Entre o ódio e a Redenção
img img Entre o ódio e a Redenção img Capítulo 4 Quem era ela
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Capítulo 6 Você é gay img
Capítulo 7 Ela é a salvação! img
Capítulo 8 O que você está fazendo aqui img
Capítulo 9 Eu te conheço de algum lugar img
Capítulo 10 Ela tinha o jeito com ele img
Capítulo 11 Ela sabia conquistar Mateo img
Capítulo 12 Ela era a salvadora de Mateo img
Capítulo 13 Não teste a minha paciência img
Capítulo 14 Ela não tinha medo dele img
Capítulo 15 Venha morar conosco img
Capítulo 16 Ele precisa de mim! img
Capítulo 17 Ele estava em casa img
Capítulo 18 Ele é louco! img
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Capítulo 4 Quem era ela

O menino apontava desesperado para a porta, os olhos marejados, o peito subindo e descendo em respirações curtas.

Henrique, o rosto frio como aço, deu um passo à frente.

- Abram a porta.

- S-sim, senhor! - respondeu o dono do bar, a voz trêmula, e se virou para a gerente, o desespero estampado no rosto. - Gerente Ione! O que está esperando? Rápido, onde está a chave?!

A mulher empalideceu.

- A-abrir a porta...? - gaguejou, o corpo inteiro tremendo. O suor frio escorria pela nuca.

Helena!

Ela ainda estava trancada lá dentro, e Tania havia ordenado que ninguém a soltasse até o fim da audição - e agora, o próprio Henrique Ballmer exigia a abertura da porta.

Sem alternativa, a gerente engoliu em seco e, com mãos trêmulas, enfiou a chave na fechadura.

O som metálico ecoou no silêncio como um trovão, e a porta se abriu lentamente. E, no instante seguinte, todos prenderam a respiração.

Uma mulher jazia no chão - inconsciente, o rosto pálido banhado pela luz fria que descia da claraboia.

O contraste entre o branco da pele e a sombra do ambiente fazia dela uma visão quase etérea.

- O que é isso?! - rugiu o dono do bar. - Por que há uma mulher trancada aqui dentro?!

- E-eu... eu não sei! - gaguejou a gerente, pálida. - N-não havia ninguém quando verifiquei antes!

Henrique não respondeu, e apenas olhou. Mas a criança foi mais rápida, e Mateo correu até a mulher e se jogou sobre ela, abraçando-a com força.

- Mateo! - Axel deu um passo, mas parou no meio do caminho, surpreso com a expressão no rosto do sobrinho.

O menininho olhava para Helena com um misto de medo e ternura - um olhar puro, protetor, como se quisesse guardar aquela mulher do mundo inteiro.

Henrique deu um passo à frente.

O olhar dele - afiado, calculista - percorreu a cena com precisão.

A escada caída.

A claraboia aberta - pequena demais para um adulto.

A lâmpada queimada.

E a culpa estampada no rosto da gerente.

Em segundos, ele entendeu tudo.

- Afastem-se. - A voz baixa, firme, cheia de autoridade, era tão fria que ninguém ousou respirar.

Os seguranças recuaram imediatamente.

Henrique se aproximou devagar.

E então, sem hesitar, ajoelhou-se ao lado de Helena.

O tempo pareceu parar.

A luz filtrada pela janela tocava o rosto dela, revelando traços delicados, serenos.

O cabelo negro caía sobre os ombros como seda.

Os lábios, mesmo desbotados, mantinham uma tonalidade suave, quase rosada.

Henrique sentiu o coração dar um salto involuntário.

Um som, uma lembrança, um instinto - algo dentro dele reagiu àquela mulher.

E então, o cheiro.

O mesmo aroma que impregnava as roupas de Mateo. Doce, puro... e cortante.

Um perfume que ele não deveria reconhecer, mas que, de algum modo, o fez perder o fôlego.

Sem dizer nada, passou um braço sob o corpo dela e a ergueu com cuidado, e o peso leve dela contra o peito era perturbador. Mateo o observava, imóvel - mas no olhar do menino havia algo que dizia tudo:

"Se eu fosse maior... eu mesmo a teria carregado."

Henrique manteve o semblante impassível, mas o toque dela queimava contra a sua pele, e a respiração de Helena, fraca e irregular, batia contra seu pescoço. E por um instante, o homem que nunca perdia o controle... vacilou.

Enquanto saíam do depósito, o bar inteiro assistia em silêncio, e ninguém percebeu o olhar que Henrique lançou para a mulher inconsciente - um olhar onde se misturavam curiosidade, fascínio e algo mais profundo... algo que ele ainda não ousava nomear.

Hospital Unimedes, São Paulo.

A luz suave da manhã atravessava as cortinas brancas, banhando o quarto com um brilho pálido e frio, e quando Helena abriu os olhos, por um instante pensou que ainda estivesse sonhando.

Um homem estava sentado à frente da janela - um retrato de poder e silêncio, e as pernas longas e elegantes cruzadas, o terno escuro sob medida moldando ombros largos e cintura impecável.

A camisa branca, abotoada até o colarinho, não tinha um vinco fora do lugar, e parecia feito de mármore.

Até que levantou o olhar. E o mundo de Helena parou.

Olhos profundos como o oceano, mas tão gélidos que pareciam congelar o ar.

Helena estremeceu.

Aquele olhar... era demais.

Invasivo. Cortante. Perigoso.

Desviou o rosto, tentando se recompor, e sussurrou, com a voz ainda fraca:

- C-com licença, senhor... como eu vim parar aqui? O senhor viu um menininho? Uns quatro ou cinco anos... branquinho, quieto, com um olhar meio distraído... e muito fofo?

O homem arqueou uma sobrancelha, como se achasse curioso o tom doce e despretensioso dela.

Depois desviou lentamente o olhar para a direita e respondeu, a voz grave e fria como aço:

- Você quer dizer... Mateo?

Helena seguiu o olhar dele - e o coração disparou, pois ao lado de sua cama, um bercinho hospitalar.

Dentro dele, o pequeno menino dormia profundamente, com um soro preso à mãozinha.

- Sim! É ele! - suspirou, aliviada, o rosto se suavizando. - O nome dele é Mateo, então...

Ela se inclinou, tocando a testa do menino. Estava fria.

A febre havia passado.

Um sorriso leve brotou em seus lábios - frágil e puro. Por um instante, esqueceu o homem que a observava em silêncio, e tudo o que sentia era alívio.

Mas, ao erguer os olhos de novo, sentiu o peso daquela presença. A aura dele parecia preencher o quarto inteiro.

Autoridade. Controle. Distância.

- O senhor é... o responsável por ele? - perguntou, ainda que já soubesse a resposta.

E foi.

- Eu sou o pai dele. - A voz saiu grave, baixa, implacável.

Helena piscou, surpresa.

As palavras ecoaram dentro dela - e antes que pudesse reagir, uma nova voz cortou o ar:

- Você finalmente acordou! - exclamou um homem, sorrindo nervoso. - Eu sou o tio da criança!

Helena levou um susto, recuando levemente.

Mas quando seus olhos focaram o rosto dele... ela arregalou os olhos.

- Axel Ballmer? É você mesmo?

Ele riu, um tanto sem jeito.

Axel Ballmer.

Playboy das revistas, herdeiro das manchetes, dono da World Entretenimento.

Carismático, imprudente, perigoso - o oposto completo do homem sentado à janela.

E se aquele era o tio...

Helena virou o rosto devagar, e o coração bateu mais forte.

Henrique Ballmer.O nome pesou em sua mente como um trovão silencioso, pois o lendário herdeiro do Grupo ProCosan.

Frio. Inacessível. Inabalável. E agora - o homem diante dela.

            
            

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