Entre o ódio e a Redenção
img img Entre o ódio e a Redenção img Capítulo 5 Casa-se comigo
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Capítulo 6 Você é gay img
Capítulo 7 Ela é a salvação! img
Capítulo 8 O que você está fazendo aqui img
Capítulo 9 Eu te conheço de algum lugar img
Capítulo 10 Ela tinha o jeito com ele img
Capítulo 11 Ela sabia conquistar Mateo img
Capítulo 12 Ela era a salvadora de Mateo img
Capítulo 13 Não teste a minha paciência img
Capítulo 14 Ela não tinha medo dele img
Capítulo 15 Venha morar conosco img
Capítulo 16 Ele precisa de mim! img
Capítulo 17 Ele estava em casa img
Capítulo 18 Ele é louco! img
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Capítulo 5 Casa-se comigo

Ele a observava com a mesma atenção de quem analisa uma obra rara... ou um inimigo disfarçado.

Por longos segundos, estudou cada detalhe de seu rosto, o jeito como ela respirava, o modo como desviava o olhar.

E então, finalmente, pareceu chegar a uma conclusão:

Ela não sabia.

Não fazia ideia de quem ele era.

O silêncio entre os dois se esticou - denso, elétrico.

Até que ele falou.

A voz grave, cortante, carregada de algo que ela não conseguiu definir.

- O que você quer?

Helena piscou, confusa.

- O que eu... quero?

O olhar dele não vacilou.

- Mulheres não aparecem desmaiadas com o meu filho nos braços por acaso.

A entonação era fria, mas por baixo dela havia outra coisa...

Uma curiosidade perigosa.

Um interesse que nem ele parecia disposto a admitir.

Helena abriu a boca para responder, mas a garganta falhou.

O coração disparava.

Aquele homem - com seu olhar glacial e presença avassaladora - parecia capaz de enxergar tudo o que ela tentava esconder.

E, pela primeira vez em muito tempo, Helena sentiu medo.

Não do perigo.

Mas de si mesma... e da força com que aquele estranho a fazia sentir.

Antes que pudesse continuar, Axel interveio, animado:

- Meu irmão quer te agradecer por ter salvo o Mateo! Ele pediu que você faça o seu pedido. Qualquer coisa, Helena!

Ela respirou fundo e o encarou.

- Senhor Ballmer, eu não quero nada. - respondeu com serenidade. - Eu salvei o Mateo, sim... mas ele também me salvou.

Henrique arqueou levemente uma sobrancelha.

Helena manteve a voz firme:

- Se ele não tivesse subido pela janela e pedido ajuda, eu ainda estaria presa naquele depósito. Então... - sorriu, gentil, mas decidida - podemos considerar que estamos quites.

O silêncio que se seguiu foi denso, e Henrique a observava, os olhos semicerrados, avaliando cada palavra, cada gesto.

E, pela primeira vez em muito tempo, algo dentro dele se moveu.

Uma emoção antiga. Incômoda. Quase esquecida.

Embora tivesse tido a sorte de salvar o herdeiro dos Ballmer, Helena jamais exigiria recompensa, pois para ela, aquilo era apenas o certo. Mas o leve franzir no rosto de Henrique - aquela expressão de impaciência contida - fez o coração dela disparar.

Por que aquele olhar frio era tão assustador?

Ela havia dito algo errado?

Antes que o silêncio se tornasse insuportável, Axel quebrou a tensão, rindo nervoso:

- Irmão, pelo amor de Deus, não faz essa cara! - Voltou-se para Helena, piscando. - Ele só está tentando te agradecer, mas com essa expressão... parece que vai te processar em vez de recompensar!

Helena piscou, dividida entre rir e chorar.

Axel prosseguiu, gesticulando:

- É sério! Meu irmão não suporta dever nada a ninguém. É mania dele. Então, por mais estranho que pareça, ele realmente quer te recompensar. Faça um pedido. Qualquer um.

Helena suspirou.

- Não é que eu esteja sendo educada - explicou com calma -, eu simplesmente não quero nada. E se vocês não acreditam, podem verificar. Foi tudo exatamente como eu disse.

Henrique não desviou o olhar.

- Não precisa. - Sua voz cortou o ar como uma lâmina.

O tom era baixo, mas carregava autoridade demais para ser questionado.

Axel assentiu, ansioso por aliviar o clima.

- Já verificamos. As câmeras mostram o Mateo entrando no depósito sozinho, e a gerente confessou, foi ela quem te trancou lá dentro. Então relaxa, ninguém suspeita de você.

Mas, já que você salvou meu sobrinho, é justo pedir algo em troca.

Helena respirou fundo.

Parecia impossível escapar daquilo, e o olhar de Henrique - firme, penetrante, predatório - a pressionava sem precisar de uma palavra.

Ele não iria deixá-la sair dali sem uma resposta.

- Então... - ela cedeu, tentando parecer confiante. - Que tal... você me dar dinheiro?

O silêncio que se seguiu era quase palpável.

Podia-se ouvir o tique-taque do relógio da parede.

O rosto de Henrique escureceu.

A linha da mandíbula se contraiu levemente.

Helena engoliu em seco, já arrependida.

- Eu... não quis dizer... - começou, mas Axel a interrompeu, rindo nervoso:

- O que meu irmão quer dizer é que... hum... ele acha que dinheiro é pouco pra te agradecer.

"Pouco?!"

Helena arregalou os olhos. Ela só queria sair dali viva. Mas antes que pudesse recusar, a voz grave e gelada de Henrique se ergueu, límpida, como uma sentença:

- Então... que tal se casar comigo, Srta. Rodrigues?

O ar sumiu do quarto.

Por um segundo, o mundo pareceu parar.

Helena tossiu, engasgando com o próprio ar.

- C-como é que é?! - balbuciou, virando-se desesperada para Axel. - Ele está... falando sério?

Axel passou a mão no rosto, incrédulo.

- Henrique... o que diabos você quer dizer com isso? Tá bem da cabeça?

Helena, pálida, apertou o travesseiro com força.

- Senhor Ballmer... o senhor quer me agradecer com um casamento?!

Henrique inclinou levemente a cabeça, e após alguns segundos, respondeu com aquela naturalidade glacial que fazia a pele arrepiar:

- Sim. Exatamente isso.

O silêncio voltou, pesado, sufocante, e Helena piscou, incapaz de reagir.

Devia estar delirando.

Ou... ele estava.

Helena levou a mão à testa, exausta.

- Senhor Ballmer... acho melhor o senhor chamar o médico. - murmurou, com ironia. - Talvez eu tenha batido a cabeça e esteja tendo... alucinações.

Axel conteve uma risada nervosa, olhando do irmão para ela. Mas Henrique continuava imóvel, e nem um músculo se mexia.

Apenas a observava - com aquele olhar profundo, silencioso e inabalável.

E por um instante, Helena sentiu o coração vacilar.

Não porque acreditasse na proposta absurda...

Mas porque havia algo naquele olhar - algo que a fazia perder o eixo. O ar pareceu mudar, pesado, denso, como se a presença dele tivesse gravidade própria.

Mesmo assim, a lógica tentava gritar dentro dela.

Ela havia salvado uma criança.

Só isso.

E agora o pai do menino queria "retribuir"... com o casamento? O homem mais frio, arrogante e inacessível de São Paulo?

O magnata que as revistas chamavam de o rei poderoso? Aquele que parecia ver o mundo como um tabuleiro e as pessoas como peças?

- Você não é gay, Sr Ballmer? - perguntou Helena, de repente.

O silêncio que se seguiu foi ensurdecedor, e o rosto de Henrique Ballmer escureceu na hora - sombrio, tenso, como o fundo de uma panela de ferro.

Axel, ao lado, arregalou os olhos... e então explodiu em risadas, quase engasgando.

                         

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