Capítulo 4 Você pode me carregar em seus braços

O dia seguinte era domingo.

Sharon levou seus dois filhos ao Hospital Poustea para visitar sua mãe.

Depois de pagar a tarifa do táxi, ela segurou as mãos das crianças e ajudou-as a sair do carro.

De repente, avistou um carro familiar e chamativo se aproximando do hospital.

Era um Rolls-Royce Phantom preto, um carro de luxo-e parecia exatamente como o que estava estacionado na garagem da Família Fuller. Sharon olhou para a placa, que confirmou seu palpite.

Seu coração disparou.

Antes que pudesse reagir, o carro parou na frente do portão do hospital. O motorista saiu prontamente e correu para o banco de trás, abrindo a porta com respeito para seu passageiro.

Então, um par de sapatos de couro reluzente pisou na calçada, seguido por um homem alto e imponente em um terno casual preto.

Claro, o homem não era outro senão Tristan.

Mas ele estava usando uma máscara que encobria todo o rosto, exceto por um par de olhos afiados. Isso, junto com sua postura séria e fria, o fazia parecer nada acessível.

Ele tinha cerca de um metro e oitenta, destacando-se facilmente na multidão.

Quando Sharon o viu ali, os eventos da noite anterior passaram pela sua mente. Ela sentiu uma onda de calor subir para o topo da cabeça enquanto olhava para seu ex-marido à distância. Tristan pareceu ter sentido seu olhar intenso, pois ele lentamente virou a cabeça e olhou em sua direção.

"Maldição!" Sharon amaldiçoou em voz baixa.

As duas crianças ainda estavam com ela. Ela não podia deixar Tristan vê-las, de jeito nenhum!

Por puro instinto, Sharon puxou as duas crianças e se escondeu atrás de uma coluna de pedra ao lado do portão do hospital.

"Mamãe-"

"Shh! Fiquem quietos por enquanto."

Só quando Sharon estava ordenando seu filho, ela percebeu algo.

Durante todo o seu casamento com Tristan, este último esteve em estado de coma. Quando ele acordou e se divorciou dela, ele nunca sequer se preocupou em encontrá-la. Na noite anterior, a sala de espera estava tão mal iluminada que ele não conseguiu ver nada claramente, e além disso, ele não estava em seu estado normal e provavelmente não se lembrava de nada.

Em outras palavras, Tristan não fazia ideia de como ela era.

Nesse caso, por que ela deveria se esconder?

Esconder-se apenas despertaria suspeitas.

Ela baixou a cabeça para olhar para as duas crianças.

Claro, Nolan e Luís estavam olhando para ela com desconfiança.

Sharon forçou um sorriso e riu nervosamente. "Oh, não é nada. Eu só vi um conhecido."

Com as sobrancelhas franzidas, Luís perguntou, "Então você não deveria dizer olá? Por que está se escondendo, mamãe?"

"Bem... Ele e eu nunca nos demos bem," Sharon explicou hesitante.

Nolan estreitou seus olhos afiados para ela. "Mesmo?"

Sharon ficou sem palavras.

Por que as crianças eram tão difíceis de enganar hoje em dia?

Evitando os olhares penetrantes dos pequenos, Sharon fingiu estar calma e disse em um tom firme, "Sim, realmente."

"Se você diz, mamãe." Nolan não perguntou mais sobre isso. "Podemos entrar agora?"

Antes de responder, Sharon discretamente espiou atrás da coluna de pedra e olhou ao redor. Vendo que Tristan não estava mais lá, ela suspirou aliviada e disse, "Ok, vocês podem sair agora."

Os dois meninos saíram de trás da coluna de pedra.

"Mamãe, ainda vamos visitar a vovó?"

Sharon mordeu o lábio.

Ela não pôde evitar estremecer.

Embora Tristan talvez não soubesse como ela era, os outros membros da Família Fuller sabiam. E se eles também estivessem aqui?

Nolan e Luís eram a sua cara.

Se eles a vissem com os dois meninos pequenos, a Família Fuller imediatamente juntaria as peças.

Então eles definitivamente levariam as crianças dela.

Mas...

Quando Sharon encontrou os olhos afiados de Nolan, ela hesitou. Ela tinha certeza de que se virassem e fossem embora agora, Nolan ficaria extremamente desconfiado.

"Mamãe?" Luís acenou com a mão para a distraída Sharon.

"Oh, uh, sim! Claro que ainda vamos ver a vovó hoje. Eu fiz uma promessa, não fiz?" Sharon forçou um sorriso.

"Ok!" Luís aplaudiu feliz.

Nolan, por outro lado, colocou as mãos nos bolsos e disse com tranquilidade, "Vamos lá."

Vendo o pequeno liderar o caminho, Sharon ficou sem palavras.

Ela suspirou sem escolha e teve que segui-lo com Luís.

Embora ainda estivesse cautelosa, ela tentou se tranquilizar silenciosamente. Tristan provavelmente estava ali para alguns exames de acompanhamento.

Ela e os dois meninos, por outro lado, estavam indo para o departamento de internação. Como Tristan provavelmente estava indo para o departamento de consultas, ela duvidava que se cruzassem no grande hospital.

Ainda assim, Sharon permaneceu vigilante o tempo todo, preocupada em cruzar caminhos com a Família Fuller. Felizmente, não houve mais incidentes, e a família de três chegou ao décimo segundo andar do departamento de internação sem problemas.

Cinco minutos depois, em uma enfermaria, os três estavam ao lado da cama de Nicola Howe.

A cuidadora que Sharon contratou, Khloé Wheeler, estava tentando com dificuldade virar Nicola para limpar seu corpo. Vendo isso, Sharon foi ajudar.

"Khloé, minha mãe está melhorando?"

Khloé balançou a cabeça e disse sombriamente, "Receio que nada tenha mudado. Ela continua a mesma."

Sharon não sabia o que dizer.

Enquanto olhava para sua mãe deitada na cama, cercada por inúmeros instrumentos médicos e com os olhos fechados, sentiu um nó na garganta. Ela chamou os dois pequenos, dizendo, "Nol, Lou, venham aqui. Conheçam sua avó."

Como Tristan, Nicola também estava em coma por causa de um acidente de carro.

Parte da razão pela qual Santino a escolheu para ser a esposa de Tristan foi porque ela tinha muita experiência cuidando de alguém em estado de coma.

Mas Nicola não teve a mesma sorte que Tristan; ela estava inconsciente há cinco anos inteiros agora, e não havia sinal de que despertaria.

Sentando-se na borda da cama, Sharon massageou habilmente os membros de Nicola.

"Oi, vovó. Eu sou Lou, seu neto!" Encostado na borda da cama, Luís imitou Sharon e tentou massagear Nicola, embora seus movimentos fossem desajeitados. Ele disse em um tom fofo, "Vovó, você é uma pessoa grande. As pessoas grandes não podem dormir até tarde. Você tem que acordar logo!"

Nolan caminhou até lá e disse com firmeza, "Vovó vai acordar logo, tenho certeza disso!"

"Sim."

Sharon também tinha esperança de que Nicola acordaria algum dia.

Especialmente desde que Tristan conseguiu acordar do coma, ela estava mais confiante de que Nicola poderia também.

Depois de passar um tempo na enfermaria, os dois meninos trocaram olhares significativos. No segundo seguinte, Luís esfregou o estômago e anunciou, "Mamãe, estou com sede."

"Ok, vou pegar água para você."

"Não, obrigado. Você pode conversar com a vovó. Nol pode vir comigo. Eu vi um bebedouro na estação de enfermagem. Voltaremos logo!" Luís disse confiante.

Antes que Sharon pudesse protestar, os dois correram de mãos dadas.

A estação de enfermagem estava logo ao lado, mas... O hospital ainda era um lugar público cheio de estranhos. Preocupada com a segurança dos seus meninos, ela pediu a Khloé para ir verificar, já que estava ocupada dando massagem em Nicola.

No entanto, quando Khloé chegou à estação de enfermagem, as duas crianças não estavam lá.

Enquanto isso, no departamento de consultas.

Após receber uma vacina contra raiva, Tristan saiu com uma receita médica para um pouco de pomada.

Quando virou a esquina, um garotinho correu direto para ele. Tristan reagiu rapidamente e segurou o garoto. "Preste atenção por onde anda," disse ele sem expressão.

"Desculpe, senhor..." Nolan ficou um pouco desapontado por não ter conseguido derrubar Tristan, mas ainda tinha outros planos.

Vendo que Tristan estava prestes a se afastar, Nolan agarrou sua mão apressadamente. Franzindo o rosto, fingiu uma expressão triste e olhou para Tristan, choramingando, "Senhor, estou procurando minha mãe..."

Quando seus olhos se encontraram, Tristan ficou ligeiramente surpreso.

O pequeno à sua frente era bastante bonito. Pele impecável, um nariz fofo e olhos que brilhavam como estrelas. Seu cabelo curto caía suavemente, cobrindo sua testa lisa. Ele simplesmente tinha essa aura pura e adorável que era simplesmente irresistível.

Talvez por ser agora pai, Tristan descobriu que não odiava mais crianças.

Ele se abaixou na frente de Nolan e perguntou gentilmente, "Onde está sua mãe?"

"Eu... Eu não sei... Estou perdido! Buá... Buá..."

"Vou ajudar você a encontrá-la," Tristan disse, levantando-se e segurando sua mão.

"Para onde estamos indo?"

"Para a estação de enfermagem."

"Não!" Nolan gritou ansiosamente. Limpando a garganta, ele retomou sua atuação e explicou, chorando, "Estou com medo, senhor. Minha mãe disse que sequestradores tentariam pegar uma criança bonita. E se essas enfermeiras acharem que sou fofo e me levarem para casa? Senhor, não pode me ajudar a encontrar minha mãe?"

"Você não está preocupado que eu possa ser um sequestrador?"

O garotinho enxugou as lágrimas e disse docemente, "Não, você parece um cavalheiro gentil e compassivo!"

Ele? Um "cavalheiro gentil e compassivo"?

O garoto provavelmente tinha problemas de visão.

Não conseguia ver as marcas de dentes em seu rosto?

"Está bem. Vamos lá." Enquanto Tristan falava, ele começou a se virar.

Naquele momento, sentiu uma mãozinha puxando sua perna da calça.

Tristan abaixou a cabeça e encontrou os olhos lacrimejantes e doces da criança. Seu coração de pedra amoleceu por algum motivo e ele perguntou em um tom incomumente gentil, "O que houve?"

O garotinho estendeu as mãos, os lábios tremendo como se estivesse prestes a chorar novamente. "Você pode me pegar no colo?"