A menção ao bebê é um golpe de mestre. Faz com que ela pareça compassiva enquanto lembra Lorenzo do meu estado "delicado".
Ele imediatamente a puxa para um abraço protetor, sua voz grossa de possessividade. "Você não vai sair do meu lado de novo. Nunca."
Então ele se vira para mim, e a dúvida em seus olhos se foi, substituída por uma nevasca de fúria fria. "Sua desobediência exige punição, Serafina."
Meus pais. O pensamento me atinge como um golpe físico. Ele vai machucá-los.
"Não, Lorenzo, por favor!" Luto para sair da cama, mas dois de seus Soldados que estavam de guarda do lado de fora da porta avançam, prendendo-me ao colchão.
Um sorriso demoníaco torce os lábios de Lorenzo. É o rosto que ele usa quando está prestes a destruir uma família rival, não o rosto que ele deveria mostrar à sua esposa. "Tragam-nos", ele ordena.
Meus pais, meus doces e gentis pais que nada sabem deste mundo brutal, são arrastados para o quarto. Eles são forçados a se ajoelhar diante dele, seus rostos marcados pela confusão e pelo terror.
"Lorenzo, o que é isso?", pergunta meu pai, com a voz trêmula.
"Sua filha precisa aprender uma lição", diz Lorenzo friamente, seus olhos fixos em mim. Ele acena para um de seus homens, que desenrola um fino chicote de couro.
O horror me sufoca. Eu grito, debatendo-me contra as mãos que me prendem. "Não! Não toque neles! Castigue a mim!"
Lorenzo agarra meu queixo, seu aperto como aço, forçando-me a assistir. "Por quê?", ele rosna, seu rosto a centímetros do meu. "Por que você ousou machucar a Isabella?"
O primeiro estalo do chicote é seguido pelo grito de agonia da minha mãe. Ele me rasga por dentro, uma dor muito pior do que qualquer outra que já senti.
"Pare! Por favor, pare!", soluço histericamente. "Isabella me empurrou! Estou dizendo a verdade! Verifique as fitas de segurança!"
Ele afasta meu rosto com um empurrão. "Não preciso", diz ele, com a voz vazia. Ele acredita nela. Ele sempre acreditará nela.
Meu coração não apenas se estilhaça; ele vira pó. Lembro-me de uma época em que ele me disse que minha palavra era a única verdade de que ele precisaria. Essa confiança se foi, reduzida a cinzas pelas mentiras de Isabella.
Apoiada no peito de Lorenzo, Isabella olha para mim, um sorriso triunfante nos lábios. "Noventa e três por cento", ela articula com os lábios, as palavras silenciosas um veneno destinado apenas a mim.
Assisto em desespero entorpecido enquanto meus pais são espancados até ficarem em silêncio, seus corpos caídos e ensanguentados no chão do hospital.
"Estou cansada de toda essa gritaria", murmura Isabella, fingindo uma dor de cabeça.
Lorenzo assente, levantando-a nos braços como se fosse feita de vidro, e a carrega para fora do quarto, passando por cima dos corpos quebrados dos meus pais sem um segundo olhar.
No momento em que eles se vão, saio da cama e rastejo até meus pais, minhas lágrimas encharcando suas roupas rasgadas e manchadas de sangue. "Me desculpem", soluço, minha voz pouco mais que um sussurro quebrado. "Me desculpem, me desculpem muito."
Quando o médico retorna, imploro para que os ajude. Ele balança a cabeça, seus olhos cheios de pena, mas suas mãos ao lado do corpo.
"Não posso", diz ele baixinho. "As ordens do Don são claras. Não até que você tenha se desculpado apropriadamente com a Srta. Rossi."