Capítulo 4 : Distúrbio do Sono

O Reitor ficou boquiaberto diante das palavras de Everleigh.

Os olhos de Raelynn faiscavam de raiva. "O que você disse?" ela gritou atrás de Everleigh. "Diga de novo!" A ameaça era evidente em sua voz.

No entanto, Everleigh simplesmente a ignorou. Ela se virou e saiu andando, sem se incomodar em olhar para Raelynn.

Everleigh não queria ter nada a ver com ela.

"Qual é o problema dela? Você perdeu o juízo? Quer perder o emprego?" Raelynn rosnou entre dentes cerrados.

"Não, não, Senhora Harris. Por favor, não fique zangada. A Dra. Lewis pode ter nos entendido mal. Por favor, me dê um momento. Vou explicar tudo a ela e garantir que ela trate o Senhor Harris amanhã. Não se preocupe com isso."

O Reitor ficou ansioso. Depois de consolar Raelynn, ele correu para alcançar Everleigh.

A menção do nome familiar, Harris, enfureceu Everleigh. Ela não podia acreditar que o destino traria de volta pessoas que nunca mais queria encontrar na vida. Ela não queria tratá-lo.

Fazia cinco anos que ela os havia deixado, mas todos estavam vivos. Todos mereciam ir para o inferno depois do que fizeram com ela.

Everleigh acelerou o passo.

No entanto, ela não percebeu que estava tremendo por completo enquanto caminhava. Ela apertou os punhos até os nós dos dedos ficarem brancos. Everleigh entrou em seu carro, bateu a porta, apoiou-se no volante e fechou os olhos.

Fazia cinco anos, mas ver Raelynn trouxe de volta as memórias de seu amargo passado.

Everleigh pensou que havia esquecido toda sua vida anterior, mas a chegada de Raelynn a lembrou que a cicatriz permaneceria por toda a vida. A raiva fervia em suas veias. Ela quase quis agredir a mulher.

Everleigh não podia acreditar que eles viriam até ela para tratar Weldon. Ele era um monstro que não hesitaria em matar seus próprios filhos. Ela preferiria salvar um cachorro a tratá-lo.

Demorou um tempo para Everleigh se acalmar. Finalmente, ela dirigiu de volta para casa.

Quando chegou em casa, seus filhos já estavam dormindo.

Samuel era uma criança atenciosa. Ele não apenas fez com que sua irmã terminasse o jantar, mas também deu banho nela. Everleigh entrou no quarto das crianças e viu Samuel segurando sua irmã nos braços, colocando-a para dormir.

"Mamãe, você voltou!" ele murmurou em seu sono.

"Sim, eu voltei! Vá dormir, querido." Ela sorriu e beijou a testa do filho.

Samuel se virou e voltou a dormir.

Everleigh não pôde deixar de sorrir ao ver como eles eram adoráveis. Ela os cobriu, viu seus rostos pacíficos dormindo e voltou para o escritório.

"Freya, você está acordada?"

"Sim, o que houve? Está tudo bem?"

"Pode me fazer um favor? Vá ao hospital amanhã de manhã..."

Everleigh falou com sua amiga enquanto reservava três passagens para o Japão online.

-- No último andar do Hotel Hill no centro da cidade, Weldon encarava a mulher chorando diante dele.

Ele estava sentado no sofá, com as pernas cruzadas. A gola de sua camisa branca estava impecavelmente passada. Ele usava uma gravata preta complementar com linhas escuras. Tinha uma aparência nobre e elegante.

Weldon estava mais bonito e majestoso agora.

Nesse momento, seu assistente especial, Wesley Davis, também se juntou à conversa. Vendo Raelynn chorar, ele perguntou: "Senhorita Griffiths, está dizendo que o Hospital Klyre não providenciou um médico para nós? Então não é tão prestigiado quanto afirmam?" Significativamente, ele a chamou de "Senhorita Griffiths" em vez de "Senhora Harris".

"As pessoas lá têm uma atitude tão ruim. Ela é apenas uma médica. Eu só fiz algumas perguntas, mas ela gritou comigo. Disse que nunca planejou tratar Weldon."

Raelynn distorceu a verdade para ganhar mais simpatia.

O rosto de Weldon escureceu ao ouvir isso.

"Quem é ela?"

"Nancy! Ouvi o Reitor chamá-la de Nancy. Ele disse que ela era a única médica no hospital com habilidades de tratamento tradicional."

Raelynn não podia esperar para divulgar o nome da médica. Ela parecia maldosa, como se estivesse desesperada para arrastar Everleigh até Weldon e fazê-la pagar o preço por ser rude com ela.

Uma ruga surgiu na testa de Weldon.

Ele sofria de um grave distúrbio do sono.

Weldon tomava pílulas para dormir há vários anos. Ele não conseguia dormir sem elas. Mas os medicamentos não eram bons para ele. Tinham muitos efeitos colaterais. Ele se tornava mais irritável e tinha dor de cabeça lancinante. Sua raiva chegava a um ponto em que às vezes queria matar alguém.

Essa era a razão de sua visita.

Weldon estava desesperado por tratamento, mas a médica recusou-se a tratá-lo.

Seu maxilar se apertou, e seus olhos vermelhos brilhavam de raiva.

"Wesley, quero que descubra sobre essa mulher."

"Ok, senhor!"

"E peça a Terry Watson para vir me encontrar agora!"

Terry Watson era o Reitor do Hospital Klyre.

Wesley estremeceu e foi fazer o trabalho imediatamente.

O rosto de Raelynn se abriu em um sorriso triunfante ao ver isso.

Ela não podia acreditar que uma médica ousasse ser presunçosa perto dela.

Everleigh se revirou na cama a noite toda, sentindo um aperto no coração.

No entanto, embora mal tenha dormido a noite toda, ela não percebeu que a tela do seu telefone acendia frequentemente. Na manhã seguinte, ela acordou ao som estridente do alarme. Everleigh viu sete chamadas perdidas quando desligou o alarme.

Logo, todos os vestígios de sono desapareceram de seu rosto.