O Caso Dele, a Escolha Fatal do Meu Irmão
img img O Caso Dele, a Escolha Fatal do Meu Irmão img Capítulo 3
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Capítulo 3

Ponto de Vista de Alina Hoffmann:

O mundo ficou embaçado enquanto eu acelerava para fora do estacionamento. Lágrimas escorriam pelo meu rosto, quentes e ofuscantes, tornando quase impossível ver a estrada. Cada soluço sacudia meu corpo, rasgando meu peito. O carro derrapou, mas eu mal percebi. Tudo o que eu podia sentir era a dor lancinante no meu coração, o gosto amargo da traição na minha língua.

Uma buzina frenética ecoou atrás de mim. Caio. Ele estava me seguindo. Seus faróis brilhavam no meu retrovisor, uma presença persistente e aterrorizante. Ele queria me parar. Ele queria me impedir de revelar seu segredo sórdido. Mas eu não o deixaria. Não agora. Não depois de tudo.

Uma determinação fria e dura começou a se cristalizar em meio ao caos da minha dor. Eu não ia deixar isso passar. Eu não ia me encolher de vergonha. Eles me humilharam, mentiram para mim, traíram minha confiança. Eles iriam pagar. E o primeiro passo era expô-los. Derrubar suas mentiras cuidadosamente construídas.

Minha mente, ainda se recuperando do choque, focou em uma pessoa: Heitor. Meu irmão. Ele merecia saber. Ele também era uma vítima, mesmo que estivesse alheio demais para ver. Agarrei o volante, meus nós dos dedos brancos, e pisei mais fundo no acelerador. Eu sabia exatamente onde ele estaria. No clube de golfe, terminando uma partida antes do jantar de ensaio, provavelmente ainda se deliciando com o brilho de seu casamento iminente.

Quando entrei no estacionamento do clube, o carro de Heitor já estava lá. Pisei no freio com força, os pneus cantando, e saltei para fora. Minhas pernas ainda pareciam instáveis, mas a raiva era um combustível potente, me impulsionando para frente.

Eu o encontrei no décimo oitavo green, rindo com alguns amigos, uma imagem de ignorância feliz. Carla, é claro, estava ao seu lado, radiante. Ela me viu primeiro, seu sorriso vacilando, um brilho de pânico em sua expressão geralmente composta. Ela se recuperou rapidamente, no entanto, forçando um sorriso brilhante e inocente.

"Alina! Que surpresa! Pensei que você estivesse se arrumando para o jantar", ela cantou, sua voz um pouco aguda demais.

Heitor se virou, seu rosto radiante. "Alina! Ei! O que há de errado? Você parece... que viu um fantasma." Seu sorriso desapareceu quando ele viu meu rosto manchado de lágrimas, minha aparência desgrenhada.

Abri a boca para falar, para derramar a torrente de verdade que ameaçava me sufocar. Mas antes que eu pudesse pronunciar uma única palavra, meu telefone vibrou. Era um número desconhecido. O telefone de Carla vibrou simultaneamente. Ela olhou para ele, seus olhos se arregalando, depois o dispensou rapidamente.

O rosto de Heitor endureceu. Ele olhou para o próprio telefone, que acabara de acender com uma mensagem. Seus olhos, geralmente quentes e familiares, ficaram frios, perscrutadores. Ele olhou para mim como se eu fosse uma estranha.

"Então, você está tendo um caso com o Caio, é?", sua voz era baixa, perigosamente calma.

Minha respiração engasgou. Como ele sabia? Não podia ser. Não tão rápido. A menos que... a menos que Carla tivesse distorcido a narrativa. A menos que ela tivesse atacado primeiro.

"O quê? Não! Heitor, não é nada disso! O Caio está tendo um caso com a Carla! Eu acabei de encontrá-los no estacionamento! Ela está dormindo com ele há três anos! Ela só te usou!" As palavras saíram, desesperadas e cruas. Eu precisava que ele acreditasse em mim.

Heitor me encarou, seu rosto impassível. "Ah, é mesmo? E você simplesmente os 'encontrou'? Ou você armou isso? Você plantou o vídeo? Porque eu acabei de receber um vídeo, Alina. Um vídeo muito claro, de uma fonte anônima, de você e do Caio. Parecendo muito íntimos. Tinha até um carimbo de data e hora de hoje mais cedo."

Meu coração despencou. Um vídeo? De mim e do Caio? Deve ter sido da manhã, um abraço casual, um beijo inocente, distorcido e manipulado. Carla. Ela estava sempre um passo à frente. Ela me incriminou. Ela teceu a teia de enganos com tanta força, me tornando a vilã, aquela que havia traído o próprio irmão. Ela estava se protegendo. Protegendo Caio. E me destruindo.

Olhei para Heitor, esperando raiva, traição, qualquer coisa menos essa calma arrepiante. Ele estava me olhando com uma curiosidade quase desapegada, como se observasse um espécime interessante. Parecia pior do que raiva. Parecia que ele não se importava o suficiente para ficar com raiva.

"Heitor, isso não é verdade! Ela está mentindo! Ela está te manipulando! Ela está tentando se proteger porque eu os peguei! Ela denunciou primeiro para parecer que eu era a única fazendo algo errado!", eu implorei, minha voz falhando.

Nesse momento, o SUV de Caio cantou pneu no estacionamento, parando perto de nós. Caio saltou para fora, seu rosto pálido e contorcido com uma mistura de medo e raiva. Carla, ao vê-lo, correu para ele, jogando os braços em volta de seu pescoço.

"Caio! Querido, graças a Deus você está aqui! A Alina está dizendo as coisas mais horríveis! Ela está me acusando de dormir com você! Ela está tentando estragar tudo!", Carla chorou, sua voz trêmula, seu rosto enterrado em seu peito. Uma imagem perfeita de uma noiva angustiada, pega em uma fabricação sem fundamento.

Caio a segurou com força, seus olhos encontrando os meus, um apelo silencioso para que eu ficasse quieta, para simplesmente deixar passar. Mas eu não podia. Não mais.

"Ela está mentindo, Heitor! Você não vê? Eles estão juntos! Eles estão juntos há anos! Caio, diga a ele! Diga a ele a verdade!", eu gritei, minha voz rouca.

Caio se afastou de Carla, dando um passo à frente, sua expressão endurecendo. "Alina, o que você está fazendo? Você está histérica. Você está piorando as coisas." Ele se virou para Heitor, sua voz calma, medida. "Heitor, eu não sei do que a Alina está falando. Ela obviamente está chateada. Tivemos uma... discussão mais cedo, e agora ela está atacando. Eu juro, não há nada acontecendo entre a Carla e eu." Seus olhos estavam arregalados de inocência fingida, uma performance digna de um Oscar.

Meu queixo caiu. Ele estava negando. Na minha cara. Na cara de Heitor. Ele a estava escolhendo. E ele estava me pintando como a ex-namorada louca, a irmã instável.

Carla, vendo sua deixa, deu um passo à frente, enxugando uma lágrima do olho. "Alina, eu sei que você está magoada. Eu sei que você e o Caio terminaram recentemente. Mas, por favor, não arraste o Heitor para isso. Ele não merece isso. Eu o amo, Alina. Eu nunca o trairia assim." Sua voz era suave, tingida com a tristeza de uma vítima, uma aula de manipulação.

O olhar de Heitor suavizou ao olhar para Carla. Ele colocou um braço em volta dela, puxando-a para perto. Ele olhou para mim, seus olhos cheios não de raiva, mas de algo muito pior: pena e nojo.

"Sabe, Alina, eu sempre soube que você era ciumenta. Sempre tentando me superar. Mas isso? Isso é um novo nível, mesmo para você." Sua voz estava tingida de uma decepção arrepiante. "Acusar minha noiva de tal coisa, só porque você não pode ter o Caio. É patético."

Meus olhos se arregalaram em descrença. Ele acreditou neles. Ele acreditou nas lágrimas de crocodilo de Carla, nas mentiras ensaiadas de Caio, em vez de sua própria irmã. A irmã que sempre esteve ao seu lado, que sempre o amou incondicionalmente.

"Heitor, eu juro por você, estou dizendo a verdade!", eu chorei, o desespero arranhando minha garganta.

Sua mão se moveu, um golpe agudo e ardente em minha bochecha que fez minha cabeça virar para trás. Meus ouvidos zumbiram. O mundo girou. O gosto de sangue encheu minha boca.

O silêncio caiu, denso e sufocante. Minha mão voou para minha bochecha latejante. A dor crua não era nada comparada ao choque, à total incredulidade de que meu irmão, meu próprio sangue, acabara de me bater.

"Não se atreva a acusar minha futura esposa novamente, Alina", Heitor rosnou, seus olhos brilhando com uma fúria fria que eu nunca tinha visto dirigida a mim. "Fique longe da Carla. Fique longe do Caio. E fique longe deste casamento. Se você tentar estragar isso, eu juro, vou fazer você se arrepender pelo resto da sua vida."

Eu o encarei, meu irmão, o homem que eu amei e defendi minha vida inteira. Ele me olhou com puro ódio. E então, algo se quebrou dentro de mim. A dor, a traição, a humilhação, tudo se fundiu em uma raiva fria e dura.

Antes que eu pudesse processar o que estava acontecendo, Caio avançou, agarrando Heitor pelo colarinho. "Nunca mais encoste um dedo nela!", Caio rugiu, seu rosto contorcido com uma fúria que espelhava a de Heitor.

Heitor o empurrou para trás. "Ela merece! Ela é uma vadia mentirosa e ciumenta!"

"Ela não é! Você é que é cego! Você está sendo enganado!", Caio gritou, socando Heitor diretamente no queixo.

Heitor cambaleou para trás, segurando o rosto, seus olhos arregalados de choque. Então, com um rugido, ele se lançou sobre Caio. Eles caíram no chão, um emaranhado de membros e golpes furiosos, rolando na grama bem cuidada do campo de golfe. Carla gritou, correndo para frente, tentando separá-los, mas eles estavam além da razão.

Meus pais, que acabavam de chegar, correram para o green, seus rostos uma mistura de horror e confusão. Meu pai puxou Heitor de cima de Caio, enquanto minha mãe correu para o meu lado, seus olhos arregalados de choque.

"Parem com isso! Vocês dois! O que está acontecendo?", meu pai berrou, sua voz cheia de autoridade.

Heitor, ainda fervendo, relutantemente se afastou. Ele olhou para mim, seus olhos ainda queimando de ressentimento. "Ela está tentando arruinar meu casamento, pai! Ela está inventando mentiras sobre a Carla e o Caio!"

Caio, machucado e sangrando, levantou-se, sua mandíbula cerrada. Ele olhou para mim, um brilho de remorso em seus olhos. "Me desculpe, Alina", ele murmurou, sua voz quase inaudível. O pedido de desculpas era oco, sem sentido. Não mudava nada. Não apagava o tapa do meu irmão. Não apagava os anos de mentiras.

            
            

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