Sua Vingança Fria, Um Amor Oculto
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Capítulo 3

Ponto de Vista de Clara Freitas:

A voz de Caio era baixa, mas cortou o barulho da sala como uma navalha. Todos congelaram.

"Fora", ele disse, seus olhos percorrendo os rostos dos meus antigos amigos. Não era um pedido. Era uma ordem carregada de uma autoridade fria e inconfundível.

Os homens se levantaram às pressas, sua bravata evaporando em um instante. Léo Viana, aquele que estava tão ansioso para me ver humilhada, nem sequer fez contato visual enquanto passava apressado. Ele teve, no entanto, a audácia de pegar seu cartão preto da mesa antes de sair.

A sala se esvaziou, deixando apenas nós dois em um silêncio pesado e sufocante. O ar vibrava com coisas não ditas.

Caio soltou meu cotovelo, mas sua presença era um peso físico, prendendo-me no lugar. Ele me olhou de cima a baixo, seu olhar demorando-se no vestido barato e justo, na maquiagem borrada, no desespero que eu sabia que estava estampado em todo o meu rosto.

"Você está tão desesperada por dinheiro assim, Clara?", ele perguntou, sua voz perigosamente suave.

"O que você acha, Caio?", eu retruquei, uma onda de raiva amarga superando meu medo. "Você acha que estou fazendo isso por diversão?"

Ele inclinou a cabeça, um movimento lento e deliberado. "Não me chame assim."

"O quê? Caio? É o seu nome."

Ele deu um passo mais perto. "O jeito que você diz. Como se fosse algo sujo na sua boca."

Comecei a recuar, precisando colocar espaço entre nós. "Eu deveria voltar ao trabalho. Tenho certeza de que você e seus amigos vão querer mais champanhe."

Ele me observou, seus olhos escuros e imóveis. Era o mesmo olhar que ele me deu mil vezes ao longo de três anos - impassível, indecifrável. Mas agora, eu via o poder à espreita sob a quietude. A paciência enrolada de um predador.

Eu não esperava que ele me ajudasse. Não esperava nada dele. Virei-me para sair.

"Quanto?", ele perguntou, sua voz me parando novamente.

Eu não me virei. "Quanto pelo quê?"

"Por uma noite. Comigo."

Virei-me bruscamente, meu queixo caindo. Ele estava encostado no bar, girando um copo de líquido âmbar, olhando para mim como se estivesse contemplando a compra de uma obra de arte. A crueldade casual daquilo me tirou o fôlego.

"Você é doente", eu sussurrei, as palavras tremendo de raiva. "Você é um desgraçado doente."

Avancei para a porta novamente, mas ele foi mais rápido. Ele bloqueou meu caminho, seu corpo uma parede sólida de músculo e lã cara.

"Por quê?", ele perguntou, sua voz tingida com uma curiosidade arrepiante. "Léo Viana pode te oferecer vinte mil para rastejar no chão, mas eu não posso te oferecer cem mil pela sua cama? O que me torna tão diferente?"

Eu o encarei, confusa. "Do que você está falando? Eu não aceitei a oferta dele."

"Você estava prestes a aceitar", ele disse, seus olhos se estreitando. "Você ia se ajoelhar para ele. Para eles. Mas não para mim. Por que isso, Clara?"

Sua lógica era tão distorcida, tão deformada, que eu só conseguia encará-lo. Ele achava que minha tentativa desesperada de blefar com Léo era uma negociação genuína. Ele achava que eu estava disposta a vender minha dignidade para qualquer um, menos para ele. A ironia era uma pílula amarga na minha garganta.

"Eu preciso de um milhão de reais", ele continuou, sua voz baixando para um murmúrio, seu olhar intenso. "Pelas dívidas do seu pai. Pela paz de espírito da sua mãe. Pelo futuro do seu irmão. Um milhão, Clara. Por uma noite."

Ele estava usando minha família, meu amor por eles, como uma arma contra mim. Ele sabia que era minha única fraqueza.

Meu orgulho, o que restava dele, gritou em protesto. Eu não venderia meu corpo. Eu não me tornaria sua prostituta.

Consegui dar uma risada fria e frágil. "Você realmente acha que pode me comprar? Acha que dinheiro é a única coisa que importa?" Balancei a cabeça, uma lágrima de pura fúria escapando do meu olho. "Você quer me humilhar, Caio. É só isso. Outra maneira de me fazer pagar."

Passei por ele e corri. Corri para fora da sala, através da boate lotada, as lágrimas borrando as luzes piscantes e os rostos lascivos. Não parei até estar do lado de fora, no ar fresco da noite, ofegante.

Ser humilhada por Léo e seus comparsas era uma coisa. Era nojento, mas era impessoal. Eles estavam apenas me chutando porque eu estava por baixo. Mas Caio... sua oferta parecia diferente. Era íntima. Era uma violação direcionada diretamente ao coração da nossa história compartilhada e distorcida. Doeu mais.

Eu estava encostada em uma parede, tentando me recompor, quando vi.

Do outro lado da entrada com cordas de veludo, no lounge principal, uma pequena multidão se formara. No centro estava meu irmão, Júlio. E ajoelhado diante dele estava Léo Viana, estendendo um copo de champanhe.

"Vamos, Júlio", Léo dizia, sua voz melosa de condescendência. "Só um gole do meu sapato. Cinquenta mil. Pense no que você poderia fazer com esse dinheiro."

Júlio, meu irmão orgulhoso e bonito, parecia pálido e quebrado. Ele olhou para as pilhas de dinheiro que Léo havia empilhado na mesa. Ele ia fazer isso. Por nós. Ele ia sacrificar seu orgulho por nossa família.

E naquele momento, meu próprio orgulho, a coisa teimosa e tola à qual eu me apeguei por tanto tempo, se estilhaçou em um milhão de pedaços. Era inútil. Era um luxo que não podíamos mais nos permitir.

Virei-me e corri de volta para a boate, de volta para a sala VIP, rezando para que ele ainda estivesse lá.

Ele estava. Parado perto da janela, olhando para as luzes da cidade, de costas para mim. Ele não pareceu surpreso quando entrei correndo.

"Você me odeia, Caio?", perguntei, a pergunta crua e áspera.

Ele se virou lentamente. Seu rosto era uma máscara, impossível de ler.

"Eu faço", eu disse, minha voz tremendo, mas firme. "Eu serei sua... o que quer que você queira que eu seja. Mas não por uma noite. E não por um milhão de reais."

Ele ergueu uma sobrancelha, um brilho de interesse em seus olhos frios.

"Pague a dívida da minha família", eu disse, expondo minha alma. "Toda ela. E eu sou sua. Pelo tempo que você me quiser."

Um sorriso lento e predatório se espalhou por seus lábios. Era o sorriso de um homem que acabara de vencer o jogo inteiro. "Fechado", ele ronronou. Ele caminhou em minha direção, seus olhos escuros com um brilho triunfante. Ele passou um dedo pela minha bochecha, um toque que parecia mais uma marca do que uma carícia.

"Mas você não será apenas minha mulher por fora, Clara", ele sussurrou, sua voz uma ameaça sedosa. "Você será minha amante residente."

Ele fez uma pausa, deixando as palavras afundarem, torcendo a faca.

"E você vai morar com a gente."

            
            

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