A Garçonete É a Verdadeira Rainha da Máfia
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Capítulo 3

Bianca POV

A cozinha geralmente era uma sinfonia de caos controlado.

O ritmo staccato das facas batendo na madeira, panelas selando em explosões de chamas, o chamado e resposta rítmico da linha de produção.

Mas quando Jade Menezes empurrou as portas vaivém, a música parou.

Ela tinha me seguido.

Ela não estava satisfeita com a queimadura.

Ela queria o abate.

Eu estava na pia de preparação, colocando minha mão empolada sob água fria. A pele estava descascando, um vermelho raivoso e úmido.

"Isso é nojento", anunciou Jade, torcendo o nariz para o cheiro rico de alho e demi-glace.

Ela foi direto para o passe, onde pratos de Wagyu estavam sendo montados com pinças.

"Você", ela apontou para um sous-chef. "Coloque isso no meu bife."

Ela tirou um pote de caviar barato de supermercado da bolsa.

A sala ficou em silêncio.

Não era apenas rude; era uma profanação.

Augusto Gordon saiu das sombras da câmara fria.

Ele era uma montanha de homem, braços cobertos de tatuagens que desapareciam sob sua dólmã branca. Ele não parecia um cozinheiro. Parecia uma arma que havia sido aposentada, mas não desativada.

Ele se movia com uma graça silenciosa que gritava perigo.

"Nenhuma comida de fora na cozinha", disse Augusto.

Sua voz era profunda, um trovão que parecia vibrar pelo chão.

"Com licença?", Jade zombou.

"Vigilância sanitária", disse Augusto, sem desviar o olhar. "E respeito pelo ofício. Tire esse lixo do meu passe."

O rosto de Jade ficou roxo. Ela não estava acostumada a ouvir "não".

Ela sacou o celular.

"O Caio vai ficar sabendo disso!", ela gritou.

Ela iniciou uma chamada de vídeo.

Um momento depois, o rosto de Caio preencheu a tela dela.

Ele estava sentado em uma sala de reuniões. Eu podia ver a borda da mesa de mogno. Podia ver os ombros dos homens sentados ao seu redor.

Os investidores.

O Cartel Ápice.

Ele estava em uma Reunião. Um encontro sagrado.

E ele atendeu a chamada dela.

"Jade, meu bem, estou em uma reunião", disse Caio, a voz tensa.

"Eles estão me intimidando, Caio!", ela choramingou, virando a câmera para a equipe da cozinha. "O chef! E aquela garçonete vadia! Eles estão todos contra mim!"

Ela enfiou a câmera na minha cara.

Eu não desviei o olhar. Encarei diretamente a lente. Diretamente os olhos de Caio.

Levantei minha mão.

A pele vermelha e empolada era impossível de ignorar.

"Caio", eu disse.

Ele me viu. Ele viu o ferimento.

Por um segundo, vi um lampejo de reconhecimento. Talvez até preocupação.

Mas então ele olhou para os homens ao seu redor.

Eles o estavam observando. Julgando-o.

Um Don que não conseguia controlar sua mulher? Um Don que deixava sua equipe responder?

Ele entrou em pânico. Ele escolheu o caminho mais fácil. Ele escolheu o caminho do covarde.

"Dê a ela o que ela quer", disse Caio, sua voz metálica pelo alto-falante.

"Caio", eu disse, aproximando-me do telefone. "Ela me queimou."

"Não tenho tempo para isso, Bianca!", ele estalou. "Peça desculpas a ela. Todos vocês. Agora."

A cozinha ficou em silêncio mortal.

Augusto olhou para o telefone, o maxilar tenso.

"Você quer que a gente peça desculpas à mulher que agrediu sua funcionária?", perguntou Augusto.

"Eu dei uma ordem!", Caio gritou. "Façam isso, ou estão todos demitidos. Bianca, fica de joelhos e peça perdão a ela. Mostre o respeito que ela merece."

O ar sumiu da sala.

Ficar de joelhos.

Ele queria que a filha de Davi Salles se ajoelhasse para uma maria-chuteira.

Ele queria que eu me submetesse. Na frente de seus investidores. Na frente de sua equipe. Na frente da mulher que me machucou.

Olhei para a tela.

Olhei para o homem com quem concordei em me casar. O homem que pensei que poderia me ajudar a modernizar as famílias.

Eu não vi um parceiro.

Vi um risco.

O pacto estava quebrado. Não por mim. Mas por ele.

"Você tem certeza dessa ordem, Don Bastos?", perguntei suavemente.

"Faça!", ele rugiu.

Eu assenti lentamente.

"Ok", eu disse.

Estendi minha mão boa.

Jade sorriu, pensando que eu estava estendendo a mão para beijá-la.

Peguei o telefone.

E encerrei a chamada.

A tela ficou preta.

Jade piscou. "O que você pensa que está-"

"Augusto", eu disse, minha voz mudando.

Não era mais a voz de uma garçonete.

Era a voz que meu pai usava logo antes de assinar uma sentença de morte.

"Tranque as portas."

            
            

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