Capítulo 4 Linsey, você mudou muito

Joanna soltou um grito agudo, o choque do tapa a deixou paralisada por um instante.

Apertando sua bochecha ardente, ela encarou Linsey, com os olhos arregalados de incredulidade. "Linsey, como se atreve a me bater?" ela cuspiu, com a voz trêmula de fúria.

Os lábios de Linsey se curvaram num sorriso frio e zombeteiro, e seus olhos estavam tão gélidos quanto suas palavras. "Por que eu não ousaria? Você que pediu por isso. Você queria se desculpar, não queria? Mas um tapa só não satisfaz minha raiva. Talvez um segundo resolva."

Dizendo isso, ela ergueu a mão novamente, mantendo seu olhar fixo no rosto de Joanna.

Ainda se recuperando do choque, Felix finalmente se deu conta do que estava acontecendo. Com um grito furioso, ele avançou e empurrou Linsey para o lado. "Já chega! Linsey, não vá longe demais!"

Enquanto a envolvia em um abraço protetor, sua voz se suavizou de preocupação enquanto murmurava para ela, tentando acalmá-la.

Linsey cambaleou para trás, recuperando o equilíbrio com facilidade, com o rosto indiferente.

Ela olhou para os dois com um olhar distante, quase clínico, e sua voz estava carregada de sarcasmo. "Isso é ir longe demais? A própria Joanna disse que queria se desculpar. Felix, você é surdo? Se ela realmente queria se desculpar, deveria ficar quieta e me deixar desabafar. Tudo o que fiz foi dar um tapa nela. Como isso é ir longe demais? O que fiz com ela não é nada comparado ao que vocês dois fizeram comigo."

Seu olhar se tornou amargo enquanto ela continuava: "Vocês dois não passam de trapaceiros desprezíveis. E um dia, quando a verdade vier à tona, quem acreditará em uma palavra que vocês disserem?"

Felix ficou paralisado, atordoado com a enxurrada de acusações. Ele abriu a boca, mas nenhuma palavra de defesa lhe veio à mente.

Ele segurou Joanna perto de si, com o braço a envolvendo protetoramente enquanto seus olhos se estreitavam para Linsey com uma frustração crescente. Após um longo e tenso silêncio, ele finalmente falou, sua voz marcada pela irritação. "Mesmo que Joanna quisesse se desculpar, você não deveria ter batido nela. Um pedido de desculpas é só isso, um pedido de desculpas. Não se resolve as coisas com violência. Você está agindo como um animal selvagem!"

Linsey inclinou a cabeça ligeiramente, seus lábios se curvando num sorriso frio. Ela flexionou o pulso com indiferença, seu gesto afiado e deliberado. "Vou considerar isso um elogio," respondeu ela friamente, seus olhos fixos nos dele. "Já que você tem uma opinião tão elevada sobre mim, devo dar mais alguns tapas nela para fazer jus a um elogio tão caloroso?"

A boca de Felix se abriu, com seu choque evidente enquanto ele a encarava, totalmente despreparado para a resposta sarcástica dela.

Por um momento, ele se perguntou se a mulher diante dele era mesmo a Linsey que ele conhecia.

Joanna, igualmente atordoada, olhava para Linsey com descrença, sua mente lutando para processar a situação. Ela já havia provocado Linsey inúmeras vezes, mas isso... isso era diferente. Linsey nunca havia reagido assim. Será que ela estava finalmente perdendo o controle?

A tensão no quarto aumentou e, de repente, os pensamentos de Joanna se desviaram, seu instinto lhe dizendo que algo não estava certo.

Será que Linsey estava fazendo isso de propósito para chamar a atenção de Felix?

Ela lançou um olhar rápido e ansioso para Felix, apenas para encontrá-lo completamente absorto em Linsey, seu olhar fixo nela com uma intensidade que lhe provocou uma pontada de ciúme.

Ela havia se esforçado muito para tirá-lo de Linsey, então não permitiria que Linsey o reconquistasse.

O pânico inundou o peito de Joanna, e ela apertou o braço de Felix, o puxando para perto de si. Com uma doçura calculada, ela disse: "Felix, não diga isso. Linsey provavelmente só está chateada. Eu não me importo. Contanto que ela pare de ficar com raiva de nós, por mim tudo bem."

O coração de Felix se encheu de compaixão por Joanna, e as palavras dela só intensificaram sua irritação com Linsey.

"Linsey, você mudou muito," disse ele, sua voz marcada pela decepção. "A Linsey que eu conhecia nunca agiria assim. Se você insistir em se comportar dessa forma..."

Linsey o interrompeu antes que ele pudesse terminar, sua voz incisiva e mordaz. "Claro que mudei. Eu devia estar fora de mim antes, aguentando você. Mas não mais. Eu finalmente caí na real. Só um idiota continuaria se humilhando como eu fiz. Felix, deixe-me deixar isso claro como cristal: estamos terminados. Completamente terminados!"

Sem dizer mais nada, Linsey pegou sua mala e se virou, seu rosto como uma pedra.

Felix ficou paralisado, a decisão nas palavras dela o atingindo como um soco no estômago. Ele nunca a vira assim antes.

Enquanto ela saía do quarto, arrastando sua mala atrás de si, uma sensação avassaladora de pânico tomou conta do peito dele, o sufocando com sua intensidade.

Por razões que ele não conseguia entender, um sentimento pesado de perda iminente o dominava, como se a parte mais importante da sua vida estivesse escapando por entre seus dedos.

"Linsey!" ele gritou, sua voz desesperada, se movendo instintivamente como se fosse atrás dela.

Os olhos de Joanna se arregalaram em choque. Ela não esperava que Felix reagisse assim. Sem pensar, ela colocou a mão sobre a bochecha, soltando um soluço suave e melodramático. "Felix, meu rosto... está doendo tanto. Você acha que está sangrando?"

Felix congelou, seu coração se apertando ao ouvir o sofrimento dela. Relutantemente, ele se virou para ela.

A bochecha de Joanna estava marcada com leves listras vermelhas, com a marca da mão visível sob sua pele, e o peito de Felix doeu ao ver isso.

"Joanna, não chore," ele murmurou, sua voz cheia de preocupação. "Vou te levar ao hospital. Vamos comprar uma pomada, vai ficar tudo bem."

Joanna fungou alto, suas lágrimas quase teatrais. Ela hesitou por um momento, antes que sua voz se suavizasse, marcada por uma preocupação fingida. "Felix, a Linsey está mesmo indo embora... talvez você devesse ir atrás dela em vez de se preocupar comigo. Eu vou ficar bem."

Felix mordeu o lábio, sua expressão dividida. "Linsey passou dos limites dessa vez. Não vou mais tolerá-la. Deixe-a remoendo isso um pouco, que logo voltará rastejando. Quando ela voltar, vou fazê-la se desculpar com você."

O coração de Joanna se encheu de satisfação, e ela se aconchegou nos braços de Felix, sua voz cheia de doçura. "Felix, você é tão bom para mim."

Seu plano estava funcionando perfeitamente.

A presunção borbulhava dentro dela enquanto se sentia no controle. Linsey não passava de uma tola, achando que poderia reconquistar Felix.

Mas, enquanto Felix a abraçava, o calor do afeto dela não fez nada para acalmar o desconforto que o atormentava. Um estranho mal-estar o invadia.

Por que ele estava tão inquieto?

Ele tentou reprimir essa inquietação, sorrindo para Joanna com uma paciência forçada. Mas, por mais que ele tentasse, seu olhar continuava se desviando para a direção em que Linsey havia ido.

Linsey não tinha para onde ir. Ela voltaria mais cedo ou mais tarde. Ele tinha certeza disso.