A porta é fechada e ela caminha lentamente até mim. Meus olhos percorrem o seu corpo nu por baixo do tecido fino, os olhos dela percorrem meu corpo, livre de qualquer tecido ou vestimenta. E estou pronto para ela, para realizar o ritual com minha escrava escolhida.
Dou um passo longo, encurtando o espaço entre nós dois e ela me encara com seus olhos grandes e escuros. Agilmente arranco o tecido que cobre o seu corpo, abaixo-me perante ela e ergo sua perna. Ela está delicosamente depilada.
Passo a língua por seu sexo e sinto o cheiro puro. Ergo o meu olhar e ela está me encarando.
- Preparada para ser tomada por mim? Preparada par servir ao seu rei na cama e gerar um herdeiro?
- Sim majestade - responde firme com as pernas abertas para mim e como uma resposta de seu corpo, sinto o seu cheiro se tornar mais forte e a sua intimidade se torna brilhosa com a lubrificação.
Sorrio ao constatar que ela me deseja.
Passo a língua no seu sexo novamente e sinto seu sabor que me enlouquece. A lua brilha alta no céu, um frescor invade o quarto como se fosse uma pedido da deusa mãe que eu consumasse o ritual.
Me ergo do chão, pego minha escrava nos braços e a deposito sobre a cama. Abro bem as suas pernas e me posiciono sobre ela, meu membro roçando sua entrada virgem.
Ataco sua boca com uma beijo profundo, quente, e ela se contorce sob mim. Sua lubrificação mela a sua entrada, posso sentir que está pronta. Enquanto que ainda a beijo, invado seu corpo e seu grito de dor é abafado pelo beijo que não paro até que ela relaxe eu possa voltar a me mover.
***
Elowen foi perfeita. Depois de um sexo intenso, no qual nos dois encontramos o prazer, ela foi levada de volta para seus aposentos e devidamente cuidada.
Agora segue as próximas etapas do ritual em que ela deve tomar um chá por sete noites até se confirmar se houve a benção da deusa Mãe.
Deito-me ainda nu em minha cama com lençóis bagunçados e manchados de sangue, o sangue da pureza dela.
Meu sono sempre foi pesado, sem sonhos, sem perturbação, mas essa noite foi diferente. Rolei na cama e acordei diversas vezes na noite, mas a pior parte foi o pesadelo.
"Meus pés estavam descalços e eu corria por uma escada infinita, degrau após degrau, fugindo de algo ou procurando a saída, não consigo definir. Há algo atrás de mim, mas sempre que olho para trás vejo somente escuridão.
Volto a olhar meus pés e então me surpreendo em ver que não são mais meus pés humanos e sim minha forma de lobo, um lobo negro com uma mancha branca no peito em formato de cruz. Não estou mais em uma escada, agora é uma longa estrada, não consigo ver seu fim, mas é noite e muito distante há algo brilhante. Continuo me aproximando e concluo que é uma chama, algo está sendo consumido pelas chamas.
"Tharion"
Escuto me chamar. É um sussuro, e ele se repete várias vezes. Continuo a correr. A lua se torna cada vez maior, as chamas se aproximam e há uma pessoa no meio delas. Cada vez mais próximo... escuto gritos. Os gritos estão altos, cada vez mais altos. É ela.
De frente para as chamas observo que a pessoa que grita a plenos pulmões é Elowen, seu corpo está envolto em chamas, chamas negras."
Desperto. Estou suado e ainda ouço os gritos de Elowen. Na verdade, eles parecem reais demais.
Pulo da cama e visto uma calça. Puxo meus cabelos bagunçados para trás e os prendo. Abro as portas do meu quarto, sendo guiado pelos gritos que se tornam cada vez mais alto conforme me aproximo dele. Vejo uma movimentação estranha na entrada do quarto que selecionei para a minha escrava e futura mãe do meu filho.
- O que está acontecendo? - exijo saber, a irritação ameaça tomar o controle.
As servas me encaram preocupadas.
- Não sabemos, majestade. Ela está gritando há quase vinte minutos e não para, não acorda, já tentamos de tudo - fala a mulher idosa desesperada.
Invado o quarto de Elowen e e me deparo com seu corpo quase nu, já que a camisola que usa se embolou acima da barriga com sua movimentação constante. Minha escrava se contorce e grita. Seus olhos estão fechados, sua expressão é de dor e sua pele está banhada de suor.
- Elowen, acorde! - Ordeno, mas de nada adianta. Ela continua a se contorcer e a gritar.
- Não adianta, senhor, já tentamos de tudo - fala outra empregada mais jovem.
Me lembro do sonho. Nele ela estava queimando e gritava desesperadamente.
- Água, traga água, agora.
As servas me olham confusas, mas saem imediatamente em busca do que pedi. Aguardo o retorno delas, enquanto assisto Elowen gritar. Por algum motivo que não identifico, sinto uma grande angústia enquanto a assisto sem poder fazer nada.
As mulheres chegam com duas grandes jarras de água e eu despejo todo o conteúdo de um deles sobre seu corpo e ela cessa os movimentos e gritos, mas continua agitada. Pego a outra jarra e esvazio sobre o corpo dela, deixando-a totalmente molhada, assim como o colchão sobre si. Mas ela se cala, seu corpo se acalma.
- Como sabia que água resolveria? - A serva mais idosa perguntou.
- Não sabia, mas tive um palpite.
Observo Elowen e suas pálpebras se movem e de repente ela se senta na cama, olhando para seu corpo totalmente molhado e depois me encara.
Antes que ela diga algo eu dou uma ordem:
- Saiam todas do quarto.
As servas se apressam em se afastarem e deixarem o cômodo. Ficamos sozinhos novamente.
- Teve um pesadelo - Eu falo com certeza das minhas palavras e ela balança a cabeça em confirmação.
- Sobre o que sonhou? - questiono, mas só obtenho silêncio em resposta. - Quando eu faço uma pergunta, espero receber uma resposta - exijo me aproximando mais dela.
- Não sei explicar - ela sussurra. - Foi um sonho confuso.
- Eu também tive um sonho - revelo e ela me observa em silêncio. - Nunca tive sonhos antes. Você costumava ter esses pesadelos?
Ela balançou a cabeça em negação.
- Levante-se dessa cama, vista-se e vá para o meu quarto.
- Sim senhor - responde submissa, da forma que gosto
- Só desejo descansar tranquilo, sabendo que a mãe do meu filho não ficará doente - afirmo e ela acente.
- Irei em breve, majestade - Ela permaneceu em pé, esperando que eu saia de seu quarto.
Não sei o que ela deseja, mas deixo o seu quarto. Só espero que ela não comece a confundir as coisas. Apesar da noite agradável, de como fui cuidadoso e me preocupei com o seu prazer, Elowen continua sendo minha escrava e cumpre ordens.
Volto para o meu quarto e a aguardo. Minutos depois ela atravessa a porta vestindo uma camisola seca. Aguarda em silêncio minhas ordens. Agora só quero deitar e dormir.
- Deite-se, Elowen.
Ela vem lentamente e se senta no outro lado da cama, se acomoda no colchão macio e se cobre, mas seus olhos permanecem abertos, encarando o teto.
Viro-me de lado no colchão, apoio o cotovelo no colchão e a cabeça em minha mão. Meus olhos vagam por seu corpo.
- Durma, Elowen - murmuro. - Sei que está dolorida, foi a sua primeira vez. Se permanecer acordada, posso desejar um pouco mais do que fizemos esta noite.
Ela fecha os olhos com minhas palavras, mas sei que ainda está acordada.
Não tiro a calça, me acomodo melhor da mesma forma e encaro o teto como ela fazia antes. Nunca compartilhei a cama com nenhuma mulher. Eu as usava e depois iam para seu próprio quarto, por isso eu me viro para todo lado e não consigo dormir.
Me sento sobre a cama e encaro a lua cheia que já não está no centro do céu, ela me convida a correr. Me aproximo da janela e admiro a lua luminosa, peço a ela que me dê a bênção de um filho, que faça um milagre no ventre de Elowen. Olho a mulher na minha cama. Ela está com os olhos fechados, mas provavelmente não dorme ainda.
Poderia acordá-la e tomá-la novamente, quantas vezes quisesse até me cansar e finalmente poder me deitar e dormir, mas não sinto este desejo. Meu desejo é correr, a lua me chama para isso. Deixo a forma de lobo tomar meu corpo e pulo a janela. Começo a correr em direção à floresta.
Tudo passa rápido demais, a lua muda de forma, se torna minguante, nova, crescente e cheia novamente.
Continuo a correr.
Vejo Elowen na minha frente, ela está envolta em uma chama negra azulada e está de costas para mim. A chama escura rodopia ao redor do corpo dela e se destaca em sua pele pálida, mas ela se vira e seus olhos estão brilhando em um azul reluzente e suas mãos pairam em seu ventre. A barriga dela está grande, ela está grávida.
A imagem de Elowen carregando meu primogênito no ventre me agrada, mas ela some. Em seu lugar surge a imagem de uma guerra, lobos negros e lobos cinzas, os dois clãs rivais há séculos. Vejo muito sangue, o castelo caindo, meus olhos se arregalam ao ver que é o meu castelo que está caindo e os lobos cinzas avançando. Mas há algo no meio do castelo destruído e é uma chama negra com estalos azuis reluzentes.
Me sento sobre a cama. Olho para o lado e vejo Elowen dormindo, deitada de lado, e pela janela vejo o sol entrar pelas cortinas. Me olho e estou vestindo a mesma calça preta na qual me deitei.
Tudo foi um sonho.