Por um segundo tolo e estúpido, um pingo de esperança se alojou na minha garganta. Ele tinha dito. Ele tinha traçado um limite.
Então, Isabella começou a chorar. Soluços suaves e partidos, projetados para derreter a determinação dele. Eles sempre conseguiam.
Ele soltou um longo e frustrado suspiro.
"Tudo bem. Onde você está?"
Ele se virou para mim, sua expressão uma guerra entre desculpa e comando. Sua mandíbula estava tensa, e por um momento fugaz, seus olhos continham um lampejo de arrependimento antes que fosse extinto pela frieza de sua ordem.
"Vamos buscar a Isabella."
A esperança dentro de mim se estilhaçou como vidro. Ele não estava me escolhendo. Estava apenas me forçando a vê-lo escolhê-la. Eu assenti, o movimento rígido e robótico. O que mais eu poderia fazer?
Paramos em frente a um clube privado e exclusivo, onde Isabella esperava na calçada. No momento em que Dante saiu do carro, ela se jogou nele, agarrando-se ao seu braço como uma mulher se afogando.
"Dante, eu sabia que você viria me buscar", ela sussurrou, as palavras altas o suficiente para cortar o ar e me encontrar no carro.
Ele tentou afastá-la.
"Isabella, pare."
Ela apenas se agarrou mais forte, enterrando o rosto em seu peito.
"Não consigo. Senti tanto a sua falta."
Ele suspirou novamente, um som de pura resignação, e seus braços se ergueram para envolvê-la.
"Eu sei", ele disse, sua voz suave. "Quando eu já consegui dizer não para você?"
De dentro do carro, eu assisti à cena se desenrolar, um peso frio e pesado se instalando no fundo do meu estômago. Este era o meu casamento. Um esporte para espectadores.
Uma batida forte na minha janela me fez pular. Era Dante. Seu rosto era uma máscara fria e impessoal, limpa de qualquer emoção.
"Passe para o lado", ele ordenou, seu tom prático. "Você dirige. Cuide dela."
Minha voz era quase um sussurro.
"Você está me pedindo para ser sua motorista?"
Seu olhar fulminante foi minha única resposta. Ele abriu a porta de trás para Isabella, depois deu a volta para o lado do passageiro. Seu comando ecoou no carro silencioso.
"Dirija."
Sob os olhares desdenhosos e piedosos de seus soldados estacionados do outro lado da rua, deslizei para o banco do motorista. O couro ainda estava quente de seu corpo. A humilhação queimava em minhas bochechas.
No banco de trás, Isabella se deitou sobre o colo de Dante.
"Isabella", ele avisou, a voz tensa.
Ela fez beicinho, recuando um pouco.
"Tudo bem. Mas você tem que me ajudar a procurar casas novas amanhã. Meu antigo lugar tem muitas lembranças ruins."
Eu vi seus olhos encontrarem os meus no espelho retrovisor. Foi um olhar de desculpa, de culpa, mas não significava nada. Nunca significou.
"Certo", ele concordou, e a ternura em sua voz foi um golpe físico. Era um tom que ele nunca havia usado comigo.
Quando chegamos à imponente mansão dos Ricci, os pais de Isabella correram para receber o carro. Eles sorriram para Dante, puxando-o para abraços calorosos enquanto seus olhos passavam por mim, como se eu não fosse nada mais do que parte do estofamento do carro.
"Dante, meu filho! Estávamos tão preocupados", disse a Sra. Ricci, efusiva.
Isabella deu um tapa brincalhão no braço do pai.
"Papai, você ama mais o Dante do que a mim."
E então eu vi. Um sorriso. Um sorriso real e genuíno que alcançou os olhos de Dante, algo que eu nunca tinha visto nos sete anos em que estivemos casados. Ele seguiu Isabella para dentro, desaparecendo no brilho quente da casa de sua família.
Eu fui esquecida no carro, o motor ainda ligado.
Minutos depois, meu celular vibrou. Uma mensagem de Dante.
"Vá para casa sem mim."