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O Contrato Cruel do Amor, Seu Arrependimento Infinito
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Capítulo 3

Ponto de Vista: Alessa

O cheiro de alho e alecrim me atingiu no momento em que entrei em casa. Lorenzo estava na cozinha, com um dos meus aventais de babados amarrado sobre seu terno caro, interpretando o papel do marido preocupado e dedicado. A atuação era impecável.

"Alessa, graças a Deus", disse ele, correndo para o meu lado. Ele me mimou, servindo uma taça do meu vinho tinto favorito e me guiando para uma cadeira antes de colocar um prato de arrabbiata picante - minha comida de conforto. "Como você está se sentindo?"

Tomei um gole do vinho, o líquido encorpado tinha gosto de cinzas na minha boca.

"Melhor agora que você está aqui."

Alguns minutos depois, ele se desculpou para ir ver o Marco. Dei a ele trinta segundos de vantagem antes de segui-lo, meus sapatos de sola macia não fazendo barulho na escada de mármore. Parei do lado de fora da porta entreaberta do quarto de Marco, me misturando às sombras que se acumulavam no corredor.

"E aí, campeão. Lição de casa toda feita?" A voz de Lorenzo era casual, sem esforço. Ele mencionou que sua "reunião" havia sido interrompida.

"A 'reunião' foi boa?", perguntou Marco. O desprezo na voz do garoto era inconfundível.

Lorenzo riu - um som baixo e conspiratório que fez meu estômago se contrair.

"Sua mãe teve uma de suas crises. Você sabe como ela fica."

"Ela está bem?", perguntou Marco, a pergunta pouco mais que um pensamento entediado.

"Ela está bem", disse Lorenzo, seu tom displicente. "Só precisa de um pouco de atenção. Como está minha professora particular favorita?"

"A Kátia é legal", disse Marco. "Muito melhor que aquela velha rabugenta, a Sra. Albuquerque, que você contratou no ano passado."

Eu podia praticamente ouvir o orgulho presunçoso na voz de Lorenzo.

"Ela é especial, não é?"

"Mas acho que a mamãe está desconfiando de algo", alertou Marco, seu tom mudando. "Ela estava me fazendo umas perguntas estranhas sobre garotas outro dia. Acho que ela viu as mensagens no iPad."

"Não se preocupe com isso", Lorenzo o tranquilizou. "Deixei ela pensar que eram para você. Uma mulher como sua mãe" - sua voz pingava condescendência - "preferiria acreditar que o filho está em apuros do que encarar a verdade sobre seu casamento perfeito."

"Ela é tão chata", zombou Marco.

As palavras me atingiram como um golpe físico.

"Você deveria simplesmente largá-la e ficar com a Kátia."

Lorenzo fez uma defesa sem entusiasmo.

"Calma, Marco. Ela é uma boa mulher. Uma boa mãe. Ela mantém a casa funcionando." Não havia amor em suas palavras, apenas uma avaliação fria da minha utilidade.

Marco bufou.

"A Kátia seria uma madrasta muito mais legal."

Uma onda de tontura me atingiu. Recuei da porta, minha mão voando para a boca para abafar um soluço. Cheguei ao banheiro principal a tempo, o vinho e o gosto amargo da traição queimando minha garganta enquanto eu vomitava no vaso sanitário.

Lorenzo me encontrou lá momentos depois, ajoelhada no chão frio. Ele estava ao meu lado em um instante, todo preocupação fingida enquanto suas mãos se estendiam para mim.

"Não", eu murmurei, recuando de seu toque. "Não me toque."

Ele congelou, as mãos pairando no ar.

"Alessa? O que foi? O que eu fiz?"

"Preciso ficar sozinha", eu disse, minha voz assustadoramente calma.

Pela primeira vez que me lembro, ele pareceu genuinamente assustado. O controle estava escapando de suas mãos.

"Me desculpe", ele gaguejou. "Seja o que for que eu fiz, me desculpe." Ele começou a divagar, sua voz carregada de desespero. "Não se esqueça que a Gala da Associação de Construtores é na próxima sexta. É a noite mais importante da minha carreira. Eles vão me dar o prêmio de Inovador do Ano. Preciso de você lá. Podemos até fazer um brinde... aos nossos vinte anos."

Deixei uma única lágrima calculada traçar um caminho pelo meu rosto. Olhei para ele, meus olhos arregalados com uma dor cuidadosamente fabricada.

"Claro, Lorenzo. Eu estarei lá."

Um alívio puro e absoluto inundou seu rosto.

"Essa é a minha garota."

Ele se moveu para me abraçar, para selar nossa suposta reconciliação. Levantei uma mão, parando-o no lugar.

"Só... me dê alguns minutos."

Ele assentiu, ansioso demais para respeitar meu estado "frágil". Ele recuou lentamente, fechando a porta suavemente atrás de si.

Olhei para meu reflexo no espelho. A mulher ferida e frágil no reflexo havia desaparecido. Em seu lugar havia outra pessoa, seus olhos tão duros, frios e brilhantes quanto diamantes.

O palco estava montado.

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