Não conseguia respirar, era como se eu estivesse me afogando. Puxei meu pulso contra o peito, sentindo o tic-tac do relógio ressoando contra a minha pele.

O estofado elegante fedia a fumaça e perfume forte. Mesmo que o veículo parecesse estar limpo, havia um estranho cheiro ferroso no tapete que revirava meu estômago ainda dolorido.

Não conseguia me mover corretamente devido às amarras e a dor no abdômen, então preferi ficar imóvel para evitar qualquer dano interno que Liam poderia ter me causado. Eu tinha de ser cuidadosa com meu corpo, mas eu duvidava que aqueles homens me levariam ao hospital se eu solicitasse.

O homem no banco do carona pegou o celular. "Estamos com ela. Sim, logo estaremos no Shadown." então ele desligou.

"Mande um grupo até a casa." o motorista falou se dirigindo ao homem ao seu lado. "Mesmo que tenham pago a dívida, devem aprender que não se toca em nada que pertença ao Boss."

Meu sangue gelou.

Eles estavam falando do fato de que Liam e Diane me agrediram? Bem, eles me venderam e estavam entregando a "mercadoria" com avarias. Um mafioso pequeno já não toleraria algo assim, para alguém mais poderoso era como uma ofensa.

Meu coração deu um salto no peito ao pensar o que seria feito daqueles dois e o que seria feito comigo.

O fato de estarmos indo para um lugar que eu conhecia me deixou um pouco mais aliviada e até confiante de que conseguiria fugir, mas também levantava a dúvida do porquê estarmos indo para lá.

Pela hora, o clube já deveria estar fechado. Nem mesmo o gerente estaria lá. Então, como o corvo de olhos vermelhos poderia ter acesso ao lugar?

Eu estava cansada, meu corpo inteiro doía e eu estava sem o meu celular, não havia maneira de pedir ajuda ou escapar no estado em que eu estava. Olhei a maçaneta ao meu lado. Um convite silencioso para a liberdade. Estendi a minha mão lentamente, tentando não ser percebida.

"Não faria isso, se fosse você." o motorista disse, olhando pelo espelho retrovisor. "Mesmo que você se arrebente inteira, se estiver respirando, vamos te levar até o Boss. Então é melhor parar de pensar em coisas estúpidas e só ficar sentada e quieta."

Mordi o lábio, as lágrimas queimando em meus olhos.

"Por que estou sendo levada? Nunca tive qualquer negócio com o seu chefe."

"Vai saber quando chegarmos, até lá cale a boca e não faça coisas idiotas."

Me sentia impotente e fraca. Não havia nada que eu pudesse fazer para me defender naquela situação. Fiquei sentada no banco de trás, minha cabeça baixa tentando bolar algum plano para me libertar daquela situação.

Eu não sabia do que se tratava aquela venda, quanto havia sido pago a Diane ou os detalhes daquele acordo, mas eu descobriria, pagaria a dívida e seria livre. Eu poderia usar o incidente para desaparecer para sempre.

De repente, um pequeno fio de esperança surgiu. Uma luz fraca que poderia me guiar até a minha tão sonhada liberdade. Eu teria de abrir mão de muitas coisas, inclusive da minha tão sonhada faculdade de enfermagem, mas eu seria live dos abusos de Diane e Liam para sempre.

Chegamos a Soho, mas não seguimos para a entrada principal do clube. O carro entrou por uma pequena rua lateral, que levava a entrada de funcionários. O motorista apertou um pequeno controle, abrindo o grande portão para carga e descarga. Apenas o gerente geral tinha acesso aquele controle.

O carro parou e os homens saíram. Fiquei imóvel, meu corpo tremendo terrivelmente. Fechei meus olhos com força, tentando controlar minha respiração e me acalmar.

Aporta ao meu lado se abriu com violência e as amarras nos meus tornozelos foram cortadas.

"Saia." o homem disse com sua voz fria e autoritária. Tentei esticar meu tronco e sair do carro, mas não fui rápida o bastante. Meu braço foi agarrado e fui puxada para fora, jogada para frente, onde o homem que estava no carona me segurou. "Leve ela até o Boss. Preciso resolver outros assuntos antes do amanhecer."

"Pode deixar, Lieutenant."

Não me atrevi a erguer meus olhos, mas pude sentir a presença daquele homem e o perigo que ele representava. Sua grande sombra me cobriu e um arrepio percorreu minha espinha.

"Não esqueça suas ordens. O Boss já está irritado o bastante, então é melhor não piorar as coisas."

Senti que aquele aviso final era voltado para mim.

Engoli em seco, ouvindo o carro voltar a se afastar. Sem qualquer aviso, o homem que me segurava começou a me puxar para dentro, por um corredor que eu conhecia muito bem.

Entramos no grande salão principal, apenas as luzes das mesas de jogos estavam acesas, tornando o ambiente vazio assustador. Seguimos até uma área mais afastada que eu jamais havia entrado. A área reservada para reuniões e onde o dono do clube ficava quando ia até lá, o que era muito raro.

Uma grande cortina de veludo grená dividia o ambiente da área comum. O piso claro se transformou em um piso preto brilhante. A iluminação era ainda mais precária ali, tornando quase impossível caminhar sem ser guiado.

Meu peito subia e descia cada vez mais rápido. A cada paço que dávamos, eu sentia que minha vida escorregava por entre os meus dedos. Pensei em tudo o que estava ficando para trás.

Minhas amigas.

Meu namorado.

Nenhum deles fazia ideia do que estava acontecendo, do que Diana e Liam foram capazes de fazer comigo apenas por dinheiro. As lágrimas corriam pelo meu rosto, meus ombros tremendo enquanto um soluço solitário me escapava. Cobri meu rosto com as mãos, o desespero finalmente tomando conta de mim, o entendimento de que eu estava sendo levada para o meu fim e não havia maneira de escapar daquele destino.

Fui empurrada para dentro de uma sala escura. Eu mal conseguia ver a minha frente, mas pude escurar sua risada baixa e profunda, que fez os pelos da minha nuca se arrepiarem.

Então, algo pareceu mudar. Eu senti o seu perfume, o ar parecia mudar ao meu redor. Era uma mistura estranha de algo fresco, como uma brisa perigosa e um calor que me fez estremecer.

Meu estômago revirou, uma parte de mim querendo recuar, outra inexplicavelmente atraída, como se aquele cheiro carregasse uma promessa sombria. Meu coração disparou, e por um instante, esqueci o medo, perdida naquele aroma que parecia gritar poder.

"Eu disse que nos veremos de novo, esquilinha."

"O quê?" Ergui os olhos e, saindo das sombras, com cabelos negros jogados para trás e olhos cinzas profundos, estava o cliente que me defendeu mais cedo naquela noite. "Você..." minha voz vacilou enquanto eu tentava conectar o que estava acontecendo.

O homem sorriu, levando sua mão direita aos cabelos, revelando a tatuagem intrincada em seu anti-braço e mão. Um corvo de olhos vermelhos.

Todo o meu corpo ficou mole e caí sentada para trás. Casualmente, ele se abaixou na minha frente, ainda sorrindo.

"Meu nome é Cassian Moore, senhorita Reed. E parece que temos negócios a tratar."

            
            

COPYRIGHT(©) 2022